Capítulo Dezesseis

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        Draco estava jogado no sofá com um livro em mãos e Rúnda estava jogado na barriga do loiro, que nem parecia notar a presença do animal.
-Seria uma cena tão meiga se não fosse você ai, Draco.
-Vai a merda. —Ela riu. —Como foi o passeio?
-Bom.
-E o Tayner reagiu como quando te viu? —Disse ele encarando a menina. Belinda semicerrou os olhos para ele.
-Quem disse que eu tava com ele?
-Fala sério Lestrange, não sou idiota.
-Nesse aspecto descordamos absolutamente.
-Te foder. —A menina riu sonoramente.
-Hey Malfoy. —Chamou ela sentando no chão, perto dele. Draco observou o tom de voz alterar, ficar mais sério e baixo.
-Que foi?
-Eu... Bem, obrigada por te me ajudado.
-Tanto faz, agora cala a boca, se o papai sabe que fui eu a enviar a merda da carta para a Skeeter, eu to morto.
-Esse segredo vai para o túmulo comigo, relaxa. —Sorriu. —Mas agora... —Se colocou de pé. —To morrendo de fome.
-Grande novidade, você vive com fome.
        Belinda estava comendo e rindo com Draco, mas parou de repente e se perguntou como seria quando voltassem para Hogwarts.

     Eles continuariam a parceria?
      O acordo de paz chegaria ao fim realmente?
     Será que poderiam retomar a amizade?
     Será que fingiriam que não haviam estado juntos e bem durante as férias?

-Lestrange?
-Que? —Perguntou ela voltando do transe.
-Mas que porra, você bebeu?
-Que pergunta idiota, claro que não.
-Eu to falando com você a um tempão.
-Foi mal, me distraí.
-Você tá bem? —Draco se preocupou.
       Malfoy notou que Belinda estava mais pálida e parecia muito distante, os olhos perdidos em algo longe dali.
-Sim, eu estou legal.
-Lestrange.
-Só... —Bell cogitou a possibilidade de verbalizar tudo o que passara por sua mente, então suspirou e se repreendeu. —Só dor de cabeça e a boca tá doendo um pouco quando mastigo.
-Tem uma poção pra dor no quarto da mamãe, se você...
-Relaxa. Se Lucius suspeitar que você está me ajudando com o que quer que seja, você se meterá em problema. —Sorriu. —E eu também não to afim que depois você perca a mesada e coloque a culpa em mim.
-Eu mataria você. —Debochou ele também. Mas algo dizia a Draco que não era somente isso que a incomodava.
-Acho que vou dormir um pouco. —Decidiu ela se colocando de pé.
-Tá.
        Malfoy a viu sair e ser acompanhada por Rúnda, o gato miava preocupado atrás da dona, até que ela se agachou e o pegou no colo, logo desaparecendo da vista de Draco.

        Belinda acordou no meio da noite, se perguntando como conseguira dormir tanto. Rúnda estava deitado em sua barriga, confortavelmente, ela tentou se mexer e o gato acordou e protestou, fazendo-a rir, estava com saudades de ficar assim com o animal. Bell o acariciou entre as orelhas e ele ronronou.
-Vamos lá seu preguiçoso, eu tenho que ir comer.
        Miaaaaau.
-Tá vendo? Você também tá com fome.
       Miaaau.
-Então vamos lá.
       O gato saiu de cima da menina que se sentou na cama, logo notou uma bandeja com comida sobre a mesa no canto.

       Draco havia pego um dos muitos livros de Belinda de sua estante e estava lendo quando a porta abriu e Lestrange entrou.
-Que merda você está fazendo com o meu livro?
-Lendo.
-Quem deixou? —Resmungou ela entrando em seu quarto.
-Eu te convidei a entrar?
-Não. —Ela sorriu um pouco, mas logo levou a mão ao lábio, parecendo recordar o que acontecera na noite anterior. —Mas eu não te convido a entrar no meu e nem por isso você fica do lado de fora. —Malfoy deu um sorriso torto e mudou a página do livro.
-Já comeu? —Perguntou ele educadamente quando a menina sentou na cama.
-Já. Acho que foi Narcisa que deixou comida no meu quarto.
-Hmm.
       Draco sabia que não fora Narcisa, pois ele mesmo deixara a bandeja com comida no quarto de Lestrange.
-Sabe dizer que horas são? —Ela quis saber.
-Já passa das nove.
-Muito específico. —Ele sorriu.
-Eu não disse que sabia a hora exata.
-Idiota.
-Papai ainda está furioso com você.
-Dane-se ele. —Disse sorrindo e colocando-se de pé. —Draco...?
-Que foi?
-Nada. Bobagem. —Sorriu. —Quando acabar leva e deixa no meu quarto.
-Claro.

       Era dia de voltar a Hogwarts e Belinda saltitava pelo quarto enquanto acabava de se vestir. Rúnda estava deitado na cama e acompanhava a dona com os olhos.
-Belinda. —Draco chamou colocando a cabeça para dentro do quarto. Ele estava sério e aparentemente distante. —Mamãe mandou chamar você, nós já vamos sair.
       Draco viu um sorriso imenso desenhar-se nos lábios da menina, que já não trazia marcas visíveis de agressão.

       A plataforma 9¾ estava lotada, as pessoas conversavam e riam pelos cantos, encontros e despedidas aconteciam. Belinda viu cabeças vermelhas e deu um passo a frente, até que sentiu alguém segurar-lhe o pulso com força.
-Me larga, Lucius. —Ela disse encarando o homem. —Me larga agora.
-Eu já mandei você parar de andar com esses traidores de sangue, então é bom...
-É bom que largue o meu braço, se não farei um escândalo. —Disse entredentes.
-Lucius. —Narcisa pediu.
-Não vá sujar nosso nome, não mais do que já fez.
-Não precisa de muito para fazer isso com o nome Malfoy. —Zombou e sentiu o aperto aumentar.
       Belinda fez uma careta mínima, já que realmente doera.
-Escute bem Belinda, se eu souber que você fez qualquer coisa, mando buscar você imediatamente e ficará trancada em casa.
-Me solta.
-Belinda. —Narcisa choramingou e Lestrange viu Draco ao fundo, somente uma sobrancelha erguida.
        A menina simplesmente parou e ficou quieta, olhando para o canto e esperando Lucius a soltar e assim fora, ele largou seu pulso e disse algo a Draco, que assentiu e se despediu da mãe.
-É melhor você obedecer, Lestrange.
-Não sou muito boa com ordens, deveria saber isso. —Disse enquanto eles caminhavam para entrar no trem, Bell massageava o pulso dolorido.
-Papai tá cada dia mais irritado, principalmente porque Wallace e ele se encontraram em uma festa, os Pierre não estão nada satisfeitos com você.
-É raro alguém estar satisfeito comigo, Draco.
-Se você quer se ferrar, o problema é seu. —Disse ele. —Agora vou procurar meus amigos.
-Tá.
         Draco simplesmente caminhara para longe da menina, sem olhar para trás.
         Draco cumprira sua palavra, Belinda sabia disso, mas a frieza que havia se instalado nos últimos dias, não brigavam, porém não era mais amigável como logo no princípio da trégua, contudo ela tinha esperanças de que mesmo após as férias acabarem, as coisas permanecessem e eles pareciam estar voltando a ser amigos, mas do nada Malfoy estava voltando a ser o cara idiota que ela temia que retornasse.
-Bell?
       Belinda se virou e encarou Coren, que sorriu e a abraçou.
-Senti sua falta. —Disse ela sorrindo.
-Vem, vamos pra nossa cabine.
-Claro.
-Como você está?
       Belinda ajustou a mochila nos ombros e sorriu.
-To legal e você?
-To bem, mas Tayner me contou o que rolou com você e o pai do Malfoy.
-Pois é, Lucius e eu nunca nos demos bem de qualquer jeito, porém eu não quero falar disso. —Ela sorriu abertamente. —Só estou feliz, estou voltando pra Hogwarts, estou voltando pra minha vida normal e é isso que importa agora.
-E a Cobra Loira? —Belinda riu baixinho.
-Ele deve estar por ai. —Deu de ombros.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora