Mama told me when I was young
Come sit beside me, my only son
And listen closely to what I say
And if you do this it will help you some sunny day
Take your time, don't live too fast
Troubles will come and they will pass
Go find a woman and you'll find love
And don't forget, son, there is Someone up above
And be a simple kind of man
Be something you love and understand
(Simple Man – Lynyrd Skynyrd)
Jeb
É estranho o tipo de coisas de que a gente se lembra. E mais ainda as que a gente esquece.
Tudo bem, alguém pode argumentar que estou ficando velho. Que diabos, não se pode impedir o tempo de fazer seus estragos! Mas eu não sou tão velho assim e meus parafusos não pretendem se aposentar tão cedo, se querem saber. Está certo que os filhos da mãe sempre seguiram sua própria lógica de funcionamento, mas acho que entendo o suficiente da minha própria cabeça para saber que está tudo em ordem. Ou algo que se pode chamar assim. De qualquer maneira, não é disso que estou falando.
Nem falo de coisas como não saber onde foram parar os óculos que estavam o tempo todo na sua cara, mas das peças que nossa memória, essa sujeitinha caprichosa, nos prega, não importa em que idade. Como quando penso em meu irmão Trevor, por exemplo.
Ele era só um molecote mal saído dos cueiros quando eu me mudei para a cidade, para trabalhar numa das fábricas de produtos agrícolas que se instalavam na região. Naquela época, os garotos, ainda mais os de fazenda como eu, tinham que se tornar homens muito antes dos rapazolas de hoje, então eu estava fazendo minha parte, mas toda vez que podia, ia visitar minha família e me permitir ser um pouco filho de novo.
Ser o irmão mais velho de Magnólia não era muito divertido, mas Trevor conseguia me fazer sentir especial de um jeito que só as crianças conseguem e, naquela época, eu precisava disso. Nunca levei muito a sério essa história toda de "adolescência", naquele tempo a gente virava homem e pronto, mas havia uma porção de coisas para as quais eu não estava preparado ainda. Como me sentir extremamente sozinho e um completo imbecil tentando fingir que era dono da minha vida, por exemplo. Não que eu jamais fosse admitir para alguém, ou para mim mesmo, mas olhando para trás agora, eu sei.
E então esse moleque que se grudava em minhas pernas para que eu não fosse embora, que gritava de empolgação quando íamos jogar bola e que achava que eu era o cara mais bacana do mundo, me fazia sentir assim mesmo: como o cara mais bacana do mundo. E eu me lembro exatamente do som da risada dele e do cheiro da bola de couro e trapos que nós usávamos, misturado com a poeira do quintal.
Lembro de coisas bobas como essa e das coisas grandes, como o orgulho que senti quando ele entrou para a universidade, o primeiro da família, e de como foi bom vê-lo se casar com Linda e se ajeitar na vida, embora nessa época ele já tivesse decidido que eu e Maggie não éramos bons o suficiente para ele, que Deus abençoe seu coração tolo.
Eu me lembro de todo tipo de coisas, mas há dias em que o rosto dele me escapa e eu preciso olhar Mel e Jamie até o ponto de assustá-los, apenas para recompor um pouco das feições do pai deles em minha memória. Em dias assim, lembranças são coisas estranhas e dolorosas, ainda que no mundo em que vivemos agora, elas sejam tudo o que temos.
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Coração Deserto 2 - O Futuro O Espera
Fanfiction"Agora entendo que existem infindáveis nuances de cinza entre o branco mais puro e o preto mais escuro. Há inúmeras possibilidades entre a obviedade do certo e o absolutamente errado. Tudo o que me importa agora é que cada uma das decisões erradas q...