Capítulo 18

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Arthur narrando.

idiota, idiota, idiota!

Essa palavra me definia muito bem!

A Ester havia despertado em mim um turbilhão de sentimentos, havia ressuscitado um Arthur que tinha morrido no dia que foi traído. E quando eu menos me dei conta, eu estava apaixonado por ela. 

Era como se ela fosse a luz em meu mundo sombrio, eu estava perdido e me encontrei quando a vi naquela praça. Eu já não me reconhecia, meus amigos (que não eram amigos) não me reconheciam. 

Eu senti medo; medo do que eu sentia, medo do efeito negativo que eu poderia trazer para a vida da Ester, mas eu não conseguia me afastar. Então eu agi como um completo idiota com ela.

Droga!

Covarde, idiota!

Não era para eu ter dito aquelas palavras, percebi em seus olhos que eu a havia machucado imensamente, seria bem melhor se eu apanas tivesse me afastando, mas a tratei como um completo babaca.

Naquela tarde eu deixei a cafeteria e seguir por um caminho qualquer. Sabia que ela não iria querer me ver depois do que eu disse. Talvez assim, eu aplacasse a paixão que havia em mim. Talvez longe dela, eu poderia manter o Arthur vulnerável escondido, ocuultaria do mundo, a parte boa que ela havia trazido a tona.

Quando dei por mim, eu estava em uma praia pouco movimentada, e era tudo o que eu precisava naquele momento... Paz!

Me sentei na areia e encarei as ondas se quebrarem bem próximo aos meus pés. Senti como se todas as minha células desejassem estar com a Ester, e aquilo era ruim, eu precisava tira-la da minha cabeça. Eu tinha que ficar o mais longe possível dela.

Pensei no Miguel, e em como eu o magoaria, mas era isso o que eu fazia, eu afastava as pessoas por medo, por rancor. 

A Ester estava certa, meu pai estava certo, no fim das contas, o único errado era eu, e eu viveria daquela maneira, assim eu evitaria que outras pessoas me magoasse

Ri de mim mesmo, ao me dar conta do quanto eu e ela tínhamos nós aproximado, não era como antes, mas ainda assim, havia resquícios do que um dia nossa amizade havia sido, mas eu sabia que meus sentimentos não era de um mero amigo, eu não olhava para Ester como eu olhava para outras garotas, não era apenas desejo físico, eu havia me apaixonado, mas não queria, não ia me permiti sentir de novo.

Estava submerso em meus próprios pensamentos, quando meu amigo, Wallace Pietro,  sentou-se ao meu lado.

- Quero ficar sozinho.- Fui frio em minhas palavras. 

E ali estava eu afastando uma das ultimas pessoas que ainda insistiam em me ajudar.

- Se queria tanto ficar sozinho, deveria ter ido para outro lugar, essa praia é pública. - Pietro estava sendo irônico, e isso não me ajudava em nada. - O que aconteceu?

- Nada. - Continuei olhando para o mar, ignorando a presença dele.

- É uma garota, não é?- Eu olhei para ele por por uns três segundos, depois voltei minha atenção para a paisagem a frente. - A mera possibilidade de se apaixonar te assusta, então você se esconde. - Ele não estava perguntando, estava afirmando, e ele estava certo.

- Pietro, sério, eu não quero ter um momento "terapia" agora. - Me levantei e sai, deixando ele sozinho ali. 

Parei em um bar próximo e decidi destruir com o pouco de sobriedade que me restava naquela tarde, na verdade, já estava próximo da noite.

- O que você vai querer?- Indagou-me o barman.

-  Spirytus Stawski- Pedi a ele uma dose da bebida mais forte que eu conhecia. Prontamente, o cara do bar me serviu a bebida, que eu bebi de imediato, sentindo a dor e o prazer dela descendo minha garganta. Pedi dose após dose, até que o próprio barman decidiu que estava na hora de parar. - Eu... tô pagan..do, não tô. - As palavras já não saiam de maneira correta, mas eu não queria ir embora. Pela primeira vez no dia eu não estava pensando em nada, nem em ninguém.

- Vou chamar um táxi pra você. - Ele pegou o telefone do local, mas eu intervi.

- Vou andando mesmo. Estou bem!- Forcei meu corpo a ficar de pé e sai indo a caminho da empresa, meu carro estava lá.

Nas condições que eu estava, seria insano pegar no volante. Entretanto, ultimamente minhas atitudes estavas sendo todas insanas, mais uma não faria efeito nenhum.

No caminho, eu esbarrei com o pastor Raul, da igreja onde a Ester congregava.

- Ester!- Falei parando na frente do pastor, ele segurou minha mão e tudo se apagou.

[...]

- Oi bela adormecida. - Pietro estava sentado ao meu lado.

- O que aconteceu? - Coloquei as mãos na cabeça. Parecia que ela explodiria a qualquer momento.

- Bom, você desmaiou nos braços do pastor, o que ser for analisar com cuidado, é meio irônico. - Ele deu uma risada.

- Fala baixo, minha cabeça tá doendo.

- É meu amigo, é o efeito colateral do tanto de Spirytus Stawski que você tomou, e impressionante você ainda estar vivo.

- Como você sabe que foi isso que eu tomei. - Olhei em volta e percebi que eu estava em um hospital, com um soro injetado na minha veia.

- Eu conheço, se você não se lembra, eu sai dessa vida na mesma época que você entrou. - Ele estava certo.

- Por que você tá aqui? Por que insiste em me ajudar? - Indaguei, pois era ridículo a forma como ele ainda insistia em mim.

- Porque eu sou seu amigo, e pelo que você se lembra, eu sou o ultimo que sobrou. - Ele olhou no relógio. - Tenho que ir para a empresa, estou tentando livrar a sua barra à semanas, e como amigo, te peço que me ajude a te ajudar.- Ele ia saindo, quando parou abruptamente e seu virou para mim. - Ester esteve aqui. - Depois ele saiu sem me dar a chance de questioná-lo.

Ao lado da cama, sobre o criado mudo havia uma bíblia, dentro dela tinha uma carta. Peguei-a  e a analisei. 

As palavras nela foram escritas com letras perfeitamente desenhadas.

"Querido Arthur

Não sei que tipo de pessoa eu seria, se desistisse de você... de nós.

Você estava certo quando disse que não eramos mais amigos (triste verdade), acho que eu ainda estava insistindo em te ver como o Arthur que corria comigo na praça, que deixava nossas mães loucas pelo simples fato de não pararmos quietos. Mas não somos mais crianças. 

Crescemos, e nós dois passamos por frustrações; frustrações essas, que causaram grande feridas na gente. 

Por muito tempo eu me escondi de tudo, pois a falta do meu marido muito me machucava, mas eu criei sim uma falsa superação, não para jogar na cara dos outros que eu sou uma super mulher, mas para poupar o Miguel da minha dor, pois eu sabia que ela refletiria nele caso eu a deixasse transparecer.

Mas desde que eu te encontrei, foi como se essa ferida fosse se fechando, e mesmo não sabendo, você me ajudou a superar. Então, eu não vou desistir de você, e nem da nossa amizade "inexistente". Não vou me afastar, mesmo que seja isso que você queira. 

A passagem bíblica marcada, é um presente para você, por favor, leia.

beijos, Ester."

Havia um trecho da bíblia marcado de caneta : Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.

Mateus 11:28

Aquelas palavras me tocaram mais do que eu pude imaginar. Deus praticamente me convidava para deixar meu poço fundo, para ser livre com Ele!

Continua

"Se formos infiéis, ele permanece fiel: não pode negar-se a si mesmo." II Timóteo 2.13

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