- A gente já chegou? - Eu estava cansada de esperar. E o mistério do Arthur só me irritava.
- Não! - Arthur nem sequer olhou para mim, ele manteve o sorriso nos lábios e me ignorou.
- A gente já chegou? - Queria deixa-lo irritado, talvez assim ele contasse.
- Não! - Ele respondeu calmamente.
- A gente já chegou?
- Não! - Miguel ficou rindo da nossa encenação do filme Shrek .[...]
Arthur dirigiu por mais trinta minutos. Nos havíamos saído da cidade e estávamos entrando em um lugar cheio de árvores, confesso que era um lugar bem bonito. Dez minutos depois nós adentramos em uma fazenda, era um lugar calmo.
- Surpresa? - Arthur me encarou a espera de uma resposta.
- Confesso que Sim .- Ele sorriu, e que sorriso lindo.Me lembrei do dia em que ele me beijou, imediatamente eu balancei a cabeça para espantar aquelas lembranças.
Ele estacionou o carro e ajudou o Miguel a sair.
Haviam alguns trabalhadores no local, Arthur nos apresentou a cada um deles.- Já está tudo pronto Charles? - Perguntou a um rapaz.
- Sim senhor. - Arthur chamou a mim e a Miguel e fomos para um lago onde havia uma canoa.- Onde vamos? - Indaguei, já que eu achei que ficariamos na fazenda.
- Passear de canoa, e se possível pescar também. - Falou entrando na canoa
- E você sabe pescar?
- Não, mas eu aprendo rápido. - Segurou minha mão e eu entrei, logo em seguida ele colocou o Miguel sentado ao meu lado.Miguel estava encantado com a paisagem, haviam várias árvores e alguns pássaros sobrevoavam sobre nós.
Paramos em um local no meio do lago, Arthur pegou a vara de pescar e colocou uma isca, ou pelo menos estava tentando, pois nem isso ele estava conseguindo.- Arthur tem certeza que você consegue? - Eu estava segurando a vontade de rir da cara dele.- Não vai perder um olho, estamos muito longe de um hospital.
- Eu consigo! Isso aqui é moleza. - Falou, embora sua cara de decepção dissesse outra coisa. Até que por fim, ele conseguiu com que a isca ficasse presa ao anzol.
Ficamos o observando enquanto ele lançava a linha no lago. Uns três minutos se passaram e a linha começou a se mexer.- Não disse que é moleza? - Começou a puxar a linha. Só que ele estava pisando em falso na canoa então...
- É! Ele caiu no lago.- Falei e Miguel e eu começamos a rir dele. Lá se foi todas as minhas tentativas de não rir dele.- Moleza não é Arthur? - Ironizei.
- Para de fazer graça e vem me ajudar. - Estendeu a mão para mim.
Me levantei e peguei em sua mão, mas o palhaço me puxou para dentro da água.
- Arthur eu não sei nadar! - Fingi uma cena ridículo de afogamento, mas ele nem se mexeu.
- Ester eu não vou cair nessa, esqueceu que nós fizemos aula de natação quando criança? - É, eu tinha esquecido esse detalhe crucial.
- É mesmo! Mas isso ao te dava o direito de me puxar. - Miguel dava altas gargalhadas da gente.Peguei ele em meu colo, afinal, ele não seria a única pessoa seca ali, mas logo saímos para evitar um possível resfriado.
Voltamos para a fazenda... Detalhe: Sem nenhum peixe.
Mas nós batemos um monte de fotos, o que compensou bastante.Os trabalhadores arrumaram roupas secas para nós e colocaram as nossas roupa para secar.
- Eu estou com fome, vamos fazer um piquenique?- Arthur sugeriu.
- Eu topo. - Falei sem hesitar, Miguel nem precisou dizer nada porque no mesmo instante a barriguinha do meu filho protestou, o que nos fez rir.Arthur arrumou uma toalha próximo a uma árvore e levou diversas comidas. Incluindo Nutella, para minha felicidade.
- Ainda não acredito que você é viciada em Nutella!- Revirei os olhos para o comentário do meu amigo.
- Meu querido, não é vício, é um amor eterno. - Ele riu.Miguel já estava comendo um sanduíche, acho que passei para ele a genética da fome infindável, se é que isso existe.
Depois que Miguel havia enchido a barriga ele saiu correndo atrás da Lacy a cadelinha da fazenda, deixando eu e o Arthur sozinhos .Ele estava me encarando, sua expressão era tranquila, mas havia algo a mais que eu não conseguia decifrar.
Queria perguntar para ele sobre o que havia acontecido no hospital, embora eu achasse que ele nem sequer lembrasse daquele dia.
[...]
Na volta pra casa o Miguel acabou dormindo no carro. Eu estava ouvindo as músicas que passava no rádio enquanto o Arthur dirigia.
Encostei minha cabeça na janela e observei a paisagem do lado de fora. Estávamos em silêncio, porém não era um silêncio constrangedor, era um silêncio bom , do lado de fora estava calmo se ouvia mais o barulho do vento e dos grilos que cantavam sem parar.
Chegamos no estacionamento do prédio e eu me levantei para pegar o Miguel.
- Deixa que eu pego ele .- Arthur tirou o sinto e foi pegar o Miguel.
Abri porta do apartamento para que ele passasse sem dificuldade. O Miguel foi colocado com cuidado na cama. Depois o Arthur saiu, deixando a porta encostada.
Era impressionante como ele havia se apegado ao Miguel, podia dizer que ele o tratava como filho.- Obrigada pelo passeio, me divertir bastante. - Falei quando já estávamos na sala.
- Podemos repetir isso mais vezes.- Sorriu.
Não sei porque, mas ultimamente eu estou achando o sorriso do Arthur simplesmente lindo. Não só o sorriso, mas ele por completo. Ele era forte, e vestia camisas que deixavam claro isso. Ele apenas aparava a barba, o que o deixava com um ar meio sério, mas nem sempre, já que ele dava aqueles sorrisos de lado, que deixavam seus olhos meio puxados.- No que está pensando? - Indagou ficando mais próximo.
- Em nada de importante. - Só como você está lindo!Acho que o sono está me fazendo mal.
- Bom , então eu já vou. - Ele parou no batente da porta.
- Tchau- Eu ia dar um beijo em seu rosto, mas eles se virou, me fazendo o beijar no canto dos lábios - An... hum ... Tchau né! - Eu praticamente o empurrei para fora. Ele sorriu novamente e saiu do meu apartamento.
Fui para o banheiro e tomei um banho bem demorado a fim de espantar qualquer pensamento que remetesse aí Arthur, falhei drasticamente.Continua
"Torre forte é o nome do Senhor; para ela correrá o justo, e estará em alto retiro." Provérbios 18.10
VOCÊ ESTÁ LENDO
Nos Planos De Deus
Spiritual"- Arthur para, me devolve. - Ester corre atrás de Arthur com seus braços esticados, no intuito de alcança-lo, - Não, eu vim aqui para brincar com você e não recebi sua atenção. - O garoto de nove anos, dois anos a mais que Esther, ganhou vantagem...