6.-Se não queres viver comigo, não vais viver de todo.

299 18 13
                                    

[Lizzie.pov.on]

Árvores, frio, mato, folhas que eram arrastadas pelo vento, gritos constantes, ameaças. É tudo o que vejo e oiço.

Acordei numa cabana, longe de tudo o que conheço. As minhas pernas e os meus pés descalços encontram-se cansados de fugir. As minhas mãos cheias de sangue e eu sem saber se todo ele me pertence. Até que olho para a minha barriga e reparo no enorme corte feito de lado, que com toda a adrenalina não me doía. Até este momento. 

Sem mais forças para continuar, desisto de correr. Desisto de fugir. Aceito que Harry me irá apanhar eventualmente e que não há sítio em que eu me possa esconder.

-Elizabeth!-oiço-o novamente, desta vez mais perto. 

Deixo-me cair em cima do monte de folhas que se encontram na terra. Lágrimas escorrem-me pelo rosto e tudo o que me vem à cabeça é Liam. Liam e o meu bebé. 

-Onde quer que estejas, não deves estar longe!-ele grita novamente e eu encolho-me.

Depois de uns segundos, tudo o que passo a ouvir é o completo nada. Nem gritos, nem o vento, nem o barulho dos grilos que ecoavam pela floresta toda. Nada.

E é neste momento que o vejo. Parado a poucos metros do meu corpo estendido no chão e a olhar-me nos olhos. A minha pele gela e todas as esperanças que eu tinha de viver desaparecem assim que o vejo caminhar até mim num passo rápido. 

Assim que ele chega perto de mim, vejo tirar uma arma do bolso das calças. Ele baixa-se de forma a ficar perto da minha cara e encosta a arma na minha testa.

-Se não queres viver comigo, não vives de todo.-ele sussurra e prime o gatilho.

A minha respiração acelerada acorda-me. Sento-me na cama bruscamente, completamente assustada com o pesadelo que acabei de ter. Nos últimos dias não dormi porque estava no mesmo sítio que ele...desta vez não estou, e mesmo assim é ele o motivo de eu continuar acordada. Os pesadelos com Harry nunca vão passar? 

-Amor...-Liam sussurra e assim que repara que estou sentada levanta-se rapidamente.-Está tudo bem??

-Não consigo dormir.-meto as mãos na cabeça.-O 

-Pesadelos?-ele pergunta agarrando na minha mão e eu digo que sim com a cabeça.-Eu estou aqui e ele não te vai fazer mal novamente.

-Eu só quero dormir bem e descansada novamente.-murmuro evitando as lágrimas que queriam sair.

-E vais. Eu vou estar em casa durante um tempo, o tempo que for necessário para que a polícia o apanhe. 

Solto um suspiro de alívio que não sabia que estava a conter.

-Eu não vou deixar-te sozinha novamente, Lizzie.-ele beija a minha testa.-Tenta dormir agora. Eu ligo a televisão e fico entretido a ver um programa qualquer. Dessa forma consegues dormir descansada sabendo que eu estou aqui, acordado. Bem acordado. 

-Mas...

-Por favor. São quatro da manhã e tu precisas de descansar.-ele pede e eu cedo.

Aconchego-me no peito de Liam e fecho os olhos. Só espero não voltar a ver a cara de Harry nos meus sonhos.

***

Depois do que pareceu uma hora, mas na verdade foram cinco, Liam acorda-me para irmos à esquadra.

Ambos nos vestimos rapidamente, querendo apenas despachar isto.

Saímos de casa e em vinte minutos estamos na polícia. Dou o meu depoimento ao polícia que se encontrava ao balcão e depois sento-me num banco, tendo em conta que me pediram para esperar mais um bocado. 

Depois do que pareceu uma eternidade, finalmente sou chamada.

-Detetive John Ramos.-um homem aperta a minha mão.-Vamos para uma sala, que tal?-ele pergunta e eu assinto após convencer o Liam de que não preciso da companhia dele para isto. Na verdade, preciso, mas não quero deixá-lo como o deixei ontem depois de contar-lhe tudo.

Entramos numa pequena sala e eu sento-me na cadeira em frente do detetive.

-Já fui informado do motivo de estares aqui. Dizes que foste raptada?-ele pergunta tirando um bloco de notas do bolso.

-Eu fui raptada.-respiro fundo tentando não me irritar com a pergunta dele que, de certa forma, pareceu-me duvidar de mim.

-Claro. Não estou a duvidar disso Sr.Matheus mas, a questão é que muitas pessoas entram neste edifício com todo o tipo de queixas e, na maioria dos casos, é tudo inventado. A verdade é que no bairro em que estamos não é costume existirem assaltos quanto mais raptos.

-Isso não significa que não possam acontecer.-respondo agressivamente, sem paciência para que duvidem de mim.

Ele olha-me nos olhos antes de cruzar as pernas e se encostar na cadeira. 

-Afirmas conhecer o raptor, estou correto?-ele pergunta.

-Sim. O nome dele é Harry Styles, namorámos há uns anos e nunca mais o tinha visto desde que acabámos.-respiro fundo.

-Então, acabaram há uns anos e agora, vindo do nada, este tal de Styles decidiu bater à tua porta, esperar que decidisses abrir a mesma e de seguida levar-te consigo? Tudo isto parece-me o oposto do que um raptor faz. Eles não batem à porta como se estivessem a pedir permissão para entrar, eles simplesmente entram. 

-Bem, não me parece que ele seja um profissional em raptar pessoas.-olho para o polícia com desprezo. Não acredito que isto está a acontecer.-Porque raios é que eu ainda estou aqui? Eu já dei o meu depoimento ao polícia que está na entrada e não me parece que esteja nesta sala para contar mais sobre o que se passou mas sim para ser julgada sobre se aconteceu mesmo ou se estou a inventar!

-Elizabeth...posso tratá-la por Elizabeth?-ele pergunta antes de continuar e eu dou a minha permissão.-Eu trabalho como detetive há vinte e cinco anos e já vi de tudo. Desde pessoas que foram realmente raptadas, violadas e mortas até pessoas que inventam os cenários mais horríveis porque querem atenção. Temos que ser realistas aqui. Tu tens zero provas, não tens foto do agressor que dizes conhecer, não tens marcas no corpo e...

-Deixe-me pára-lo por aí, Detetive Ramos.-interrompo levantando-me.-Eu não estou a inventar isto. Eu não preciso de atenção muito menos de estar aqui sentada a ouvi-lo duvidar de tudo o que contei. Os últimos dois dias foram um inferno, tive que lutar sozinha estando grávida, tive que manter-me forte pelo meu filho portanto lamento imenso se não tenho marcas no corpo que comprovem isso mas a verdade é que tive que colaborar para que ele não me batesse. E sabe que mais? Trabalha há vinte e cinco anos neste departamento e ainda consegue ser um homem arrogante, mal educado e insensível. Tenho-lhe a dizer que não consigo imaginar como raios se tornou num detetive a agir desta forma.

O homem de cabelos pretos olha para mim surpreendido pela resposta que acabei de dar. Eu caminho até à porta, pronta para sair desta sala e falar com outra pessoa. Isso até que a sua voz me prende.

-Nós iremos pegar na descrição do suspeito e fazer um retrato para que possa ser identificado. Vamos procurar a sua morada e vamos encontrá-lo. Até que isso aconteça, ficas em casa. Vamos fornecer-te segurança policial para que estejas completamente segura.-ele diz levantando-se.-Trabalho há vinte e cinco anos e é por isso que sei reconhecer quando é que alguém não está a mentir, Elizabeth. Só precisava de o confirmar.

Solto um suspiro de alívio e olho-o nos olhos. De seguida, ele estica a sua mão para que eu a aperte e assim o faço. 

Olá!

Foto na mídia - Lizzie 

Votem e comentem!

Beijinhos!

Save Her // Harry StylesOnde histórias criam vida. Descubra agora