Capítulo Quarenta e Um - Game Over

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   Belinda estava jogada em sua cama, enquanto aguardava o retorno de Draco, que já estava fora a mais de uma hora, observava seu antigo quarto, o qual não mudara nada nos últimos quatro anos, as paredes continuavam a ser do monótono branco, a escrivaninha de madeira escura ao canto sul, próximo à janela de vidro e cortinas cinza.
-Qual o problema dessas pessoas com cor? –Resmungou pra nada em especial e enfaixou o braço.
   A garota deitou na cama, provavelmente Malfoy decidira ir dormir, o que ela queria fazer, mas estava incomodada, a casa parecia observa-la e sussurrar coisas incompreensíveis, porém furiosas.
   A porta se abriu em um rompante.
-Belinda. –Narcisa entrou no quarto correndo, Draco estava em seu encalço, mais pálido que o comum.
-O que houve? –Ergueu a cabeça e arqueou uma sobrancelha.
-Você precisa vir comigo. –Narcisa estava extremamente séria, nervosa e desconfortável, tanto que Belinda sentara na cama.
-E por que exatamente eu faria isso?
-Mark...
-Mark é um idiota. –Se preparou pra deitar novamente.
-Você o irritou, Belinda. –Draco disse de modo muito sério. –E ele se irritou, se irritou ao ponto de pegar o Coren, não sei como, mas ele pegou o Coren.
   Lestrange sentiu o corpo reagir ao nome, quando deu por si já estava na porta, correndo para as escadas e com a Varinha em punho. Belinda chegou ofegando na sala, onde encontrou Marcos sentado no chão, encostado a parede e com a cabeça sangrando.
-Foi mais fácil do que imaginei. –Comentou Mark encarando o rapaz e depois desviou os olhos pra menina. –Na minha época Hogwarts ensinava os bruxos a serem mais eficientes.
-Tão eficientes que muitos da sua época se tornaram seguidores de Você-Sabe-Quem. –Rebateu furiosa e tentou se aproximar, porém Mark sorriu e balançou a cabeça negativamente.
-Eu não faria isso se fosse você.
   Belinda encarou o rapaz em um pedido mudo de desculpas, o qual ele compreendeu e somente fixou no rosto dela.
-Solte-o. –Mandou.
-E por que eu faria isso? –Questionou em tom divertido.
-Mark, chega de brincadeira. –Ela respirou fundo. –Eu entendi o recado, agora solte-o.
-Recado? –Riu e a encarou. –E que recado seria esse?
-Eu não devo provocar você. –A raiva estava presente, mas o medo era maior.
-Na verdade eu o peguei para fazermos um jogo.
   Belinda ouviu os sussurros dentro da casa ficarem mais altos e excitados.
-Jogo? –Os olhos negros da garota corriam de Marcos para Mark.
-Sim. –Disse divertido. –E o vencedor terá a vida do menino como prêmio e poderá fazer com ele o que desejar.
-Do que você tá falando? –Se exaltou. –A vida dele não é um jogo.
-Agora é. –Deu de ombros.
-Mark, por favor...
-Que maravilha, ter Belinda Lestrange sendo gentil comigo e se humilhando não é algo que vemos todos os dias, em?
-Só o solte. –Pediu.
-Não. –Sorriu. –Vamos ao jogo.
-Você é louco!
-Loucura é algo relativo. –Sorriu de canto. –É bem simples, você terá vinte minutos para conseguir me atacar e acertar cinco vezes. –Seu sorriso cresceu de forma doentia. –Se você conseguir me acertar cinco vezes, o garoto é seu.
-Eu não vou jogar!
-Ah, a delicia dessa brincadeira é que você não tem escolha.
-É claro que tenho!
   Mark gargalhou e apontou a Varinha para Coren.
-Qual das Três Maldições Imperdoáveis devo usar? –Ponderou e Belinda ouviu um gritinho, o qual soube ser seu e tapou a boca com as mãos. –Avada Kedavra é rápido demais... Crucius é bom, muito bom, mas talvez fazê-lo se matar seja melhor. –Sorriu novamente. –Imperius!
   Marcos ficou imóvel e com os olhos vidrados no vazio.
-Marcos. –Sussurrou ela.
-A escolha é sua, Belinda. –Mark a encarou. –Você joga comigo ou ele... Se a Belinda não jogar comigo, você para de respirar, Marcos.
-Você é louco! –Rebateu ela.
-Acho que a Belinda não quer jogar, Marcos.
   Belinda viu Marcos prender a respiração e achou que ele fosse voltar, mas segundos se passaram e ela o viu começar a ficar vermelho e sufocar.
-Para! Para! –Berrou ela em desespero. –Eu jogo com você!
-Opa! –Comemorou. –Pode respirar de novo, Marcos.
   Marcos inspirou profundamente e Belinda sentiu o coração diminuir dentro do peito, parecia que alguém o estava pressionando.
-Por que tá fazendo isso? Qual o seu maldito problema?
-Vamos nos divertir, Belinda. Pense pelo lado positivo...
-Lado positivo? –Se exaltou. –Você está ameaçando a vida dele e eu tenho que pensar que isso é bom?
-Ai, ai. –Suspirou. –Você é tão dramática quanto Mary. –Suspirou novamente e começou a andar para o jardim atrás da casa. –Mas creio que até mesmo Mary era mais divertida.
-E por isso usou todas as Maldição Imperdoáveis nela?
-Mary tentou me deixar, por isso a matei.
-E isso é motivo pra matar alguém? A pessoa dizer que você é um louco idiota abominável é um motivo pra morrer?
-É basicamente um convite, na realidade.
   Belinda saiu de casa para o jardim, o qual ela nunca considerou de fato um jardim, não havia plantas no lugar, somente uma árvore grande no centro.
-Alguma regra? –Questionou ela quando todos estavam em seus lugares.
-Esse é o seu problema, você sempre espera que ditem regras e...
-Alarte Acendera! –Conjurou antes que ele terminasse a frase.
-Errou. –Cantarolou. –Mas devo dizer que foi bom, esperava que me deixasse...
-Confringo!
-Acabar de...
-Estupefaça!
-Você é fraca. –Cantarolou, Belinda estava desesperada e tentava recordar todos os feitiços dos quais já estudara ou mesmo lera. –Expelliarmus!
-Protengo. –Se defendeu e rapidamente recordou de um feitiço. –Expulso!
   Belinda usou vários feitiços que conhecia e já estava cansada e ofegando.
-Tic, tac. Tic, tac. –Riu ele. –O relógio tá correndo!
-Herbivicus. –Disse baixo para que ele não escutasse, mas apontou pros pés do homem.
-Você errou! –Cantarolou ele.
   Mark viu um pequeno sorriso nos lábios da menina.
-Immobullus!
   Mark tentou se defender, mas as raízes enrolaram em seus pés, o fazendo se atrapalhar e evitar sua defesa, porém o feitiço atingiu somente seu lado esquerdo.
-Dois pontos pra mim. –Disse ela.
-Não negarei a inteligência, mas não fique tão feliz.
-Talantallegra! –Mark se defendeu como se não fosse nada.
-Você só tem mais dois minutos.
   Belinda usara todos os feitiços que conseguira recordar sobre seus estudos dentro e fora de Hogwarts, mas nada era o suficiente e quando Mark começou a fazer contagem regressiva, a menina começou a chorar, não parara de atacar, mas a mente mal funcionava.
-Avada Kedavra! –A luz verde saiu da ponta da Varinha de Mark e se chocou contra o peito de Marcos.
   Belinda sentiu o corpo extremamente pesado e a mente embotar, mal conseguia se mexer, o tempo parecia ter parado e o mundo desacelerado.
   O corpos de Marcos estava indo de encontro ao chão e de repente ele estava jogado na grama, os olhos, os quais Belinda sempre achara tão belos, estavam abertos e sem vida, encarando o nada. Lestrange sentiu os joelhos tremerem e por fim cederem ao seu peso, as lágrimas queimavam seus olhos e um nó prendia o grito que estava em sua garganta. O mundo parou, até mesmo o vento parecia ter cessado e silenciado e a lua assistia tristemente o que acontecia.
   Belinda sentiu a pedra pontiaguda que rasgara seu joelho, a dor aos poucos pareceu clarear sua mente e fazer o mundo voltar, mesmo que com extrema lentidão, se mover.
-Marcos. –O nome saiu em um sussurro sufocado de sua boca.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora