Capítulo Treze

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       Draco a encarou por um tempo e suspirou, olhou para o horizonte, evitando encarar os olhos negros e intensos.
-Não acho que é uma boa ideia.
-Desde quando eu e você vivemos de boas ideias? —Draco bufou e enfiou as mãos nos bolsos da calça. —Seu pai quer adiantar a data do casamento. —Informou.
-E o que eu tenho haver?
-Você é o único que pode me ajudar.
-Não sou seu amigo, Lestrange. —Ele a encarou e a viu sorrir.
-Mas não é meu inimigo ou será que é? —Ele rolou os olhos e ela sorriu novamente. —Vamos Malfoy, não sou a pior pessoa do mundo. E eu já disse, não quero sua amizade, quero uma trégua.
-Mas o que você me pediu, pede somente para um amigo, para quem se confia.
-Por mais estúpido que seja Black, eu confio em você. —Ela riu. —Você sempre disse que sou idiota, acabamos de comprovar sua teoria.
-Acho que sim. —Ele bufou novamente e se sentou na ponte.
-Brian virá aqui amanhã.
-Não tenho nada haver com isso, Lestrange.
-Qual é? Você sentou aqui para conversarmos, então vamos conversar.
-Não aceitei sua trégua.
-Mas não a recusou, isso já é um começo. —Ele sorriu um pouco, mas Belinda viu o deboche no sorriso do rapaz. —Não seja debochado Malfoy, eu estou tentando ser legal.
-Não, você está tentando não parecer uma idiota.
-Você sempre foi melhor nisso que eu. Não em fingir, mas em ser um idiota, sabe disso. —Ele a encarou e ela riu. —O que foi?
-E é assim que quer uma trégua?
-Se você for aceitar, sabe que não vou fingir ser o que não sou.
-Eu sei.
-Por que não conversamos sempre assim? —Questionou ela, encarando-o.
-Assim como? —Ele se fez de desentendido.
-Como se fossemos civilizados. —Ela sorriu. —Pra dizer a verdade, nos falarmos sem demonstrar que queremos nos matar já seria bom.
-Acho que as coisas só aconteceram e a gente não soube parar... —Ele deu de ombros. —Só deixamos a raiva que estávamos sentindo, não um do outro, mas de tudo prejudicar nossa convivência.
-Talvez. —Ela suspirou.
        Os dois estavam sérios e pensando em milhares de coisas, como se pela primeira vez achassem uma teoria coerente para o afastamento.
-Nos deixamos levar com facilidade...
-E por uma briga que não é exatamente minha e sua. —Completou a menina. —E eu não imaginava que fossemos conversar realmente depois de tudo.
-Talvez esse tenha sido o problema Belinda, nos deixamos levar muito e não paramos pra conversar em nenhum momento, simplesmente brigamos e xingamos, decidimos não conversar e per...
-Nosso grande erro. —Ela concordou, interrompendo o que ele dizia. —Perdemos nossa amizade por teimosia.
        O silêncio se instalou entre eles, os dois encaravam o horizonte, como se aquele momento fosse definir suas vidas, Draco a olhou por um momento e percebeu que sentira falta de uma conversa amigável com Belinda, ela parecia saber o que ele pensava na maioria das vezes e ele também a conhecia, mas fazia tanto tempo que eles nem paravam pra conversar que Draco achou que não seria mais possível se darem bem.
-Acho que você pode estragar o jantar dos Pierre daqui há alguns dias... Pra ser mais exato um dia depois da Final da Copa Mundial de Quadribol. —Belinda sorriu com a informação.
-Não estava sabendo desse jantar.
-Papai disse que não deveríamos contar até o dia, para você não ter chance de fazer nem uma besteira.
-Eu fazer besteira? Que calúnia. —Zombou ela e ele sorriu.
-Você já foi menos irônica.
-Eu não estou sendo irônica. —Disse ela rindo.
-Então, o que pretende fazer com essa informação? —Draco sorriu.
-O que você acha de trazermos alguns convidados extras e levarmos esse jantar a baixo?
-Papai não vai gostar nada disso.
-Ele não precisa saber que fui ajudada. —Ela sorriu.
        Belinda sabia que Draco havia aceito seu pedido de trégua, fora aquele sorriso que o denunciou, a informação que ele dera sem problema, o jeito que falava, era o Draco que ela sentia falta, era seu amigo.
-O que exatamente você quer fazer? —Ela riu com a pergunta.
-Você não vai me trair? —Ela estendeu a mão e ele riu.
-Nunca gostei do Brian mesmo. —Disse ele apertando a mão da menina e sorrindo, selando o acordo de trégua.
-É bom ter você de volta, Black.
-Ainda não somos amigos, só fizemos uma trégua pra acabar com um casamento, Lestrange.
-Com o meu casamento, então você está sendo sem duvida alguma meu amigo. —Ela disse rindo.
-Não se acostuma.
-Vou tentar. —Ele sorriu.
-E o que o Pierre em miniatura vem fazer aqui? —Belinda riu tranquilamente.
-Vem tentar achar um jeito de acabarmos com o casamento, é claro. —Ela rolou os olhos. —Ele tá com uma garota e acho que apaixonado, não sei bem. —Ela deu de ombros. —Não me importo na verdade, só quero acabar com essa negociação dos Pierre e depois o Brian pode ir até pra casa do cara...
-Já entendi. —Ele disse rindo e ela abriu um sorriso três por quatro.
        Belinda e Draco ficaram conversando por um tempo na ponte, até que Malfoy disse que iria dormir por não suportar mais a menina, entretanto ela sabia que ele estava brincando. Os dois acabaram entrando na mansão juntos, assim que Draco parou na porta de seu quarto, Belinda o encarou.
-Malfoy? —Ele a encarou.
-Que foi? Acha que só por termos feito uma trégua vou ficar te aturando o tempo todo? —Ela riu baixinho.
-Não é isso.
-Então?
-Quando você me levou pra Ala Hospitalar, eu tentei te agradecer, mas você não me deu oportunidade... —Ela deu de ombros. —Só quero agradecer novamente.
-Deixa pra lá Lestrange, eu não fiz nada demais.
-Pode ter certeza que fez, qualquer um da Sonserina teria me largado lá mesmo. —Ela mordeu o lábio inferior. —E antes daquele dia, eu achei que você fosse uma daquelas pessoas.
-Eu também. —Disse ele, sério.
-Acho que eu e você mudamos muito nos últimos anos. —Belinda se encostou na parede e mordeu o lábio novamente.
-É, acho que sim.
-Mas fico feliz que você não tenha sido um daqueles.
-Talvez. —Ele sorriu.
-E estou contente que não estejamos tentando nos matar.
-Temos uma trégua. —Ele lhe deu uma piscadela e ela sorriu.
-É, temos sim. —Disse rindo e começando a andar para seu quarto. —E Draco. —Ela o olhou por sobre o ombro.
-Que? —Perguntou ele encarando-a.
-O que me deixa mais feliz é que você não tenha se tornado um "Típico Malfoy Orgulhoso". —Ela riu e se foi, sem aguardar resposta.
-Acho que eu também. —Disse ele fechando a porta.
       Draco deitou em sua cama e encarou o teto, ele ainda estava assimilando tudo o que acontecera, mas de uma coisa ele tinha certeza, ele ainda conseguia falar com Belinda sem problema.
       Malfoy lembrou que havia marcado de sair com Goyle e Crabbe de manhã e achou melhor dormir.

       Belinda sentiu-se mais leve e tranquila, não necessitaria se preocupar em defender-se dos ataques de Draco ou de brigas desnecessárias com o mesmo. Ela se deitou e decidiu dormir um pouco, entretanto não fora fácil, na realidade quase não dormira a noite inteira, após se despedir de Draco ficou encarando o teto escuro de seu quarto, quando por fim conseguira dormir tivera um pesadelo estranho e despertou, vendo que o sol já estava nascendo. Mas ainda assim com um humor melhor do que nos últimos dias. Após um banho, vestiu uma bermuda e camiseta, um all star cano curto e prendeu os cabelos em um coque mal feito enquanto descia as escadas.
-Bom dia. —Belinda cumprimentou Narcisa e Draco, sentando-se tranquilamente a mesa enquanto dava o nó na faixa em seu braço.
-Veja só quem decidiu nos dar o ar com a graça de sua presença. —Draco provocou, encarando a menina que lhe sorriu de forma debochada. Narcisa achou que haveria uma discursão naquele instante, mas surpreendeu-se com a reação.
-Muito obrigada pelo elogio.
-Vejo que continua encantadoramente irritável. —Ele sorriu.
-Vejo que continua o mesmo imbecil de sempre.
-O que foi? Cansou de ficar nas masmorras da casa? —Ele brincou. —Foi você quem sempre disse que morava nas masmorras.
-Sim, acho que sim. —Disse Belinda sorrindo e pegando um copo com suco.
       Narcisa os observou sorrir tranquilamente, ela estava extremamente surpresa, pois eles haviam brincado e rido juntos. Após um minuto observando Ciça chamou.
-Você e Belinda estão conversando? É isso mesmo? —Narcisa perguntou para Draco.
-Tentando mamãe, tentando.
-Merlin sabe o quanto pedi para vê-los brincando juntos novamente.
-Pronto Ciça, Merlin atendeu seu pedido. —Belinda sorriu.
-Fico tão feliz.
-Mas não se acostume, Ciça.
-E por que não?
-Porque só temos uma trégua, não voltamos a ser amigos.
-Exatamente. —Draco concordou tranquilamente.
       Draco seguiu para a sala após o café-da-manhã, encontrando Narcisa ali, lendo um de seus diversos livros, e começou a jogar Xadrez-Bruxo, aguardando a hora de ir encontrar os amigos. Logo Belinda chegou e olhou para o tabuleiro.
-Cavalo na C5. —Disse a menina e Draco não tivera ação, logo seu cavalo fora decepado.
-Porra, Lestrange. —Disse ele e ela gargalhou.
-Sabe, eu sonhei muito em fazer isso com você por um tempo. —Disse ela rindo.
-Tá, mas meu jogo não tinha nada haver com isso. —Ela riu novamente.
-Qual é Malfoy, tá com medo de perder pra mim?
-Vai sonhando, Lestrange.
-Então vamos jogar. —Disse ela sentando-se de frente para o rapaz.
-Eu vou jogar, você vai perder. —Disse ele rindo.
-Realmente é bom vê-los juntos. —Narcisa disse sorrindo.
-Não se acostuma muito Ciça, eu já falei. —A mulher riu e se colocou de pé.
-Vou deixa-los jogar em paz. —Disse indo para a biblioteca.
        Draco não se dera conta do quanto sentia falta dessa leveza que tomava conta da casa somente por falar com Belinda, assim como ela de falar com Malfoy. As coisas ficavam mais tranquilas e animadas, tornando a casa com um ar mais leve, eles podiam não assumir, mas estavam felizes por estarem juntos novamente.
-Peão na A2. —Disse ela começando o jogo.
-Você já era. —Disse ele rindo.
       Belinda realmente ganhara o jogo como prometido, entretanto somente a primeira partida, porque Draco pediu revanche e todos sabiam que a menina era péssima no Xadrez-Bruxo. Draco venceu mais três rodadas antes de Belinda derrubar sua rainha no tabuleiro.
-Desisto, eu sempre fui péssima nisso.
-Você ganhou a primeira rodada. —Ele a recordou.
-Uma contra três. —A menina fez um bico engraçado e o loiro riu. —Ainda suspeito que não ganhei por mérito meu.
-Você realmente acha que eu ia perder de propósito, Lestrange?
-Sim. —Fez um muxoxo.
-Você deve ter batido muito forte com a cabeça.
-Não mesmo, mas você adora me irritar. E sempre que queria me vencer com uma pontuação muito grande, me deixava ganhar a primeira. —O loiro riu com a lembrança.
-Fala sério.
-Eu to falando. —Eles escutaram alguém bater na porta e se colocaram de pé ao mesmo tempo.
-Acho que Brian chegou.
-Acho que sim. —Disse ele andando ao lado da menina.
-Pra onde você vai?
-Sabe que não é da sua conta, não é? —Ela riu e ele bufou. —Vou sair com Crabbe e Goyle.
-Olha, os idiotas, nem lembrava que eles existiam.
-Não enche, Lestrange.
-Não to enchendo, só dizendo a verdade. —Disse ela e abriu a porta.
-Oi Belinda. —Brian a cumprimentou e encarou Malfoy. —Oi Draco.
-Oi. -Disse o loiro sem vontade e encarou Lestrange. —Fala pra mamãe que eu já fui.
-Tá. —Disse ela. —Entra Brian. Acho que temos muito a conversar.
-Não acho que dentro de casa seja o melhor lugar. —Draco disse enquanto começava a andar.
-Ok. —Disse ela e saiu de casa. —Vamos sentar aqui fora.
-Pera ai. —Brian a encarou. —Desde quando você e o Malfoy se dão bem? —A menina riu e olhou para Malfoy, que estava caminhando para o portão.
-A gente tá tentando não se matar.
-E você tá feliz por isso.
-Claro que eu to, graças a ele sei como ferrar de vez com o trato dos Malfoy com os Pierre.
-Isso me deixa interessado. —Ela riu.

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