Capítulo 33

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Eu o encarei por um breve momento. Arthur ao meu lado  me olhava com seus olhos castanhos, mas permanecemos em silêncio.
Era estranho, porque pela primeira vez faltou palavras entra nós.

- Me desculpa. - Ele sussurrou, mas eu não falei nada, apenas voltei minha atenção ao Jônatas, que mexia os bracinhos inocentemente. Para ele tudo seria muito fácil por um bom tempo.
Me lembrei do Miguel quando era apenas um bebê, e como aqueles olhinhos brilhantes me encantavam e encantam.

- Por que a vida tem que ser tão complicada? - Fechei os olhos, como se isso fosse me ajudar a encontrar as respostas para o meu questionamento.
- Estou me fazendo a mesma pergunta a manhã toda. - Arthur estava olhando para mim, percebi isso pelo canto do olho, então eu tomei coragem e o encarei.

Ele segurou minha mão e eu não consegui solta-la, ou simplesmente não queria.
Ele aproximou o rosto do meu, mas eu me virei.

- Arthur me desculpa, mas... - suspirei. - Eu sinto muito. - Sai de lá e fui em direção ao estacionamento do hospital, Peguei meu carro e dirigi até a casa do pastor, peguei o Miguel e a Kate e os levei pra minha casa.
Eles ficaram o caminho todo perguntando sobre o bebê, e eu respondi todas as perguntas que estavam ao meu alcance. Os levaria em outra hora para eles vê - los.

[...]

Já se passou uma semana, a Lais recebeu alta do hospital mas não pode trazer o Jônatas junto, o que a deixou muito triste, mas todos os dias ela vai ao hospital para dar de mamar a ele.

Eu me distanciei do Arthur, e isso tem acabado comigo.
Estava na empresa fazendo meu trabalho quando o Marcos entrou na sala, justo quando eu já estava de saída para uma reunião.

- Ester eu preciso muito falar com você. - Ele segurou meu braço, mas eu consegui me desvencilhar dele.
- Marcos agora não vai dar eu estou indo para uma reunião. - Segui para a porta, mas ele me segurou novamente...
- Tem que ser agora, não posso mais esperar. - Insistiu.
- O que é Marcos? -Me virei e o encarei nos olhos.
- Ester eu te amo! - Ele me beijou de surpresa, mas eu o empurrei e por impulso dei um tapa no rosto dele.
- Nunca mais faça isso. - Falei alterada e sai da sala.

Eu estava com a cabeça a mil, não iria conseguir prestar atenção naquela reunião.

- Carla me faça um favor? - Pedi quando a encontrei no elevador.
- Desculpe ter saído sem avisar, eu tinha ido buscar um café...- Eu a interrompi.
- Tudo bem, mas por favor, você pode remarcar a reunião de hoje para sábado? Não estou muito bem.
- Claro Ester, quer mais alguma coisa? Posso conseguir um remédio.
- Não precisa, só preciso tomar um pouco de ar. - Falei e entrei no elevador.

Sai da empresa e respirei o ar puro do lado de fora, nem tão puro tendo em vista a puluição atualmente, mas era melhor do que nada.

[...]

- Você precisa dar uma chance ao Arthur. - Lais falou pela centésima vez.
- Lais ele tem um filho.- Falei como se aquilo fosse algo imperdoável
- E você também.- Ela rebateu.
- Mas meu caso é diferente. - Cruzei os braços.
- Por que? - Também cruzou os braços, mas de formas provocativa.
- Porque eu não omiti a existência do Miguel para ele.
- Mas ele só fez isso por medo de te perder  cabeça dura. Quando você vai percebe que ele te ama Ester. Você vai perder a chance de ser feliz novamente por isso? - Suspirei.
- Olha tá na hora de eu ir buscar o Miguel na escola. A gente continua essa conversa outra hora. - Falei para poder fugir daquela conversa.
- Não pensa que vai escapar de mim tão cedo viu. - Ela falou antes de eu sair pela porta.

No caminho para a escola do Miguel, meu telefone tocou de um número desconhecido.

- Alô? 
- Olá minha querida Ester. Quanto tempo não? - Eu conhecia muito bem aquela voz.
- O que você quer Mayra.- Falei sentindo a raiva crescer em mim.
- Na verdade eu não quero nada, mas eu tenho algo que você quer. - Estranhei o tom de voz dela ser tão confiante.
- Do que você está falando? - Perguntei.
- Do seu filho. - Senti meu corpo gelar.

Parei em frente a escola e corri até lá, vi de longe a professora do Miguel.

- Senhora Ester, já vieram buscar seu filho. - A professora falou assim que eu cheguei perto dela.
- Quem? - Queria acreditar que Mayra estava apenas me provocando, como tem feito a dias.
- A babá, ela disse que você pediu para pega-lo mas cedo. - Disse inocente.
- E por que não me ligaram? - Falei nervosa.
- Nós ligamos, mas disseram que a senhora estava em uma reunião. - Eu ignorei o o que ela ainda dizia e voltei para o meu carro.

Notei Mayra ainda estava na linha. 

- Onde está meu filho!- Falei alterada.
- Ele está bem por enquanto. Daqui a pouco você receberá outra ligação. Tchauzinho querida. - Desligou na minha cara.

Senhor guarde meu filho.

Dirigi o mais rápido possível para o meu apartamento, chegando lá percebi que haviam vários policiais no local, também estavam os diretores da empresa, exceto o Michael. O Arthur também estava lá .

- O que está havendo aqui? - Perguntei olhando todos em minha volta.
- Recebi uma ligação da Mayra. - Arthur estava tão nervoso quanto eu.

 Tentamos de toda maneira ligar pra você mas não completava a ligação. O Pablo está no hospital. - Thiago falou.
- No hospital? Como assim, o que houve ?- Era muita coisa acontecendo, e ninguém explicava.
- Ele foi baleado.- Carla explicou. - Descobrimos quem fazia os desvios, era o Marcos com a ajuda do Michael.
- Meu Deus! Já o prenderam?
- Só o Michael, o Marcos está foragido.- Eu estava envolvida em um ninho de cobras e não sabia, foi o que pensei enquanto o Thiago me explicava o que havia acontecido, quando a minha maior preocupação era o Miguel.
- Suspeitamos de que ele esteja envolvido com o sequestro do seu filho. Mas agora precisamos que se encaminhem até a delegacia.- Pediu um dos policiais.
- Eu não vou, eu preciso encontrar meu filho.- Me alterei, na verdade, eu já estava alterada.
- Ester nós iremos encontro-lo. E eles irão nos ajudar. - Arthur segurou meu rosto com ambas as mãos para que eu olhasse somente em seus olhos. 

Contra a minha vontade, eu concordei em ir com os policiais, que na delegacia me fizeram um monte de perguntas desnecessária enquanto meu filho estava por ai com aqueles malucos.

- Me deixem conversar com o Michael por favor - Pedi em meio aquele interrogatório e eles permitiram.

Me levaram até uma sala isolada e logo em seguida trouxeram o Michael algemado.

- Ester me perdoe, eu não queria que chegasse a tanto - Michael falou antes mesmo de eu dizer alguma coisa.
- Por favor Michael, me diga pra onde o Marcos levou meu filho? - Supliquei.
- Eu não sei Ester, ele não me disse. Eu o ajudei nos desvios por ele ser meu irmão, mas eu nunca soube dos planos dele.
- Michael por favor, eu preciso encontra-lo. - Falei com lágrimas nos olhos.
- Eu quero ajuda-la, mas o Marcos nunca me contou nada. Só disse que tinha um plano e o colocaria em ação.

[...]

Eu não conseguia raciocinar direito, só pensava em como estaria meu filho.

Estava em casa, o Arthur e o Bruno e a Lais também estavam. Eles tentavam me acalmar mas eu não conseguia, queria meu filho aqui comigo!
Me levantei e fui pro meu quarto e eles permaneceram na sala. Olhei meu celular na cama e ele estava tocando.

- Cadê meu filho Marcos! - Falei alterada.
- Muita calma Ester, ele está bem...Mas devo dizer que, ter a sua atenção foi mais difícil do que eu imaginei. Bom, você pode estar com seu filho ainda hoje mas pra encontra-lo você terá que fazer o que eu mandar.
- Tudo bem eu faço!- Falei sem hesitar.
- Você terá que vir sozinha, não quero saber de ninguém com você, nem policiais, nem seus amigos patéticos. Ou quem sofrerá vai ser o Miguel, e devo dizer que nunca fui muito apegado a ele. Vou te mandar o endereço por SMS. Você tem uma hora. - Falou e desligou.

Eu não podia colocar a vida do meu filho em risco, então decidi que faria como o Marcos havia dito. Peguei a chave do meu carro e escondi no meu bolso junto com meu celular no silencioso.

- Gente eu vou andar um pouco. Eu não demoro.- Falei assim que adentrei a minha sala.
- Se quiser posso ir com você.- Arthur se levantou, mas eu neguei.
- Não precisa, eu vou sozinha. - Sai antes que eles falassem alguma coisa.

Fui até o estacionamento e peguei meu carro e dirigi rumo ao endereço que o Marcos havia me mandado por SMS.

Continua

"Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas." João 10.11

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