Capítulo Quarenta e Oito

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          Belinda suspirou, as últimas noites foram verdadeiras lutas, mal conseguia dormir e o resultado das noites insones começavam a ficar evidentes em seu rosto, a pele inacreditavelmente estava mais pálida e destacava as olheiras escuras.
         Lestrange se arrumou e saiu do quarto, mal falara com os amigos desde que tudo acontecera, todos a olhavam inseguros e isso a irritava, a fazendo passar a maior parte do tempo na Torre de Astronomia com Draco, andara ignorando mesmo as colegas de quarto e Ty, não queria conversar, só precisava de tempo. Ao chegar ao Salão Comunal, viu Harry com Hermione e Rony, sentados no sofá em frente à lareira, fora o Trio de Ouro, não havia mais ninguém ali.
         Lestrange respirou fundo e caminhou até eles, quando encarou Harry, se viu refletida nos olhos verdes e reprimiu um suspiro, adiara aquela conversa, mas precisava saber, já estava calma e controlada para ter uma conversa decente, assim como ele parecia bem o suficiente para lhe contar o que ela desejava saber.
-Oi Harry. —Cumprimentou e sentou em um sofá ali perto. —Como você tá se sentindo? —Ele deu de ombros.
-Acho que não muito bem. —Ela assentiu.
-Ficará. —Disse antes que ele tivesse a oportunidade de perguntar sobre ela.
-Eu não merecia o prêmio. —Sussurrou o rapaz e ela o encarou confusa por um momento.
-Do que você tá falando?
-Cedrico chegou a taça antes de mim.
         Belinda sentiu o estômago revirar e suspirou, mas manteve o olhar de Harry.
-Você mereceu, Potter.
-Mas ele...
-Sim. —Cortou, mordendo o lábio inferior e olhando para a janela. —Você poderia me dizer como aconteceu? —Sua voz saiu pouca coisa mais alta que um sussurro e Harry assentiu.
-A taça nos transportou para um cemitério... —Iniciou meio inseguro, como se esperasse que ela fosse interromper. —Quando chegamos fomos atacados por Voldemort.
        Belinda sentiu calafrios passarem por seu corpo e fixou os olhos mais atentamente em Harry, ouvindo toda sua explicação de como um Comensal da Morte tomara o lugar de um dos mais brilhantes Aurores e se passou o ano inteiro por professor de Defesa Contra as Artes das Trevas, de como o mesmo matara Sr. Crouch e aprisionara o verdadeiro Olho-Tonto Moody, de como Voldemort matara Cedrico, prendera Harry e voltara a seus dias de glória.
-Mas o ministro não quer acreditar, diz que é invenção do Harry. —Hermione falou recentida. —E acha que Dumbledore está louco por acreditar.
-Louco é ele por não fazer nada a respeito. —Rebateu a menina de modo furioso. —Você identificou algum Comensal? —Voltou a encarar Harry, que assentiu lentamente.
-Mas não acho que você vá querer saber.
        Belinda ergueu uma sobrancelha e Hermione percebeu que ela estava no controle de suas emoções novamente, como não estivera nos últimos dias.
-Goyle, Crabbe e Malfoy estavam lá no cemitério. —Hermione disse e Belinda ficou em completo silêncio.
        Malfoy. O nome ecoava em sua mente como uma música desagradável que se repetia somente porque ela não gostava.
-Malfoy? —Repetiu e viu Harry assentir.
-Lucius Malfoy estava lá, eu vi.
         Belinda se colocou de pé lentamente e começou a caminhar em frente a lareira, de um lado para o outro, como se tentasse clarear a mente, Rony ia dizer algo, mas Hermione o calou com um olhar gélido, todos dando tempo para que ela conseguisse assimilar a notícia. A menina parou em frente à lareira e ficou olhando o fogo crepitar.
-Eu sempre achei, apesar de tudo, que ele não cometeria o mesmo erro duas vezes. —Disse para os amigos. —Esperava muita coisa de Lucius, Merlin sabe disso, mas não que ele voltasse a seguir Voldemort.
-O cara é doido e um seguidor...
-Ronald, seu insensível! —Hermione repreendeu.
-Eu não falei mentira nenhuma. —O ruivo se defendeu.
-A Belinda foi e ainda é criada pelos Malfoy, seu idiota. —A castanha soltou.
-Tudo bem, Hermione. —Disse a menina, ainda encarando o fogo. —Acho que só eu não via que Lucius ainda era um Comensal da Morte.
-Belinda.
        Lestrange já conversara sobre isso com a castanha, sabia que embora Lucius tivesse conseguido ser inocentado da acusação de ser um Comensal, na verdade era um. Acreditava em Harry, não havia porque não acreditar.
-Ficarei bem. —Suspirou. —Todos ficaremos. —Deu de ombros e se virou para encara-los novamente. —Bem, vou dar uma volta.
-Você não vai pro Salão Principal? —Harry questionou.
-Não estou disposta a ouvir todos lamentando a perda de um amigo leal e gentil, eu sei o que Cedrico foi. —Deu de ombros novamente. —E de qualquer forma fiquei de me encontrar com Taylor.
-Ele está preocupado com você. —Hermione lhe disse  e ela assentiu.
-Sei que sim, acho que eu não tenho sido alguém... Sociável e racional nos últimos dias.
-É compreensível. —Disse a castanha e Bell deu um sorriso pequeno, completamente desprovido de emoções.
-Nos falamos mais tarde.
        Belinda seguiu para a Torre atrás do quadro de frutas na sala do final do corredor do sexto andar, evitando pensar sobre o que Harry lhe dissera. Assim que subiu a pequena escada, viu Taylor encarando o horizonte, parecia distraído, ela se aproximou e notou que o rapaz parecia estar extremamente distante.
-Ty? —Ela chamou e ele a olhou surpreso.
        Belinda viu o rapaz a encarar e um misto de emoções passar pelos olhos verdes, porém o mais evidente era a preocupação.
-Eu estou bem. —Assegurou e ele bufou, mas a abraçou.
-Não quer me falar? Eu entendo. —Sussurrou no ouvido dela. —Mas não adianta mentir.
        Lestrange suspirou e assentiu, repousando o rosto contra o peito do menino.
-Tá. —Disse por fim.
        Belinda e Taylor não conversaram inicialmente, mas após um longo tempo apreciando o horizonte, lado a lado, ela lhe contou o que Harry dissera sobre a volta de Voldemort, porém deixou de fora que seu tutor fazia parte dos seus seguidores.
-Então foi ele quem matou o Cedrico? —Ela assentiu.
-Ainda não sei bem o que pensar. Antes eu atribui a um acidente, senti raiva da falta de cuidado dos professores. —Ela balançou a cabeça e o encarou. —Mas agora é pior, o Lord das Trevas está de volta e provavelmente irá tentar dominar todo nosso mundo. —Ty absorveu o que ela dissera.
-Nosso mundo vai sofrer muito, principalmente porque o nosso ministro é um idiota e não vai tomar medida alguma para deter o que está por vir.
        Belinda agredecia ao fato de Taylor acreditar  em Harry e não concordar com o ministro, era bom saber que ela podia contar com alguém, precisava falar sobre isso com alguém que não fosse Draco. Lestrange nem sabia ainda como falar com Draco e contar que o Mestre das Trevas renascera e Lucius voltara ao seu antigo Círculo, se é que algum dia havia saído.
-Eu sei. —Ela disse de forma amargurada e ele segurou sua mão. —A pior parte é essa, saber que ele não fará nada e que a morte do Cedrico só foi a primeira de muitas que estão por vir.
        Belinda sentiu a veracidade de suas palavras caírem como um jato de água gelada sobre ela e sentiu os ossos congelarem, tudo começaria a mudar e nada seria para a melhor. Sim, Cedrico Diggory fora o primeiro de uma extensa lista que estaria por vir e ela sentia medo de quantas pessoas poderia acabar perdendo, era um pensamento egoísta, mas ela gostaria de pelo menos poder proteger aqueles com quem se importava.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora