Capítulo 6

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Nossa vida é feita de escolhas. A roupa adequada, azul ou vermelho? O emprego ideal, a pessoa com quem você vai passar o resto da vida... e fugir ou encarar os problemas no decorrer da vida.

Rafael decidiu enfrentar, e para a glória de Deus deu tudo certo. Foi provado no tribunal que ele era inocente, e hoje estávamos comemorando mais essa vitória. Mas, mesmo com toda aquela alegria, eu percebi que meu marido estava um pouco distante, como se ainda houvesse algo o incomodando. Mas eu não queria perguntar ali, no meio de todo mundo.

Questionaria depois do almoço, seria melhor.

O Bruno chamou o Rafael para conversar, e levou com eles a Kate e o Miguel que brincavam juntos. Restando na cozinha, apenas minha mãe, Lais e eu, já que meu pai havia saído com o Caio para algo que eu desconhecia. 

- Para onde o papai tanto leva o Caio?- Indaguei no intuito de tirar minhas paranoias sobre o que estava incomodando meu marido.

- Hum, ciúmes de filha mais velha.- Lais me provocou e minha mãe riu.

- Ele está ensinando o Caio a arte da advogacia.- Minha mãe se levantou da mesa e começou a tirar os pratos.- Mas o Caio deixou claro que não é isso que ele quer.

- Ele quer o que?- Indaguei.

- Arte.- Lais respondeu pela minha mãe.- Ele me falou.

- Você parece mais próxima ao meu irmão do que eu!- Cruzei os braços fingindo indignação.

....

Meus pais foram embora por volta das três da tarde, assim como a Lais e o Bruno com a kate. Dei banho no Miguel e o deixei brincando no quarto, enquanto isso, eu fui confrontar meu marido.

Ele estava no quarto olhando pela janela. Parecia que ele estava em outro planeta.

- Amor, está tudo bem?- Ele se virou e me encarou.

- Está sim, só não tô acreditando que deu tudo certo.- Ele forçou um sorriso.

- Tem certeza que não tem mais nada?- Olhei em seus olhos, deixando claro que ele poderia me contar qualquer coisa.- Na alegria e na tristeza, lembra?

- Está tudo bem.- Ele me beijou.- Vou tomar um banho.

Ele saiu em direção do banheiro e eu fiquei ali tentando adivinhar o que se passava na cabeça dele.

Eu sentia que tinha algo errado, o conhecia muito bem, mas decidi acreditar nele, caso estivesse acontecendo algo, ele me contaria quando ele achasse que fosse necessário.

Voltei para ver como meu filho estava. Ele havia crescido tanto, iria completar um ano em três semanas, e com toda aquele história com o Rafael, nem tivemos tempo de nos programarmos para fazer uma festa. Nada que não pudéssemos fazer agora.

[...]

- Amados abram sua bíblia no livro de Daniel no capitulo 6 versículo 4 - falou o pastor iniciando a pregação . - "Então os presidentes e os príncipes procuravam achar ocasião contra Daniel a respeito do reino; mas não podiam achar ocasião ou culpa alguma; porque ele era fiel, e não se achava nele nenhum erro nem culpa" . Igreja, hoje irei pregar sobre identidade de um verdadeiro cristão, não vou falar do que somos aqui dentro deste templo porque é muito fácil eu ser "crente" dentro da igreja, é fácil eu carregar uma bíblia em baixo do braço e dizer sou salvo, é fácil eu chegar na igreja, levantar a mão e dizer gloria a Deus e aleluia, irmão quero que entendam que ser crente só dentro do templo não te levará pro céu. Daniel sabia muito bem a conduta cristã, além de saber ele praticava, os príncipes por inveja de Daniel começaram a procurar motivos para acusa-lo, mas por ele ser Fiel eles não poderiam achar ocasião alguma para acusa- lo. Devemos dar testemunho de salvo fora do templo, isso não significa que devemos nos isolar do mundo, devemos não aceitar os manjares que o mundo oferece. As vezes não é nem necessário falar, somente o nosso testemunho fala por nós. Somos uma carta lida pelo mundo, e cabe a nós decidimos o que lerão sobre nós.

O pastor Bernardo sempre tinha ótimos sermões para os dias de culto, me admirava com tanta sabedoria em uma única pessoa. Ele tinha sessenta e seis anos, mas era um homem cheio de energia e vontade de pregar o evangelho. Eu achava lindo o seu amor pelas almas.

[...]

No dia seguinte, acordei um pouco mais tarde, Rafa já havia ido trabalha e eu aproveitei que o Miguel ainda estava dormindo, para tomar um banho bem relaxante.

Ultimamente eu estava trabalhando em casa. Já que eu não queria deixar o Miguel com ninguém, e eu não queria abusar da boa vontade dos meus pais.

Sendo assim, eu tinha que trazer o trabalho para casa.

No entanto, hoje eu teria que passar na empresa para me atualizar dos ocorridos, teria que me organizar para o desfile da nossa nova coleção de jóias, que ocorreria em alguns meses.

Decidi que passaria no escritório do Rafa antes. Então me arrumei, em seguida arrumei o Miguel e sai.

Levei meia hora para chegar ao escritório do meu marido. Eu já conhecia a assistente dele, então ela permitiu a minha entrada sem precisar anunciar.

Lais narrando.

- Amor, olha a Kate que eu atendo a porta.- Ouvi o Bruno responder do quarto, enquanto eu caminhei para a ver quem estava tocando a campainha.- Ester? Oi, tá tudo bem?

- Sim!- Ela falou de um jeito estranho. Eu sabia muito bem quando ela estava mentindo pra mim.

- Tem certeza?- Insisti, fiz sinal para que ela entrasse, mas ela negou.

- Preciso resolver uma coisa na empresa, você pode ficar com o Miguel por enquanto?

- Claro.- Peguei meu sobrinho do colo da Ester.- Você sabe que não consegue mentir pra mim, não é?

- Sim eu sei.- Ela suspirou.- Mas preciso que confie em mim quando eu digo que vai ficar tudo bem.

Eu assenti. Ela deu um beijo no Miguel e saiu em direção ao seu carro.

Bruno apareceu na sala com a Kate em seu colo.

- Olha quem veio brincar.- Ele colocou as duas crianças juntas no carpete da sala.- Está tudo bem?

Parecia que hoje essa pergunta ia ser muito usada.

- Não sei, a Ester estava um pouco estranha quando veio deixar o Miguel aqui.- Me sentei no sofá.- Será que vou está sendo intrometida se ligar para o Rafael e perguntar o que está acontecendo com a Ester?- Ele me encarou com a sobrancelha arqueada. - É, eu vou estar sendo intrometida.

- Se ela disse que está tudo bem, então está tudo bem!

- Na verdade, ela disse que "vai ficar tudo bem" então significa que algo ainda não está bem.- Argumentei, mas ele só sorriu. Ele segurou o dorso da minha mão e beijou.

- Tem plantão hoje?- Mudou de assunto.

- Tenho. - Fiz bico e Ele acariciou meu rosto com um sorriso lindo em seus lábios.

Ester narrando

Estava organizando os últimos preparos para a festa de um ano do meu filho. Tudo estava em seu devido lugar. 

Lais estava comigo, alguns irmãos da igreja, primos, tios, meus pais e os pais do Rafael.

- Vou terminar de arrumar o Miguel.- Avisei o meu marido e fui em direção ao quarto do meu filho. Minha mãe estava com ele.

Ela já havia arrumado ele todinho, e como ele estava lindo!

- Ele cresceu muito.- Minha mãe sorriu para o neto, e depois me encarou.- Como você está?

Essa não era a primeira vez que me perguntavam isso. E toda vez que eu respondia, não acreditavam.

- Eu estou bem. - Respondi sincera, mas minha mãe me olhou incrédula. - Sério mãe! Hoje meu filho completa um ano, tenho amigos ótimos, um bom emprego e um bom casamento; por quê não estaria bem?

Ela assentiu e me entregou o Miguel.

- A maioria dos convidados já chegaram, se arrume logo.- Ela beijou meu rosto e saiu. Passei mais alguns minutos com o Miguel, antes de entrega-lo ao Rafael e ir me arrumar.

Continua

"Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada." Romanos 8.18

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