Capítulo Dezessete

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        Lestrange estava encolhida nos braços de Coren, enquanto o trem seguia para o norte. O grupo conversava animadamente enquanto Rúnda dormia no colo da menina.
-Vou falar com o Trio de Ouro, já to cansada de ficar parada. —Comentou ela se colocando de pé e deixando o gato no colo de Marcos.
-Eu tenho cara de que pra você jogar esse gato aqui?
-Olha, não vou nem falar porque pode ser ofensivo... —Disse saindo da cabine, mas antes de fechar a porta encarou os olhos azul-esverdeados de Coren. —Para o Rúnda.
-Filha da...
        Lestrange fechara a porta e saiu rindo. No outro vagão Belinda viu Draco rindo na porta de uma cabine e ela soube ser de seus amigos, porque viu um Rony vermelho de raiva, logo Hermione fuzilando o loiro com os olhos e Harry simplesmente o encarando.
-O que faz aqui, Draco? —Perguntou Belinda parando atrás de Crabbe e Goyle, que se viraram para encarar a menina.
-Não é da sua conta. —Respondeu, porém não tão seco quanto o normal.
-Qual é, Malfoy? —Disse ela tranquilamente. —Não tem nada melhor pra fazer além de perturbar as pessoas?
-Não enche, Lestrange. —Ele a encarou quase divertido. —Sentiu minha falta? Por isso decidiu falar comigo? —Bell riu.
-Tá sonhando alto, muito alto. Deve ter batido a cabeça, ou a convivência com os idiotas já te prejudicou?!
-Não sou eu quem anda com gentinha.
-Bem... Temos uma opinião bem diferente quanto a isso, não acha?
        Draco sorriu, balançou negativamente a cabeça e logo sinalizou para os parceiros, que voltaram para sua cabine, ao lado da de Harry. A menina bufou e entrou, fechando a porta atrás de si.
-Você e Malfoy não tentaram se matar? Isso é um avanço. —Hermione sorriu e Bell se jogou ao lado da menina.
-Pode ser. —Sorriu. —Mas e ai? Como foram as férias?
       A conversa estava animada, porém Rony ainda estava irritado e mal falava. E o dia estava cada vez mais escuro, a chuva pesada batia na janela e deixava mais frio a cada hora.
-Vou acabar congelando. —Resmungou a menina se colocando de pé.
-Onde você vai? —Hermione a encarava.
-Para minha cabine, mas provavelmente passar para falar com os gêmeos. —Sorriu e abriu a porta. —Isso é claro, se eu acha-los antes de morrer de frio.
-Drama é sua marca registrada, Bell. —Harry disse sorrindo.
-Que horror, falar isso justo de mim, Potter?! Calúnia.
       O grupo riu e a menina se foi, logo após fechar a porta. Não longe dali encontrou os gêmeos, junto com mais alguns amigos. A menina abriu a cabine e pulou nos ruivos, surpreendendo a todos e fazendo Freddie e George rirem.
-Oi meus ruivos lindos. —Disse ao beijar a bochecha de Freddie.
        Passara bastante tempo até que Belinda conseguisse identificar um do outro, embora não houvesse realmente nada que os diferenciasse de fato.
-Olha quem tá viva após uma temporada nas masmorras do castelo Malfoy. —Provocou Freddie.
-Achávamos que não a veríamos mais, não inteira pelo menos. —Completou George.
-É, George e eu até escrevemos algumas coisas pra falar diante do seu túmulo ou em um velório reservado, já que os Malfoy não nos deixariam passar.
-Sei que vocês provavelmente jogariam bombas explosivas neles e dariam um jeitinho de entrar no meu velório, nem que fosse só pra provocar.
-Como nos conhece bem. —Disse George rindo.
-Idiotas. —Mas ria também. —Só passei para dar um beijo mesmo, agora estou indo para minha cabine.
-Tudo bem.
-Nos vemos em Hogwarts. —Freddie completou e a menina beijou os dois antes de se retirar e voltar para a sua cabine.

       Belinda sentiu o trem parar e respirou fundo, a chuva ainda caia ferozmente e a pior parte e que não havia guarda-chuvas ou nada similar, teria que seguir para Hogwarts em meio a tempestade.
-Eu vou morrer. —Comentou se encolhendo.
-Não vai mesmo, não tens autorização, Lestrange. —Ela riu para Daniel.
-Vamos antes que fique pior.
-Pior, Tayner?
-Você sabe que nada é impossível. —Deu de ombros e olhou para a porta no trem, a torrente caia severa. —As carruagens podem acabar.
-Teu cu.
       Belinda criou coragem finalmente e saiu correndo na chuva.
-Caralho! —Marcos falou atrás da menina.
      As gotas caiam tão fortes que chegavam a ser dolorosas na pele de Lestrange. Entraram na carruagem e a marcha dera inicio, a viagem fora mais lenta que o comum, por conta do caminho enlameado e liso. Assim que a carruagem parou, Belinda saiu correndo com os amigos e finalmente passara pelas imensas portas de carvalho.
-Merlin. Eu preciso trocar de roupa e ficar pelo menos por meia hora em frente a lareira.
       Belinda dizia ao sacudir a cabeça de um lado a outro, quando Tayner o fizera, pareceu um cachorro molhado se secando. Quando de repente Belinda vê um balão de água atingindo em cheio Daniel.
-Caralho! —Berrou o Sonserino.
       Belinda olhou pra cima no momento exato, Pirraça já se preparava para disparar outra de suas bombas de água, o homenzinho ria enquanto diversos alunos berravam e corriam para o Salão Comunal, sendo Bell uma das que corriam para longe do campo de visão do Poltergeist com chapéu em forma de sino.
        Lestrange entrou correndo no Grande Salão, quase esbarrando na Vice-Diretora, McGonagall.
-Ô, sejam bem-vindos, por favor tomem seus lugares. —Disse e saiu apressadamente para fora do Salão.
-Acho que vamos ter que pedir a Merlin pra não congelarmos. —Comentou Murilo fazendo careta.
-Bem, tenho uma boa maneira pra esquentar depois, de qualquer jeito. —Comentou Daniel dando um sorriso canalha.
-Só vê se não me dá sobrinhos, não sou grande fã de pirralhos. —Tayner resmungou sacudindo a cabeça de um lado para o outro, fazendo respingar água nos colegas.
-Parece um cachorro. —Lestrange sorriu.
-Te foder, Belinda.
-Quem pretende fazer isso é o Dan, não eu.
-Bell. —Hermione sorriu. —Vamos?
-Claro. —Olhou para os amigos. —Nos falamos depois.
-Te cuida.
-Vocês também.
        O grupo sentou na mesa dos Leões, Belinda realmente se perguntava se os novatos haviam caido no Lago durante a travessia, já que ainda não havia nenhum sinal deles.
-Estou morrendo de fome. —Resmungou Belinda de mal humor.
-Sem falar do frio. —Concordou Gina. A ruiva estava sentada ali perto.
       Algum tempo depois, os novatos chegaram, sendo guiados, como de costume, pela vice-diretora McGonagall, a Seleção fora mais demorada do que os veteranos desejavam, porém mais rápida do que nos anos anteriores. Embora Hermione tenha surtado ao descobrir que os Elfos Doméstico eram quem cuidava de toda Hogwarts, da limpeza a comida, Belinda não deixou que isso atrapalhasse seu apetite, mesmo quando a amiga se recusou a comer, pra falar a verdade, Belinda nem conseguia lembrar da última vez que comera tanto.
        Diretor Dumbledore tomou a atenção de todos e começara a discursar, quase fazendo os alunos irem a loucura ao dizer que não haveria Quadribol naquele ano, Bell percebera que até mesmo Draco se abalou, porém ele sabia o motivo, então o choque não fora tanto. E mesmo que a menina estivesse beirando a inconsciência por conta do sono durante o discurso, fora despertada com fortes aplausos e gritaria quando o Diretor informara que Hogwarts iria sediar o Torneio Tribruxo.
-Você não parece animada. —Murilo comentou.
-Eu estou, estou muito. —Bocejou. —Porém estou muito cansada pra demonstrar.
       Marcos a aconchegou no peito, que embora com roupas molhadas, era possível sentir o calor emanar do corpo do rapaz.

        Os gêmeos, assim como a maioria dos menores de idade, ainda reclamavam pelo fato de não poderem participar do Torneio Tribruxo enquanto caminhavam para o Salão Comunal da Grifinória.
Belinda mal recordava-se de chegar em seu dormitório e tomar banho, mas logo estava dormindo tranquilamente em sua cama.

        Belinda acordara antes das companheiras, tomou um rápido banho e após colocar seu uniforme e capa, correra para a Torre de Astronomia. Lestrange lembrava que enquanto estava no Grande Salão e todos berravam sobre o quão injusto era não poder participar do Torneio Tribruxo, Draco lhe pedira para encontra-lo ao amanhecer. A menina não fazia noção do que ele queria, mas decidira ir.

        Malfoy aguardava na Torre de Astronomia e achava muito provável que fosse ignorado, mas ainda assim decidira tentar. Ele viu quando a menina chegara correndo, as bochechas coradas por causa do frio.
-Que foi, Malfoy? —Ela estava ofegante.
-Você tá legal?
-Filch quase me pega e ainda não tá na hora de estar fora no dormitório, a Mulher Gorda nunca havia me xingado tanto. —Ela riu e recebeu um sorriso de volta. —Mas e ai, queria minha adorável companhia? Ouvir a doce melodia de minha voz? Ver meus belos olhos negros?
-Cala a boca, Lestrange. —Mas ele riu.
-Eu quero saber uma coisa. —Disse ela.
-Que é?
       Belinda o encarou e viu que os olhos de tempestade estavam nela.
-Nossa trégua acabou?
-Estamos conversando numa boa, não é? —A menina riu.
-É, estamos.
       Belinda olhou para o anel que pendia na corrente fina que Malfoy trazia no pescoço e sorriu.
-Que foi? —Ele a observava, mas tinha quase certeza do que aquele sorriso e olhar significavam.
-Você ainda o usa. —Ele deu de ombros. —Mas sabe, achei que você fosse se livrar dele.
-Por que achou isso?
-Bem... Foi um presente meu pra você...
-Presente?
-Você roubou de mim, que seja. —Riram com a memória. —Mas mesmo naquele dia achei melhor deixar com você, porém quando paramos de nos falar e você o tirou, achei que tivesse jogado fora, sei lá... Ai no dia do meu aniversário eu te vi com ele... —Sorriu, nostálgica. —Nunca tive chance pra agradecer por esse presente.
-Por que acha que foi um presente? —Debochou, mas sorria.
-Você é o único a saber o motivo de eu odiar comemorar aniversário, era o único que passava o dia todo comigo. —Deu de ombros. —E você só decidiu usar esse colar com o anel, porque é a única coisa que tenho do meu passado.
       Draco riu e se apoiou na grade, os olhos cinza encarando o horizonte.
-Tá se achando muito, Lestrange.
-To é? —Ela riu e se colocou ao seu lado. —Então por que me chamou aqui? Sei que você queria ter certeza de em que pé estávamos e sei que usou o colar deixando a mostra o anel só para me amolecer.
-Cala a boca.
       Os dois ficaram ali por mais um tempo, aproveitando o silêncio que um proporcionava ao outro e encarando o nascer do sol, que Belinda sempre tanto gostara.
-Nos falamos por ai, Malfoy. —Ela sorriu e se alongou. —Mas por hora, vamos deixar assim, vamos ver como nossa situação vai ficar antes de deixar outras pessoas saberem.
-Tá. É melhor que assim ninguém sabe que estou andando com você, Lestrange. —Ela riu.
-Imbecil.
-Idiota.
-Vai a merda, Malfoy. —Ela saiu rindo e o deixou com um sorriso cínico, mas de certa forma, divertido.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora