Capítulo Trinta e Três

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   Lestrange encarou seu reflexo no espelho e fez careta, embora ainda fosse ela, parecia muito diferente e elegante dentro daquele vestido longo, flutuante e verde-esmeralda. O tecido fino colava em sua cintura e busto, era levemente solto pra baixo e de costa trançada, o cabelo liso estava preso em um coque propositalmente bagunçado, que deixava algumas madeixas laranja soltas ao redor do rosto levemente maquiado, os olhos foram destacados de forma a parecerem mais escuros e misteriosos, somente com um pouco de sombra branca e bastante lápis e rímel, as maças do rosto normalmente pálidas estavam delicadamente rosadas e os lábios avermelhados.
-Ainda não sei porque usar a merda de um salto. –Disse ela pra Hermione. –Se você não percebeu eu sou mais alta que a maioria das pessoas da minha idade, Granger.
-Se você não notou, eu alisei o cabelo pra ficar legal, então não reclama do sapato. –Belinda gargalhou e encarou a amiga.
   Hermione parecia um tanto quanto sem graça dentro do vestido azul, que lhe caíra muito bem, o rosto com uma leve maquiagem a deixara bem diferente e o cabelo liso fazia quase difícil reconhecer a menina de cabelo selvagem que era Granger.
-Quem é você e o que fez com a Granger? –Zombou e viu Hermione corar.
-Para. –Disse rindo.
-Você tá gata e vai arrasar corações.
-Cadê a Gina e a Katia em?
-Já foram encontrar seus pares. –Deu de ombros.
-A Ginny se arrependeu por ter aceitado o convite do Neville, ela queria ter ido com o Harry. –Disse a castanha.
-Claro que queria. –Riu a menina. –Ginny tem esse tombo pelo Potter desde que eu a conheço. –Hermione riu.
-Isso é verdade.
   Belinda sorriu e colocou o bracelete de prata que ganhara de Narcisa, logo colocou o colar com um pequeno pingente de esmeralda, Draco lhe dera como presente antecipado de natal, alegando que era Narcisa que havia mandado dizendo que ia combinar com o vestido.
-Que colar lindo. –Hermione disse ao vê-lo no pescoço da amiga.
-Adivinha quem me deu. –Sorriu contente e viu a outra dar de ombros.
-Sei lá. –Pensou. –Senhora Malfoy?
-Não. –Riu. –Draco.
   Belinda viu Hermione franzir o cenho e encarar o colar novamente, mas com mais atenção dessa vez. Por fim a castanha mordeu o lábio inferior.
-Ele teve bom gosto.
-Qual é Granger? Assume que ele teve um excelente gosto.
-Talvez. –Belinda riu.
-Tá bom. –Se olhou no espelho uma última vez e suspirou. –Tenho que ir, fiquei de encontrar o Taylor no pé das escadas vai-e-vem, nos falamos depois.
-Eu vou com você.
   As duas conversavam tranquilamente enquanto desciam as escadas, logo Belinda avistou Taylor, que conversava com dois rapazes, mas assim que a viu seus amigos se foram e ele sorriu pra menina.
   Belinda recordou de todas as conversas que andara tendo com o rapaz, desde que fora convidada por ele para o baile, viviam conversando pelos cantos e sempre se encontravam na biblioteca ou corredores.
-Ele é gato. –Hermione murmurou e Bell riu.
-Não é?
-Boa noite. –Taylor cumprimentou as duas.
-Boa noite. –Hermione cumprimentou sorrindo e depois olhou pra amiga. –Boa festa.
-Pra você também. –Belinda a viu ir embora e encarou o rapaz à frente.
-Você está linda. –Disse ele.
-Obrigada. –Sorriu. –Você também tá muito bem.
-Sua gentileza me deixa com pé atrás. –Zombou. –Você não tem nenhuma daquelas pegadinhas escondidas por ai, não é? –Ela gargalhou.
-Será que tenho? –Ele riu.
-Vamos. –Estendeu o braço pra ela, que colocou sua mão levemente. –Pode segurar, eu não mordo.
-Nunca confio em quem diz isso. –Brincou e ele riu.

   Draco viu Hermione ao lado de Krum e perdeu a voz. Ele sabia que deveria fazer alguma piadinha ou provocação, mas não conseguiu, ela estava inacreditavelmente bonita. Malfoy a viu olha-lo de canto e dar um sorriso maroto de forma provocativa, como se aguardasse por sua provocação, mas ele não conseguia falar nada.
-Será que perdeu a língua, Draco? –Belinda murmurou em seu ouvido e ele virou pra ela.
   Lestrange estava na companhia de um cara moreno, mais alto que ele próprio e parecia muito relaxado com a menina se apoiando em seu braço.
-Cala a boca. –Disse ele entredentes pra ela, que só abriu mais o sorriso.
-Divirta-se. –Deu-lhe uma piscadela e logo entrava no salão com o moreno.
-Vamos Draco. –Pansy chamou toda animada.
   Belinda riu quando viu a decoração do salão, as paredes cobertas de gelo prateado com o céu escuro cheio de estrelas deu um ar romântico ao lugar e aquilo divertia a menina.
-Achei que era pra ser natal, não pra fazer uma cena romântica. –Taylor brincou ao seu lado e ela riu.
-Merlin, achei que eu tivesse sido a única a pensar assim.
-Você já viu as fadinhas nas roseiras lá fora? –Questionou sorrindo.
-Não, mas só pelo jeito que fala imagino como deve estar.
-Quem decorou deve estar apaixonado. –Zombou.
-Vamos sentar. –Disse ela rindo.
-Onde?
-Com meus parceiros de crime, não é assim que os chama? –Ela perguntou rindo, enquanto o guiava para a mesa que os gêmeos estavam.
-Belinda, amor da minha vida. –Freddie sorriu ao vê-la. –Por Merlin, você está bonita. –Fingiu surpresa.
-Porra. –Ela soltou rindo. –Obrigada, eu acho.
-O que ele quis dizer é que está mais bonita. –George sorriu.
-Não vou envenenar ninguém. –Esclareceu e sentou.
-Assim vão pensar até mal da gente. –Freddie colocou a mão no peito de forma dramática.
-Todos já pensam mal de vocês. –Marcos comentou sorrindo ao sentar com seu par.
-Cala a boca. –Mandou Belinda. –Esse aqui é Taylor, Taylor conheça os idiotas que chamo de amigos.
Taylor sorriu e cumprimentou a todos, Murilo o olhou com desconfiança inicialmente, mas dez minutos depois já havia esquecido isso e brincava tranquilamente com o rapaz.
-Essa dança dos campeões vai ser uma graça. –Bell comentou rindo.
-Aposto um galeão que Harry vai sofrer nessa parte. –Dino brincou ao lado de Manuela, que prendeu uma mecha do cabelo negro atrás da orelha. A menina parecia uma boneca de porcelana de tão pequena e com olhos tão grandes e castanhos.
-Aposto um galeão que ele vai pisar no pé da Parvati o tempo inteiro. –Freddie sorria.
-Vocês são péssimos amigos. –Angelina comentou ao lado de George e Bell concordou rindo.
-Vamos, faça logo sua aposta, Lestrange. –George chamou e ela bufou.
-Aposto que essa é a única dança de toda a noite que ele vai participar.
-Minha garota. –Comemoraram os gêmeos e ela riu.
-Vocês são péssimas pessoas. –Tami disse rindo.
   Tami era da Corvinal, uma garota baixa e de lindos olhos cor de mel, o cabelo castanhos estava todo cacheado e caia em cascata por seus ombros pálidos, fazendo um belo contraste com o vestido cor de vinho.
-Se fossemos tão ruins assim você não deixaria o Marcos te convencer a sentar aqui. –Bell zombou e ela riu.
-Vocês são más pessoas, mas não quer dizer que não são divertidos.
   Belinda sorriu, de todas as garotas que saiam com Coren, Tami era a mais legal, raramente ficava com Marcos, mas se davam extremamente bem, exatamente por ela não se preocupar tanto com o modo que o rapaz agia.
-Isso explica porque você vive com eles. –Bárbara disse rindo.
   Bárbara possuía o cabelo lindamente loiro e cacheado. Belinda ainda se perguntava onde Murilo encontrar aquela menina, já que ela não se lembrava de já ter visto a Corvinal andando pelos corredores de Hogwarts, era fácil lembrar uma pessoa daquelas, Bárbara era o tipo bonita que atraia olhares por onde passava.
   Belinda fora arrastada para a pista de dança, a qual ela dançara sem muita vontade inicialmente, mas logo se soltou e começou a se divertir ao som das Esquisitonas.
-Achei que ia ter que te obrigar a dançar! –Disse Taylor acima do som da música.
-Você obrigou! –Respondeu e ele riu.
-Vamos dar uma volta?
   Belinda aceitou, odiava ter que conversar aos berros. Logo eles saiam de dentro do castelo e andavam por entre as roseiras, Lestrange franziu os lábios ao encarar as fadinhas sentadas sobre as rosas ou voando de um lado para o outro.
-Eles se superaram. –Disse ela rindo por fim.
-Você acha? –Zombou Taylor.
-Ficou uma gracinha, não tem como negar. –Esclareceu.
-Merlin! Você dando uma opinião totalmente feminina.
-Hey! –Ela riu e deu um tapa de leve em seu braço.
-Só disse a verdade.
-Por mais que todos achem um absurdo, eu SOU uma garota. –Ele gargalhou.
-Eu ainda tenho lá minhas dúvidas.
-Muito engraçado. –Disse ela rindo.
   Belinda retirou uma madeixa que caíra em frente ao seu olho esquerdo e acabou se distraindo com uma fadinha, que voava inquieta de uma rosa pra outra. Quando ergueu os olhos pra comentar algo sarcástico com Taylor, que sempre tinha tiradas engraçadas e espirituosas, notou que ele a observava e ela sorriu.
-Seu olhar diz mais do que deveria, Parker. –Ele sorriu cinicamente.
-Não me culpe por você estar vestida como uma linda garota essa noite.
-Toda vez que me elogia parece mais estar zombado. –Brincou.
-E quem disse que não estou?
   Os dois riram e caminharam lado a lado até um dos bancos de pedra, Belinda aprendera a gostar da companhia do moreno, ele era sarcástico e divertido, o tipo de pessoa que ela sempre gostara.
-Se sinta feliz, os gêmeos não explodiram você. –Informou enquanto ele falava das brincadeiras dos ruivos.
-Isso deve ser comemorado. –Ele sorriu.
-Não comemoraria antes do tempo. –Brincou.
-Qual é? Me deixa ser feliz.
-Não, meu trabalho é estragar sua felicidade.
-Você é muito irritante, já te falaram isso?
-Todo dia. –Disse ela muito séria e os dois começaram a gargalhar.
-Merlin, onde eu fui me meter?
-Você me chama de contrabandista, de traficante, entre várias outras coisas nada lisonjeiras. Ainda espera que tenha se metido em um bom lugar?

   Draco observou a castanha dançar com Krum, ela parecia tão mudada que ele não a reconheceria se fosse em outro lugar. Mas ainda que o cabelo liso mostrasse mais seu rosto, ele ainda a preferia com os cachos.
-Merda. –Xingou baixinho, se repreendendo por estar lhe observando e virou pra Audrey. –Quer dar uma volta?
-E a Parkinson?
-Ela vai sobreviver por me perder no meio da festa.
-Certeza? –Perguntou brincalhona, mas segurou seu braço, pronta pra sair dali.
   Zabini encarou o amigo e rolou os olhos, Draco riu e olhou Crabbe e Goyle, muito concentrados na comida em seus prato. Ele sabia que logo Pansy estaria de volta do banheiro.
-Aonde vamos? –Questionou ela enquanto se afastavam do barulho.
   Draco entrou numa sala e logo a empurrou contra a parede, beijando a menina com intensidade, ela agarrou o cabelo loiro com vontade e retribuiu com empolgação. Os babados do vestido eram irritantes e ele acabou por rasgar um e outro.

-Você acabou com meu vestido. –Resmungou ela quando tentava o arrumar novamente.
-Deveria usar menos babado. –Provocou e ela riu.
-Claro, só porque você quer, Malfoy. –Ele riu.
-Jamais. –Roubou um beijo da menina, que riu quando ele se afastou.
-Vou pro meu quarto, você conseguiu acabar com a maquiagem, roupa e cabelo.
-Ponto pra mim então. –Ele disse rindo.
-Idiota. –Falou ela rindo enquanto ele saía da sala.
   Draco caminhou até o jardim, precisava tomar um ar, estava andando distraidamente quando se deparou com Belinda beijando o moreno que a acompanhara ao baile. Ele poderia ter gargalhado e sacaneado naquele momento mesmo, entretanto deu meia volta e decidiu voltar para o salão.
-Você realmente é uma menina. –Brincou Taylor ao se afastar um pouco e ela gargalhou.
-Olha que eu não teria tanta certeza. –Ele riu.
-Até parece.
-Seria estranho eu dizer que to morrendo de fome? –Questionou ela muito tranquilamente e ele gargalhou.
-Seria estranho se justo você me dissesse não estar com fome, Lestrange.
-Mas que merda. –Disse se colocando de pé. –Até você?
-Eu o que? –Perguntou se levantando pra acompanha-la.
-Perturbando porque estou com fome.
-Não é isso, o caso é que você vive com fome.
-Calado. –Mandou e ele riu.
   Belinda ria e conversava animadamente com Taylor enquanto voltavam pro salão, quando estavam pegando bebidas, a menina viu Draco, que a encarou cheio de deboche e gesticulou para o moreno ao seu lado.
-Desgraçado! –Soltou ela rindo.
   Lestrange sabia que quando encontrasse e parasse pra falar com Draco, ele pegaria em seu pé e a infernizaria a vida, mas ela sorriu de canto, imitando o loiro, afinal ela tinha uma moeda de troca para o fazer calar.
   Draco a viu sorrir e encarar Granger de sobrancelha erguida, o que o fez parar de sorrir e virar para continuar a conversa com Pansy, que já desistira de saber onde ele havia estado.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora