Congregação

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Eu segurava um livro de álgebra enquanto me preparava para fechar o armário quando senti alguém tocar o meu ombro. O toque inesperado fez-me sobressaltar.

- Ei! – Tom parecia atônico. – Seu pai está investigando o caso de Alicia Foster e o de Monalisa Ulric?

- Sim, ele está! – falei, e em seguida toquei seu ombro. – Me desculpe Tom, mas eu não sei nada sobre o caso.

Tom se virou e caminhou para longe. Ele estava tentando solucionar o caso por conta própria há dias, quando reaparecia na escola estava frustrado e atônico, nem o seu melhor amigo, Cameron parecia poder ajuda-lo. Tom estava perdido e ninguém parecia poder trazê-lo de volta para casa. Ele havia perdido sua bússola.

Enquanto eu observava sua silhueta sumir entre os outros alunos, Adam se aproximou.

- Não se culpe, ninguém pode ajuda-lo. – seus cabelos brilhavam com o sol de final de outono. – Ele precisa se reencontrar sozinho. Eu sei como é se sentir sozinho e que ninguém pode te ajudar.

- E se ele nunca achar o caminho de volta para o mundo real e se, ele ficar perdido para sempre como o meu pai?

- Então a sua alma será vazia para sempre!

Na hora do almoço Adam disse que me mostraria mais sobre os Agostini. Ele segurava um papel com um brasão que parecia me hipnotizar, era como se eu conhecesse aquela figura há milhares de anos.

- É medieval

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- É medieval. – Adam falou, percebendo meu interesse. - Duas adagas, representando a Força e a Persistência, e no meio, o nome da família. Minha mãe leva a serio todas essas coisas de ancestrais e o legado.

- Sua família tem um brasão?! Isso é o máximo!

- Não quando você tem uma congregação todo final de semana. Honra e mais honra e blá, blá e blá... Ser um Agostini é um saco! - Adam acendeu um cigarro. - Ser uma Miller não deve ser muito ruim, estou certo?

- Se não ter um brasão, uma história, até mesmo uma família - faço uma pausa. -, então sim, é ruim!

- Todos têm uma história! – ele olhava para o longe. - Tenho uma congregação dos Agostini's no sábado, se você quiser, poderá me acompanhar. – ele me olhou como se precisasse da minha resposta para sobreviver. - Não que seja algo importante, mas, você precisa ver com seus próprios olhos!

- Claro! – sorri. – Até sábado.

...

Quando o sábado chegou, eu estava em desespero. Tudo que eu queria era dizer que eu não poderia ir à congregação, queria dizer que eu estava com uma gripe forte ou, que eu precisaria cuidar de Max. Mais de alguma forma, tudo parecia estar conspirando a favor de Adam e quando eu percebi já estava ao seu lado, sentada em um carro.

Adam vestia um blazer preto e um jeans escuro, seu cabelo permanecia desgrenhado como no dia da festa, o dia ainda estava fresco em minha memória. O seu toque e os lábios macios como as nuvens.

- Victoria Miller, você está deslumbrante!

- Obrigada! – respondi, encarando o meu coturno surrado e em seguida, o meu vestido florido escondido por uma jaqueta oversized.

Seguimos pelas silenciosas ruas de Sirius Falls e em seguida, por outras desconhecidas até que o carro parou.

- Chegamos! - anunciou ele.

Meus olhos atentos observavam uma construção antiga, com enormes colunas gregas. Arbustos aparados, verde cintilantes rodeavam o lugar. O brasão da família Agostini esculpida na parede parecia harmonizar com a música clássica que fugia do salão. A porta de entrada era tão grande que parecia poder tocar o céu. Mármores brancos e brilhantes pareciam intocados.

- Encantada? - perguntou Adam, puxando uma cadeira.

- Serio Adam?! Você havia dito que não era nada de importante. – respondi, observando as cortinas vermelhas como sangue sobrevoarem com o vento.

- É como um museu! - ele fez uma pequena pausa. - Esse lugar existe há pouco mais de um século. Consegue imaginar quantos Agostini passaram por aqui?

Algumas vozes ecoaram no imenso salão. Os Agostini's começaram a chegar. Inclusive, Joseph Agostini que se aproximava lentamente.

- Miller?! – o pronunciou, parecendo surpreso.

- Olá, Sr. Agostini!

- Adam! - ele o cumprimentou. – Não irei os atrapalhar.

- E a Sra. Agostini?

Os dois riram, como se eu lhes contasse uma piada.

- O que? - perguntou Joseph Agostini. - A Rose Agostini? - ele riu ainda mais. - É raridade.

Uma garota e um garoto, ambos adolescentes, sentaram-se ha algumas mesas à frente e em seguida, um senhor de meia idade entrou e todos se levantaram, e em seguida se sentaram. Ele se apresentou como Richard Agostini. Falou sobre honrar a família em primeiro lugar, e a história que eles deixaram. Ao final do discurso pareceu sem folego.

- Senhoras e senhores, eu farei uma chamada, se levantem quando escutarem os seus nomes.

- Infelizmente, eu serei o primeiro. - sussurrou Adam, se inclinando para o meu lado.

-... Adam Agostini.

Adam se levantou e se curvou em uma reverencia.

- Obrigado pela presença! – Richard Agostini sorriu. - Annie Agostini...

Uma garota de cabelos curtos e vermelho se levantou e em seguida se sentou.

- Você está livre! – falou Adam, acedendo um cigarro na chama de um candelabro. – A não ser, que você queira ficar mais!

Como uma sombra um Agostini esbarrou em mim, ele se distanciava, mas, algo o fez parar no meio do caminho e voltar em passos largos. O cabelo era escuro como o de Adam e os olhos azuis provocadores.

- Adam?! Como vai? - eles se encararam com certa fúria no olhar.

- Ethan!

- Bonita, ela.

- Precisamos ir! - respondeu Adam.

- Ei! Como você se chama? – ele tocou levemente meu rosto. – Eu sou Ethan Agostini.

- Victória Miller.

- Miller? – ele pareceu espantado.

- Ethan, nós realmente precisamos ir! O papo fica para outro dia.

Ethan Agostini se pôs novamente a andar, mas agora, um sorriso mafioso tomava conta de seu rosto.

- Até breve, Victória Miller!

Quando o ar fresco tocou nossos rostos, Adam pareceu aliviado.

- Finalmente, ar livre. – Adam falou, dando partida. - Ethan é a pior pessoa do mundo. E infelizmente, ele é o meu primo.

Seres das Sombras - O ValeOnde histórias criam vida. Descubra agora