Annabel

214 14 3
                                    

Café. Uma das minhas bebidas favorita. Temos três maquinas de café na escola, todas recém-instaladas. Uma no refeitório, outra ao lado do atelier de pintura, que segundo, Mr. Daniel, foi ele quem exigiu que a colocassem ali. Já a terceira, fica próximo aos banheiros.

As trocas de aulas são sempre tumultuosas quase nunca encontro Lexia. Era meu período vago após uma longa aula de matemática. Mr. Johnson ainda parece me odiar. Segui em direção a maquina de café ao lado dos banheiros. Do longo corredor um barulho ecoava. Era como se alguém jogasse basquete.

Não era um jogador de basquete. Era Adam. Ele socava a maquina de café.

- Ei! – eu gritei. Ele me olhou. – Você irá quebra-la.

- Já está quebrada!

Adam se afastou da maquina de café no momento exato em que o sol fraco atravessou a janela de vidro e refletiu em seus olhos negros caleidoscópicos.

Peguei um copo descartável e apertei o botão da maquina, demorou alguns segundos, mas o café começou a sai lentamente. Sem olhar, eu sentia os olhos de Adam sobre mim, ele me observava atentamente.

- Não está quebrada! – olhei para ele.

- Bom gosto! – ele falou, ainda com os olhos em mim.

- O que?

- A camiseta. – ele apontou se afastando.

Eu vestia uma camiseta surrada do The Smiths.

...

Mais tarde naquele mesmo dia, meus olhos percorreram o refeitório, e param em Adam, que me observava com um caderno nas mãos.

- O próximo período é de teatro? - Lexia perguntou, enquanto levava um pedaço de torta à boca.

- Sim... - um rangido do banco me interrompe.

Jackson agora me encara a poucos centímetros. Meus olhos fixam-se em sua camiseta: Eu Luto Pela Floresta.

- Esta fazendo parte de algum grupo de ativista? – Lexia o perguntou.

- O que? – ele olhou para a própria camiseta. – Não, Não! – ele respondeu com certo desdém. - A minha camiseta rasgou no treino e alguém me emprestou essa.

Ao meu lado, os olhos de Lexia se reviraram em desprezo. O sinal soou, e Jackson se levantou.

- Você não apareceu na festa. – ele falou. – Mas, não faltará oportunidade. – Jackson falou e saiu correndo.

- Por que Gabriella Thompson esta nos olhando? – sussurrei a Lexia.

- Simples! Jackson White e Gabriella Thompson namoravam. – Lexia me olhou. – Jackson White é o maior narcisista que você irá conhecer. Ele é um babaca, e é encrenca. – os olhos de Lexia se voltam a Adam agora. – Mas, não mais que o Agostini.

Lexia e eu caminhamos em direção ao auditório. Lexia tagarelava sobre os moradores de Sirius Falls.

Lexia empurra um lado da porta e eu empurro o outro, que tem o dobro do nosso tamanho. Do fundo do auditório, dois pares de olhos me observavam. Suas mechas azuis reluziam sobre a luz amarelada.

- Droga!

Sons de instrumentos musicais tomam a atenção de todos.

- VOCÊS SÃO ALUNOS DE MUSICAS OU BALLET? Um. Dois. Três.

Os alunos de musicas entram no teatro tocando seus instrumentos, um professor de vinte e tantos anos entra liderando, tocando violoncelo. Entre os alunos de musica, alguém familiar acabará de entrar. Adam e os outros quatro amigos.

- O que está acontecendo aqui? – Perguntou a professora de teatro.

- A nossa sala está em reforma. – respondeu o professor. – Iremos dividir o auditório por algum tempo.

O auditório foi dividido, a aula de musica parecia ser mais interessante do que a aula de teatro.

- Parece que temos uma aluna nova. Quem é você e o que toca? – a voz do professor de musica ecoou.

A garota de mechas azuis se aproximou, eu observava o sorriso em seu rosto. Ela não parecia à mesma garota do corredor, era como se ela mudasse de personalidade a cada minuto.

- Olá! Eu me chamo Annabel Phillips, e toco um pouco de tudo... – ela falava com a voz firme.

Era quase final de aula, quando o professor se apresentou. Seu nome era Tom. Ele nos encarou.

- Ei, alunos de teatro?! Que tal vocês tentarem tocar alguma coisa conosco? - o professor falou em tom desafiador.

Um silêncio tomou o auditório. Todos nos observavam. Lexia em poucos segundos, colocaria fim a isso.

- Piano? - Lexia perguntou.

- Claro! Esta de baixo do pano branco, ali no canto. – apontou o professor.

Lexia então puxou o pano, revelando um lindo piano de cauda. Ela começou a tocar. Seus dedos deslizavam sobre o piano. Nesse momento parece só existir Lexia e o piano no universo. A melodia abraçará o auditório.

Sinto uma dor intensa nacabeça e em seguida, a minha visão ficou turva, minhas pernas falharam. Tudocomeçou a girar ao meu redor. O tempo pareceu congelar. O som do piano ficou mais baixo e mais baixoaté que o meu corpo desabou no chão. Então, tudo ficou escuro.

Seres das Sombras - O ValeOnde histórias criam vida. Descubra agora