Capítulo Nove

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        Já fazia tempo que Belinda não era obrigada a ir à mansão Malfoy e era um motivo para deixa-la feliz, entretanto curiosa, pois Lucius obrigava-lhe sempre a estar ali.
        Belinda decidira desenhar naquele dia e se afastou o máximo que pode dos jardins, pois sempre estavam cheios e com pessoas falando sem parar, nunca dando paz para Lestrange se perder no mundo das formas, rabiscos e cores que ela colocava em seus desenhos.
       Lestrange subira na árvore mais afastada do jardim da escola, quase ninguém ia para aqueles lados, geralmente os alunos mantinham-se próximos ao castelo. Ela concentrou-se e iniciou um rabisco de um por de sol. Passara a tarde inteira ali, após terminar o desenho, desceu da árvore e jogou-se no chão, apreciando o céu que iniciava o por do sol, era um fenômeno visual maravilhoso para a menina, que enquanto assistia o sol se despedir mais uma vez pensava em milhares de coisas, entretanto nada especifico. Era uma maneira que ela encontrara de relaxar.
       Belinda ouvira um barulho ao longe e se levantou para descobrir o que o causava, mas não viu nada, quando se virou para voltar para a árvore que estava outrora, sentiu algo bater com força em suas costas.

        Draco estava irritado, então decidira sair do castelo e caminhar um pouco, assim que passou pelos jardins, encontrou o grupo de Belinda, mas ela não estava ali, o que ele achou estranho, mas decidiu deixar o assunto de lado e manter distância de todos. Malfoy se distanciou o máximo possível, caminhava sem dar atenção as coisas a sua volta.
        O menino olhou para o Céu, que já estava um pouco escuro e isso significava que ele logo teria que voltar para dentro do castelo. Ele se virou, para seguir o caminho oposto pelo qual viera, o que levaria mais tempo para chegar ao Castelo, mas próximo a uma árvore viu Rúnda, o gato persa de Belinda, mas o animal quase nunca se distanciava de Belinda, Draco foi até ele.
-O que faz aqui Pulguento? —Perguntou se abaixando para pegar o animal e viu a mochila de Belinda e coisas que ela usava para desenhar. —Onde está aquela inútil, em? —O gato miou.
      Draco olhou em volta, mas Belinda não parecia estar em canto algum, era estranho, ela não deixava seu matéria de desenho em qualquer lugar. Malfoy colocou-se de pé e aguardou por uns dez minutos, mas ela não aparecera, então ele decidiu procurar ali perto, pouco mais de dez metros de onde Draco encontrou Rúnda, achou Belinda, mas não como ele imaginara que a encontraria, deixou o gato no chão e fora até ela.
         Belinda estava desmaiada no chão e extremamente machucada. Assim que ele tocou sua pele sentiu o quão gelada estava, os lábios de Belinda estavam roxos e ela parecia estar morta, mas seu coração ainda batia, então segurou o corpo machucado de Belinda nos braços, mal sentindo-a respirar. O loiro colocou-se de pé e a carregou, andando o mais rápido possível para a enfermaria, embora Belinda fosse alta, não pesava tanto quanto aparentava. Madame Ponfrey os recebeu e imediatamente mandou que ele a colocasse em uma maca, logo ordenando que se retirasse, Malfoy protestou, mas não houve acordo.
        Draco saiu da Ala Hospitalar e se instalou do lado de fora da porta, ele sentou no chão frio e aguardou, logo Rúnda aparecera e se enroscou nas pernas do loiro.
-O que você quer aqui? —Um miado longo e tristonho sucedeu e Draco acariciou o gato entre as orelhas. —Ela vai ficar bem.
        Malfoy viu o Diretor Dumbledore e McGonagall se aproximarem, mas só pararam ali para saber o que ele fazia lá e onde a encontrara. Logo depois pediram que avisasse a Narcisa, com relutância Draco fora até o corujal, aproveitando e passando onde encontrara Belinda, pegou sua mochila e escreveu uma rápida carta para Narcisa, contando o ocorrido, logo voltou para a Ala Hospitalar, ficando do lado de fora.
Havia se passado pouco mais de duas horas desde que ele a trouxera, mas Malfoy não suportava mais esperar naquele silêncio assombroso do corredor, então entrou e se dirigiu até a maca que deixara Belinda, recebendo um olhar curioso de McGonagall e um crítico de Madame Ponfrey.
-O que faz aqui senhor Malfoy? —Dumbledore chamou.
-Como ela está? —Ignorou a pergunta do Diretor, dirigindo-se a cama onde Belinda estava.
-Ela vai ficar bem. —Disse a enfermeira. —Agora acho melhor você...
-Eu vou ficar aqui. —Disse decidido.
-Pode deixa-lo ai mesmo Madame Ponfrey. —Dissera o diretor e a enfermeira assentiu. —Ela estará em boas mãos. —Draco olhou para Dumbledore e não disse nada. —Vamos Minerva.
-Claro diretor.
        Draco puxou uma cadeira e sentou próximo a cama. A pele de Belinda ainda estava tão pálida que o assustava, os lábios brancos e a cabeça, braço e abdômen enfaixados. Draco estendeu a mão e tocou de leve no ombro da menina, ela estava quente, não a temperatura certa, mas significa que continuava viva. Ele assentiu. Seus olhos fixos no rosto de Lestrange, perguntando-se o que havia ocorrido para ela ficar daquele jeito.
        Malfoy não sabia ainda se preocupar com ela, mas lá estava ele sentado ao lado de sua cama enquanto ela dormia. Tudo o que Draco desejava era que ela não acordasse e o visse, logo prometeu pra si mesmo que seria o último favor que faria a Lestrange. Draco se perdeu em pensamentos e em teorias do motivo de preocupar-se com Belinda, durante seus devaneios acabara por pegar no sono.
        Belinda acordou zonza e encontrou Draco dormindo na cadeira ao lado de sua cama, uma dor aguda atingiu sua cabeça e seu abdômen e ela lembrou-se de ser atacada, mas não recordou quem ou o que acontecera realmente. Ela ajustou-se na cama com dificuldade e encarou o rosto de Draco, um sorriso pequeno desenhou-se nos lábios da menina, o rosto do loiro estava sereno.
-Malfoy. —Chamou, mas ele não respondeu.
       Belinda olhou em volta e pegou um dos dois travesseiros que usava, jogou no rapaz com toda a força que conseguiu reunir, o que não era muita, pois o movimento provocou dores, mas conseguiu que Draco se assustasse e ele saltou da cadeira olhando em volta com a varinha em punho, os olhos cinza atentos, mas Belinda gargalhou e atraiu sua atenção.
-Que merda é essa, Lestrange?
-Você tava dormindo. —Disse ela ainda rindo.
-E? —Perguntou furioso.
-Não sabia que ficaria preocupado comigo a ponto de permanecer ao meu lado enquanto me recupero. —Disse ela verdadeiramente e ele a encarou, deixando a máscara de irritação cair, mas logo a recolocou.
-Cala a boca Lestrange, só to aqui porque se alguma coisa acontecer a você, mamãe ficaria triste...
-Se você diz. —Ela riu, interrompendo o que ele falava.
        Belinda sabia que a desculpa de Draco era a mais estúpida que ele poderia dar, mas deixou passar, Malfoy sempre fora muito orgulhoso e adorava esclarecer que a única pessoa que realmente o preocupava era sua mãe, mas ela ficou contente em vê-lo ali ao acordar. Lestrange ajustou-se novamente na cama, mas a dor fora forte e ela arfou, fazendo uma careta de agonia.
-O que foi? —Draco perguntou ajudando-a deitar novamente.
         Belinda deitou e fechou os olhos, respirando fundo algumas vezes, sentindo o olhar de Draco em seu rosto, assim que estava bem sorriu um pouco.
-Só está doendo um pouco, logo passa. —Consolou, mas mesmo assim Draco não acreditou.
-Vou chamar Madame Ponfrey pra te dar alguma poção...
-Achei que não estivesse preocupado, Malfoy. —A voz saiu em um sussurro.
-Idiota. —Draco disse largando-a, irritado. —Vou chamar Madame Ponfrey e voltar para meu quarto.
-Draco. —Disse ela segurando o pulso do rapaz, não queria que ele fosse. Draco a encarou e encontrou duas petecas negras o olhando.
-Que foi? —Disse ríspido e ela sorriu novamente.
-Obrigada. —Ele bufou e puxou o pulso.
-Tanto faz.
        Madame Ponfrey chegou poucos minutos depois e estava sozinha, deu uma poção para dor, tirou algumas dúvidas da menina e logo Belinda voltara a dormir.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora