Capítulo Quarenta e Nove

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         Belinda suspirou e seguiu para o último vagão, não estava disposta a longas conversas e despedidas naquele dia, mas encontrou Taylor no meio do caminho, ele estava com Flavinha e Jonathan.
-E aí Leoazinha? —Flavinha cumprimentou.
-Oi Nerds. —Ela devolveu com um pequeno sorriso.
-Senta com a gente? —Jonathan convidou.
          Taylor estudou a expressão da menina e sorriu, passando o braço por sua cintura e a puxando pra si.
-Não mesmo, iremos dar uma volta. —Ele disse com tranquilidade, já a levando dali. —Nos falamos depois.
-Vão lá, pombinhos. —Flavinha zombou.
         Os dois caminharam em um agradável silêncio até o final do último vagão do Expresso, como sempre a última cabine estava vazia, as pessoas quase não vinham para o final do trem, o que era um alívio quando queria privacidade.
-Valeu. —Disse ela quando se jogou em um dos bancos.
-Sem problema. —Ele deu um sorriso de canto. —Sabia que você não queria ficar lá.
         Lestrange assentiu e o encarou, Taylor olhava pela janela, vendo as paisagens passarem rapidamente.
-Você não me parece bem. —Disse ela e ele a encarou.
-Eu não pareço bem? —Havia um leve tom irônico, que a fez bufar.
-Eu não estou bem e isso não é segredo, mas você também não parece na sua melhor forma. —Ele sorriu.
         Belinda se questionou sobre o que deixara passar desde a morte de Cedrico, havia algo diferente em Taylor e ela não sabia desde quando, tentou puxar na memória, mas não conseguiu, estava tudo embaçado, como se ela tivesse passado os últimos dias vendo as coisas através de um vidro sujo.
-Não é nada demais. —Assegurou e ela bufou, o que atraiu a total atenção do rapaz. —Que?
-Eu que pergunto. —Revirou os olhos e se inclinou pra ele. —O que você tem? O que aconteceu?
         Taylor sorriu e se inclinou pra ela.
-Só estou preocupado.
-Por que?
-Alguns problemas na minha casa. —Deu de ombros. —Ainda não sei ao certo. E ainda tem você.
-Eu? —Ela fez careta e ele sorriu.
-Sim, você.
-Por que? —Taylor rolou os olhos e passou a mão no cabelo.
-Porque você não está bem e vai ter que passar as férias com os Malfoy.
         Lestrange sentiu o estômago embrulhar e assentiu.
-Não precisa se preocupar.
-Até parece. —Ela sorriu, o primeiro sorriso de verdade em dias.
-Ficarei bem e lhe bombardearei com cartas. —Brincou e ele riu.
-Não sei se acredito nisso.
-É um absurdo duvidar da minha palavra. —Brincou e se ergueu, logo se jogando no mesmo banco que ele. —Eu ficarei bem, sempre fico.
-Espero que sim. —Disse ele colocando uma madeixa, que caíra sobre os olhos da menina, atrás da orelha. —Pelo menos o Draco vai tá lá.
-Tá vendo? Ele não é tão inútil. —Ele riu.
-Ele parece gostar de você.
-Nos damos muito bem. —Sorriu ela novamente e depois beijou o menino, que sorriu e a puxou para mais perto, aprofundando o beijo.
        Belinda e Taylor conversaram durante grande parte da viagem, depois que ela se sentia mais calma decidiu ir para junto dos amigos, que não falava direito desde antes da morte de Diggory.
-Quer companhia? —Taylor quis saber, ao ver a insegurança de Belinda.
-O que te leva a pensar que preciso? —Ele riu.
-Sua cara de quem parece que vai sair correndo a qualquer momento.
-Palhaço. —Ele lhe deu um beijo amigável na testa.
-Vai lá, Lestrange.
        Belinda abriu a porta da cabine e eles a encararam surpresos, a analisando cuidadosamente.
-Oi. —Cumprimentou ela.
-E ai? —Daniel lhe deu um sorriso pequeno e incerto.
-Qual é? —Disse a menina, já entrando na cabine e fechando a porta atrás de si. —Eu fui uma pessoa insuportável esses dias, eu sei, mas...
-Belinda. —Douglas cortou de modo sério. —Você não foi insuportável, você é insuportável.
-Mas pela primeira vez teve motivo. —Marcos concordou e ela rolou os olhos.
-Idiotas. —Xingou.
-Olha quem fala. —Murilo lhe sorriu e ela se sentou ao seu lado.
-Mas e ai, tá melhor? —Daniel perguntou e ela deu um sorrisinho.
-Melhorando.
-Já é um começo. —Marcos falou sorrindo.
-E já falou com seu namoradinho nerd? —Douglas brincou.
-Não somos namorados...
-Ainda não. —Murilo zombou e ela fingiu não ouvir.
-Mas já falei com ele, por que?
-Ele tava preocupado com você. —Doug deu de ombros. —E bem, acho que ele e Hermione não aguentavam mais nenhum de nós.
-Nem a Ginny. —Marcos concordou.
-Vivíamos atrás de notícias e eles eram as melhores fontes. —Daniel informou.
-Pobrezinhos. —Disse ela e eles riram.
-A culpa disso tudo é tua. —Murilo brincou.
-Minha porra nenhuma, não mandei vocês serem os amantes mais irritantes do mundo. —Ela falou com tranquilidade e todos riram.
         A viagem adotou um ar mais leve, Belinda sabia que esse humor mais calmo se devia as horas noturnas que Gina e Hermione perdiam de sono para tentarem conversar com ela, as horas de ameninades com Draco e as horas de silêncio tranquilizador e conversas com Taylor.
         Belinda suspirou cansada quando sentiu o trem começar a parar e ouvir os barulhos de agitação dos alunos que começavam a sair do trem e irem atrás de suas famílias na plataforma.
-Preciso procurar o Draco. —Anunciou se colocando de pé e viu olhares nada felizes atravessarem os rostos dos amigos.
-Eu vou com você. —Tayner se ofereceu ao mesmo tempo que Daniel.
-Tem certeza? —Ela encarou os dois. —Sei que estão todos recentidos com o fato de eu estar tanto com o Malfoy.
-Eu... É... —Murilo começou, mas não parecia saber o que dizer.
-O cara é um idiota e parece que... —Marcos estava disposto a começar as brigas constantes que levavam o nome de Malfoy.
-Só saibam que eu não pretendo brigar com vocês por causa do Malfoy, mas repetirei o que já disse várias vezes, Draco e eu somos os únicos adolescentes na mansão e não é por causa da raiva que qualquer um aqui sente por ele que irei me afastar. —Daniel estava encostado casualmente no batente da porta. —Não estou pedindo que virem amigos, mas...
-Quer a verdade? —Marcos perguntou, se colocando de pé e ficando de frente para ela. —Ninguém consegue aceitar que você prefira aquela Fuinha Idiota quando não está bem, podia ser qualquer um, mas você corre pra ele quando as coisas dão errado.
         Belinda travou a mandíbula e fechou as mãos em punho, sentindo a raiva ser renovada.
-Sabe por que corro pra ele? —A voz estava baixa e com uma calma estranha. —Porque mesmo que ele não goste de você ou de qualquer amigo meu, ele não fica me cobrando merda nenhuma e ao contrário de vocês, me apóia quando digo que irei falar com vocês ou sair, diz pra ir, não começa a falar todos os defeitos e motivos pra que eu não vá. —Ela bufou. —Boas férias.
         Belinda sentiu quando ele segurou seu pulso.
-Bell, des...
-Era a verdade, não foi o que disse? Que me diria a verdade. —Puxou o pulso.
-Merda. —Escutou um som de algo batendo contra a parede enquando se afastava da cabine.
         Belinda acelerou e limpou uma irritante lágrima que insistia em cair.
-Lestrange. —Douglas a segurou pelo pulso.
-Não vem tentar minimizar o que aconteceu. —Mandou ela, virando para Daniel e Douglas, soltando seu pulso. —Eu sei que vocês também concordam com eles e...
-Obviamente ficamos chateados de você ir atrás dele e ter nos ignorado por tanto tempo, mas sabemos que vocês são amigos e que o Draco pode ser o maior idiota do mundo, mas cuida bem de você. —Daniel disse.
-E ele se preocupar, pra gente, é o suficiente. —Douglas completou e ela assentiu, secando mais uma lágrima teimosa.
-Por que é tão difícil pra eles entenderem? É irritante. —Bufou. —Olha, vou atrás do Malfoy, porque se ele já tiver saído do trem ficará no meu pé pelo resto do dia. —Suspirou. —Vão cuidar dos dois idiotas, apesar de tudo eu os amo.
         Daniel riu e a abraçou, dando um beijo no topo da cabeça da amiga.
-Boas férias, Lestrange.
-Pra você também, Olivier.
         Douglas logo se despediu da mesma forma.
-Nos falamos em breve. —Anunciou o loiro.
-Mandem cartas.
-Igualmente. —Olivier disse lhe dando uma piscadela antes de se virar e ir embora.
         Belinda voltou a procurar por Draco, que foi encontrado no chão de uma cabine, junto a Crabbe e Goyle. Lestrange invadiu a cabine e se abaixou ao lado do loiro, arregalando os olhos assim que viu o seu rosto.
-Que merda é essa? —Ela o sacodiu. —Malfoy. Draco. —Sacodiu com mais força. —Vamos idiota, abre os olhos.
         A menina bufou e se colocou de pé, puxando a Varinha do bolso do jeans e apontando diretamente para o peito de Draco. Enervate era um feitiço aparentemente simples, mas que ela levara algum tempo para aperfeiçoar.
         Malfoy abriu os olhos e sentou imediatamente, olhando rapidamente para os lados, até encontrar Lestrange na porta. O rosto cheio de bolhas estranhas, um bigode de rato e nariz de coelho, fez Belinda começar a rir, cada vez que Draco virava a cabeça, o nariz de coelho se mexia, farejando o ar.
-Quer uma cenourinha? —Zombou. —Ou seria melhor um queijinho? Ainda tô confusa se te chamo de rato ou coelho.
-Do que você tá falando?
-Bem, você está feio como um Trasgo.
-Aquele maldito Potter. —Soltou uma série de xingamentos enquanto se colocava de pé e encarava seu reflexo na janela. —Que merda ele fez comigo?
-Pensa pelo lado positivo, o Crabbe tem tentáculos agora. —Disse ela rindo.
-Como vou sair daqui?
        Belinda rolou os olhos e puxou o casaco de moletom preto com capuz da mochila, jogando para o loiro em seguida. O moletom fora originalmente do próprio Malfoy, até Belinda pegar pra si.
-Vai ter que comprar uma nova pra mim, não vou usar depois de pegar nessas coisas horríveis no seu rosto.
-Eu te odeio.
         Belinda suspirou e olhou para os dois idiotas no chão, logo acordando-os e puxando Draco para fora, deixando Crabbe e Goyle olhando atordoados ao redor.
-Vamos sair logo daqui. —Disse a menina. —E mantém a cabeça baixa.
         Draco não disse nada, só jogou a própria mochila na costa, puxou o capuz para frente do rosto o máximo que pôde e seguiu Lestrange. Narcisa os aguardava ali perto, mas a menina viu Taylor antes, que sorriu e se aproximou.
-Ah, não. —Draco murmurou.
-Um minuto.
-Belinda. —Rosnou ele, mas Taylor já estava na sua frente.
-Boas férias. —Disse ela sorrindo e o abraçando.
-Pra você também.
-Tenho que ir, já estou atrasada na verdade.
-Até mais. —Ele olhou para o lado e sorriu. —Boas férias, Malfoy.
-Tá. —Draco praticamente rosnou para o menino, que encarou Belinda de modo confuso, ela ria e deu de ombros.
-Depois mando uma coruja.
         Draco a pegou pelo pulso e puxou pra longe, enquanto a menina ria, Taylor sorriu, fazia tempo que não escutava a risada dela.

A Filha Das Trevas (LIVRO 1 - COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora