The world is closing in
Did you ever think
That we could be so close, like brothers
The future's in the air
I can feel it everywhere
Blowing with the wind of change
Take me to the magic of the moment
On a glory night
Where the children of tomorrow dream away
In the wind of change
(Wind of Change – Scorpions)
Fords Águas Profundas
Novos paradigmas. É essa a expressão para um processo que sempre me intrigou. Transformação. Algo que me deixa maravilhado neste lugar.
Acho que é tão necessário quanto respirar.
De tempos em tempos, a percepção que nos permite vivenciar o mundo em conjunto aos nossos pares se transforma. É assim que a vida segue, a mudança é um curso natural e esperado.
Oficialmente, as ideias sobre a integração dos humanos remanescentes em nossa sociedade já estavam circulando há meses agora, mas há bem mais do que isso — na verdade, praticamente desde que nossa população se tornou maioria absoluta — muitos de nós vínhamos nos perguntando sobre o quão justos eram nossos medos.
Humanos morriam de doenças que podíamos curar com facilidade. Provavelmente, havia pessoas vivendo sob condições precárias, passando inúmeras necessidades que poderiam ser evitadas.
Esses vinham sendo os argumentos principais utilizados nas mídias para sensibilizar a população.
O que me levava a uma questão terrível: o que isso tudo dizia sobre nós, se sempre soubemos dessas coisas e não fizemos nada antes?
Por medo... Pelo bem comum. De quem...?
— Nossa espécie tem que zelar por si. E a segurança é parte essencial disso. Os humanos são perigosos. O fato de serem minoria ainda não torna prudente nos esquecermos desse fato — decretava Darren, meu antigo assistente, tentando ser compreensivo, mas firme.
Eu me afligia e me calava diante do argumento, sem ser capaz de contestá-lo habilmente, mas sentindo em meu íntimo que aquela só podia ser uma lógica insustentável. E, no fundo, Darren também sabia. Assim, a cada vez que tínhamos a mesma discussão, eu me sentia capaz de demovê-lo mais um pouco da posição rígida comum à maioria das Almas, já que, como Curandeiros, nós não podíamos nos dar a esse luxo.
Além disso, havia outro motivo para que eu quisesse conversar sobre minhas aflições com Darren, especificamente, mais do que com qualquer outra pessoa. Porque eu confiava nele. Porque me importava muito com o que ele pensava. E isso já fazia algum tempo.
Nós estávamos juntos desde que, pouco depois de minha mudança para Chicago, ele me seguiu, dizendo que não via sentido em manter distância quando sempre aprendia algo comigo e gostava tanto de estar ao meu lado. A diferença de lá para cá era a nossa percepção, nos últimos anos, de que nossa relação não era meramente profissional. Ou apenas de amigos.
Contudo, apesar de uma clara propensão às emoções humanas — coisa com a qual ele se adaptou bem mais facilmente do que eu — Darren não era do tipo que gostava de pensar nas implicações do mundo fora de sua "bolha". A única de suas características que verdadeiramente me incomodava, embora eu tentasse não me focar nisso. Afinal, as qualidades eram maiores no que me dizia respeito.
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Coração Deserto 2 - O Futuro O Espera
Fanfic"Agora entendo que existem infindáveis nuances de cinza entre o branco mais puro e o preto mais escuro. Há inúmeras possibilidades entre a obviedade do certo e o absolutamente errado. Tudo o que me importa agora é que cada uma das decisões erradas q...