Capítulo 30

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Quatro Meses Depois

- Daqui a quatro meses- Falei para a Lais me referindo a data do meu casamento com o Arthur.

Era estranho afirmar para mim mesma que eu iria casar com meu melhor amigo simplesmente pra salvar meu emprego.

- Por que daqui a quatro meses? - Indagou ela. 
- Porque eu preciso organizar minha vida antes de me unir a ele em matrimônio.- Falei como se fosse a coisa mais natural do mundo. O que de fato não era.
- Você fala como se esse casamento fosse valer de alguma coisa.
- E não vai? - Questionei.
- Não, esse casamento parece, na verdade é, um casamento de mentira. Apesar de o Arthur te amar, e você o amar também mas vive negando isso pra si mesma, vocês não irão viver como casados, então de nada vai valer esse casamento, ao não ser para salvar seu emprego.
- Eu sei, mas o que você esperava que eu fizesse?- Esperei uma resposta dela, resposta essa que não veio.
- Por que vocês não assumem logo esse amor de vocês e fazem esse casamento valer.- Falou depois de uns dez segundos em silencio. -  Não seria melhor do que viver um casamento por contrato?
- Eu não sei o que fazer Lais. Gostar do Arthur eu gosto, mas eu também tive uma história com o Rafa.-Minha história com o Rafael foi interrompida, era um fato que eu não podia ignorar, embora eu quisesse.
- Mas a sua vida parou depois que ele morreu.- Lais lembrou-me, o que não era necessário, já que eu sabia disso muito bem.
- Olha deixa eu dar um tempo tá. As coisas vão acontecer no tempo certo. Mas mudando de assunto, como está o bebê?- A Lais estava com sete meses de gestação, ela está esperando um menino.
- Ele está ótimo, mexendo direto. - Ela sorriu e acariciou a barriga. -Ah eu nem te falei, Bruno e eu já escolhemos o nome.
- E como vai ser. - Indaguei.
- Jônatas, eu e o Bruno queríamos um nome da bíblia, de início pensamos em Isaías mas no final decidimos que seria Jônatas mesmo.
- Que legal, é um nome muito bonito.

Ficamos conversando sobre o bebê dela e depois ela foi embora no mesmo momento que o Arthur chegou com o Miguel, eles estavam junto com o Bruno, que veio busca-la. 

- E ai como foi o passeio? - Os dois havia saído pra ir num parque, e não foi possível eu ir.
- Foi bem legal, mas faltou você .- Arthur comprimiu os lábios.
- Agente foi na montanha russa mamãe.
- E deixam criança andar em montanha russa? - perguntei espantada.
- Na verdade não, mas o rapaz liberou pra mim. Ele sabe que sou cara responsável. - Eu arqueei a sobrancelha.
- Foi muito legal mamãe. O tio Arthur ficou com medo quando agente estava de cabeça pra baixo. - Miguel falou rindo do Arthur, o que me fez rir também.
- Que bom que se divertiu filho. Agora vai tomar um banho que vou fazer alguma coisa pra você comer. - Ele assentiu, me deu um beijo no rosto e foi em direção ao quarto dele.
- Você passou a tarde toda conversando com a Lais?- O Arthur se sentou no sofá e eu sentei ao seu lado.
- Sim, foi bom, assim o Bruno pôde ter uma tarde de pai e filha com a Kate. 
- E sobre o que conversaram?- Que intrometido.
- Você não acha que tá muito curioso não?
- Mas ou menos. É que eu tô sem assunto! -  Falou e logo em seguida jogou a cabeça no encosto do sofá.
- Estranho, nunca ficamos sem assunto um com o outro. - Ele encarou o nada por um momento e depois me encarou.
- E como você está em relação ao casamento?
- Estou confusa! - Falei sincera.
- Você não quer isso não é? - Ele parecia decepcionado com essa possibilidade.
- É aí que está a confusão, eu não sei mais o que eu quero. Tô confusa quanto aos meus próprio sentimentos. E tudo está acontecendo muito rápido e tá sendo muita pressão, é muita coisa para assimilar ao mesmo tempo. Já não sei mais o que faço da vida, só sei que minha vida bagunçou bastante depois que o Rafa morreu. - Falei enquanto o Arthur me encarava em silêncio.- Por favor fala alguma coisa.
- Tudo bem! - Se ajeitou no sofá me encarando nos olhos. - Deixa eu incorporar meu lado psicólogo. - falou brincando, o que me fez rir.- Bom senhorita, vamos organizar seu problemas. Você está confusa com seus sentimentos,- fez uma voz engraçada. - você se separou do seu melhor amigo bonitão.

Convencido!

- Não esqueça de citar o convencido também.
- Ei não interrompa seu psicólogo, Continuando... Você se separou do bonitão- revirei os olhos - e foi pra outra cidade, lá conheceu um cara legal que aos poucos conquistou seu coração, vocês se conheceram , começaram um relacionamento e se casaram, tudo ia bem até que sua história foi interrompida por alguém que não pensou em seus atos.
- Não tem como resumi não? É que eu conheço essa história, afinal foi eu quem a viveu.- Ele riu
- Certo. Mas você acabou perdendo aquele que amou voltou pra terra natal e reencontrou o melhor amigo voltaram a se falar e a antiga amizade voltou a tona mas os sentimentos de ambos mudaram e no seu caso te deixaram confusa e agora você está de casamento marcado - Ele falou extremamente rápido.
- Arthur eu disse pra resumir e não pra acelerar, existem vírgulas sabia?
- Acho que não existe um lado psicólogo em mim, sério eu não levo jeito pra isso.- Eu ri
- Tenho que concordar com você. - Ele me encarou sério.
- Ester tenta esquecer isso tá. Eu gosto, na verdade, amo você, e é por te amar que não vou forçar nada, me casaria com você mil vezes, mesmo que seja somente pra te proteger ou salvar seu emprego. Sei que o que você teve com o Rafael foi algo sincero. Não vou tomar o lugar dele. Não me enxergue como seu noivo, nem sei se posso intitular assim, mas me enxergue como sempre enxergou. Como seu amigo! - Ele sorriu e me puxou para um abraço como ele sempre fazia.

Mal o Arthur sabia que eu não conseguia enxerga-lo mais como apenas um amigo.

Continua

"Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida por amor de mim achá-la-á." Mateus 10.39

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