Capítulo Vinte e Cinco

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      Belinda ergueu os olhos e recebeu bem o sol que tocava sua pele pálida, ela se distraiu enquanto caminhava para o jardim, a mochila pesava em seu ombro, contento todo o material de desenho que ela pretendia usar para desenhar Rúnda, que vinha se enroscando em suas pernas. Ela baixou os olhos para o gato e sorriu.
      Lestrange ergueu os olhos novamente e se deparou com um Lufano usando um boton com o rosto de Harry e uma de suas muitas frases depreciativas, naquele se lia "Potter é um idiota", a menina bufou e decidiu passar direto, não adiantava brigar mais por aquilo. Não muito longe ela encontrou Harry, que vinha andando rapidamente, tentando se afastar das pessoas que usavam os botons e faziam piadas sempre que ele passava.
-Hey Potter! —Sorriu ela quando o amigo se aproximou, ele deu um sorrisinho de volta.
-Oi.
-Tá indo pra onde?
-Pro meu quarto. —Respondeu, tentando manter um sorrisinho.
-Não liga, eles são uns idiotas, mas daqui a pouco param de usar os botons.
-Não tenho tanta certeza. —Disse olhando para os lados.
-Vão parar sim. —Afirmou e sorriu abertamente quando ele a encarou. —Sou boa em azaração. —A frase arrancou uma risada sonora do rapaz.
-Você é doida.
-Eu sei e é por isso que eles vão parar de usar essas porcarias.
-Relaxa. —Sorriu. —Mas e você, tá indo pra onde?
-Procurar um lugar com uma luz legar para desenhar o Rúnda.
      Harry baixou os olhos e observou o gato persa, que estava mais peludo do que ele lembrava e os pelos pareciam de um cinza mais claro também.
-Eu não lembro dele ter olhos tão verdes. —Belinda riu.
-Rúnda é lindo. —Disse ela olhando com carinho para o animal. —E hoje ele está tão lindo que chega a ser digno de desenhado e decidi tirar meu tempo pra isso. —Voltou os olhos para o amigo.
-Então aproveita.
-Não quer ir comigo?
-Não, valeu.
-Então toma cuidado com os gêmeos, eu não passaria muito perto deles hoje. —Harry franziu o cenho.
-Tá bom.
      Belinda o viu ir embora e suspirou, voltando a andar na companhia de Rúnda. Ela avistou Cedrico, deitado em um dos bancos do jardim e ele sorriu ao vê-la, falou algo para seus amigos e se colocou de pé, ela parou e aguardou. A menina sorriu para ele, mas antes que ele chegasse a ela, um Lufano passou usando um broche com o rosto de Harry, escrito 'Perdedor' em letras cursivas, o que a fez amarrar a cara.
-O que foi? —Questionou Diggory ao parar junto dela.
-Você é um idiota por apoiar seus amigos a usarem a merda desse boton. —Disse com simplicidade e ele viu seus olhos faiscarem.
-Eu não to apoiando nada. —Ergueu as mãos em sinal de rendição.
-Se eu ver você usando um desses, vou enfiar ele goela a baixo, fui clara?
-Calma, eu não vou usar. —Prometeu. —Até porque eu to devendo uma pro Potter.
      Belinda o encarou e ele viu os olhos escuros se estreitarem.
-Como assim? —Questionou com desconfiança e Cedrico coçou a nuca.
-Ele me contou o que vai ser nossa primeira prova. —Assumiu a contra gosto.
-E o que vai ser?
-Dragões. —Respondeu baixinho.
      Belinda sentiu a cor sumindo de seu rosto e Cedrico notou a preocupação que ela vinha tentando reprimir desde que ele e Harry foram selecionados. Lestrange sentiu Rúnda se enroscar em sua perna direita e miar em preocupação pela tensão.
-Dragões? —Sussurrou. —Vocês vão enfrentar dragões?
-Vamos sair daqui que tem muita gente.
      Belinda seguiu o amigo para longe dos ouvidos bisbilhoteiros dos alunos que andavam pelo jardim.
-Tá, estamos longe. —Disse ela quando eles estavam na estradinha que levava a cabana de Hagrid.
-Eu não sei como vai ser a prova, mas sim, tem quatro dragões.
-Um pra cada um. —Concluiu a menina e ele assentiu.
-Você que entende de dragões, o que tem a dizer? —Belinda sentiu um palavrão queimar sua língua, mas o prendeu e deu um risinho sem humor.
-Depende muito de que tipos de dragões estamos falando, mas no geral todos são ferozes e se você invadir o território deles, vão se sentir ameaçados e vão tentar atacar.
-Tem algum feitiço pra para-los?
      Belinda vasculhou sua mente por um momento, todos os feitiços que ela conhecia para deter dragões eram ataques e poderia machuca-los.
-Se eles colocaram dragões como primeira prova, vocês não poderão machucar nenhum e isso quer dizer que eu não faço ideia de como você pode para-los.
-Droga.
-Você vai ter que usar esse cérebrozinho, que eu sei que é genial, para pensar em alguma coisa na hora.
-Grande consolo.
-É pra isso que eu to aqui. —Sorriu e ele revirou os olhos.
-Eu tenho que descobri alguma coisa. —Disse ele, apreensivo.
-Então é bom ir pra biblioteca, a primeira prova é em dois dias, né? —Cedrico apontou o indicador para amiga, que riu.
-Você precisa parar de tentar me ajudar. —Zombou.
-Tem um livro na biblioteca, acho que é no corredor... três. —Informou. —Tem um dragão cinza na capa, não lembro o nome do livro, mas ele é um bom guia, talvez aja alguma coisa lá.
-Se você já leu, por que não me diz?
-Porque eu não prestei atenção.
-Você leu um livro, mas não prestou atenção?
-Eu tava irritada e tinha gente falando comigo. —Mentiu.
-Tá bom. —Sorriu e se virou pra voltar pelo caminho que viera. —Valeu.
      Belinda bufou e sentou no chão, colocando a mochila ao seu lado. Rúnda miou e pulou em seu colo.
-Nem pensar. —Disse ela pegando-o e colocando sobre uma pedra que estava a sua frente. —Você vai ficar aqui e quietinho, pra que eu possa fazer um desenho.
-Miaaaau.
      Belinda imaginou por um momento se o gato falasse, provavelmente ele a estaria xingando, o pensamento a fez rir. Rúnda rodou no próprio eixo, se esticou e depois deitou sobre a pedra, encarando a dona com seus grandes e vibrantes olhos verdes.
-Isso mesmo.
      Belinda desenhou o gato e ao fundo colocou a cabana de madeira de Hagrid, que de onde ela estava parecia menor do que realmente era. Ao fim do trabalho, encarou cada detalhe do desenho, tentando ver se deixara passar algo, quando se deu por satisfeita, o gato pareceu sentir e se colocou de pé, alongando os músculos enquanto Lestrange guardava o material na mochila.
-Vem preguiçoso. —Disse ela pegando o gato no colo e voltando para o castelo.

      Draco estava jogado no sofá de seu Salão Comunal quando a coruja entrou pela janela e depositou uma carta sobre seus pés, ele se inclinou sem muita vontade e a pegou, era a letra conhecida e elegante de sua mãe.
-Que foi? —Blaise questionou ao se jogar na poltrona ali perto.
-Carta da mamãe.
-Você não parece muito feliz com o que tá escrito.
-Eu vou ter que ir atrás da Lestrange.
-Saquei. Não é preocupação, é preguiça. —Draco sorriu de lado e assentiu.
-Sei lá onde ela tá uma hora dessas. —Bufou. —Pode estar em qualquer canto de Hogwarts.
-A última vez que a vi, ela estava no jardim, andando com o Diggory.
       Draco respirou fundo e encarou a carta, como se ela fosse lhe morder, depois se colocou de pé.
-Parece sério, pra você vencer a preguiça e ir atrás dela. —Zabini zombou.
-Só acho que ela tá encrencada. —Deu de ombros e começou a sair do Salão Comunal.
      Draco caminhou até o jardim e olhou em volta, entretanto Belinda não estava lá. Malfoy foi em direção ao Lago Negro, sabendo haver uma possibilidade enorme de encontra-la sentada ali, aproveitando o resto de luz solar para desenhar. Malfoy olhou em volta, mas ela parecia ter evaporado, tocou no bolso e sentiu a carta ali, bufou e voltou a andar a margem do Lago.
        Draco sentou em uma pedra arredondada e ficou observando o Lago, se distraiu por alguns poucos segundos, mas voltou a si quando sentiu as patas de gato em seu colo. Malfoy franziu o cenho e encarou o gato alaranjado em seu colo.
-Quem diabos é você? —Perguntou acariciando o animal entre as orelhas.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora