Capítulo 1

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14 anos depois

Ester narrando

Meu reflexo no espelho me mostrava o quanto o tempo havia passado; já não era mais uma garotinha segurando uma boneca; era uma mulher formada em administração, com a vida quase toda realizada.

Naquele momento, meu reflexo me mostrava uma noiva. Sim, eu iria me casar em menos de uma hora.

Parecia que meu coração ia saltar pela boca.

Muita coisa aconteceu no passar de quatorze anos, uma delas é que eu perdi contato com o Arthur. Mantemos contato até meus quinze anos, na época ele foi fazer intercâmbio na Argentina, paramos de nos falar alguns meses depois de eu conhecer o Rafael (meu noivo). E justamente hoje, no dia do meu casamento, que eu acabei me lembrando dele, não que eu o tenha esquecido.

Quando eu completei nove anos minha mãe deu a luz ao Caio, meu irmão caçula, hoje ele está com doze anos, o que é muito bom pra falar a verdade, assim meus pais ainda tem uma criança em casa, já que a partir de hoje eu não morarei mais com eles.

Embora eu não tivesse mais o Arthur em minha vida, eu ainda tinha a Laís, minha melhor amiga posso dizer, a conheci na mesma época que o Caio nasceu. Freqüentamos a mesma escola, mas diferente de mim, Laís se formou em medicina.

- Você está linda amiga. - Laís analisou-me dos pés a cabeça com um sorriso radiante nos olhos.

- É verdade filha. - Minha mãe se pôs ao lado da Laís, as duas estavam com os olhos marejados.

- Ai gente não vale chorar não. - Falei também segurando as lágrimas.

- Precisamos ir logo, sei que a noiva pode se atrasar um pouco, mas se você demorar um pouco mais é bem capaz do Rafael achar que você desistiu.

Eu ri.

Ouvimos dois toques na porta, seguidos da voz do meu pai indagando se poderia entrar.

- Pode sim!- Falei ainda me olhando no espelho

Meu pai adentrou no quarto e, tal como a minha mãe fizera, ele me analisou dos pés a cabeça.

- Minha menina cresceu. - Percebi que ele também segurava as lagrimas.

Ele sempre foi assim, vestia uma capa de "Homem de Ferro", só para não desabar na minha frente. Nunca o vi chorar nem sequer uma vez.

- Vou sempre ser sua criança pai. - O abracei; o abraço que sempre fora meu porto seguro!

Meu pai me levaria em seu carro, minha mãe iria com a Laís no carro do Bruno (marido da Laís).

Chegamos à igreja antes mesmo do por do Sol, o céu começava a ser incendiado pelos tons alaranjado e vermelho. O salão de festas, onde seria realizada a cerimônia, tinha uma linda vista para um longo bosque.

Pelo que pude perceber de dentro do carro, ao que pareciam, todos os convidados haviam chegados. Ante o altar estava o Rafael, virado de frente para a sua mãe que ajeitava a sua gravata.

Meu pai saiu e deu a volta, abrindo logo em seguida a porta do banco do passageiro. Ele estendeu a mão para que eu a segurasse, e eu fiquei ali parada olhando para a mesma.

- Está tudo bem filha?- Indagou-me confuso.

- Está, - Olhei para as minhas mãos. - só que, - Suspirei. - Acho que estou com medo.

- De quê? Filha você sonhou com esse momento a vida toda. - Disse ele, esticando a mão para alcançar a minha, me passando total segurança. - Por mais que me doa o coração ao saber que minha única filha vai ser oficialmente a garota de outro homem,  não muda o fato de eu está muito orgulhoso da mulher que você se tornou. E também, não há sombras de duvidas que o Rafael te ame.

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