Hey angel

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Passei o resto da sexta-feira inquieta, pensando no que deveria fazer e ouvindo a lista de exigências de Rachel pra festa. Sim, porque segundo ela uma penca de coisas seria necessária pra fazer daquele aniversário inesquecível. O pior é que eu estava tão apreensiva quanto ela empolgada. Nunca fui lá uma boa anfitriã pra tanta gente assim ao mesmo tempo, e uma certeza eu tinha: ia aparecer gente que eu sequer vi na vida lá em casa.

Depois do colégio, fomos comprar alguns itens da sua lista gigante e ela me forçou a prometer que eu compraria um vestido deslumbrante. No entanto, eu a fiz lembrar que: A. Eu estava gastando dinheiro na festa já e precisava economizar pra faculdade o pouco que tinha e B. Meu pai já havia sido impossivelmente compreensivo em permitir a festa – que, segundo ele, apesar das minhas "más escolhas", eu merecia pra comemorar minha conquista mais recente. Logo, eu não podia abusar. Então prometi que pensaria seriamente no assunto do vestido. Era o máximo que ela conseguiria de mim.

No fim de semana, disse a Rachel que meu pai precisava de ajuda na loja e consegui me livrar dos questionamentos dela por quase todo o sábado. Obviamente fui pra loja e tive que passar o expediente todo por lá. Estava sentada em um canto, tirando poeira de um jogo de chá francês que há séculos tinha pertencido à realeza, quando meu telefone vibrou no bolso do casaco pela milésima vez aquela tarde.

— Você não cansa disso Ray? – resmunguei, sem nem me dar ao trabalho de pegar no aparelho.

— Ela eu não sei, mas eu não me canso de você. – disse uma voz suave e rouca logo atrás de mim.

Eu me virei e meio que gritei de surpresa e alegria, enquanto pulava em cima dele.

— Harry! O que você faz aqui? – agora, depois de derrubá-lo no chão, eu mal conseguia formar um pensamento coerente sequer. Tudo o que importava era que ele estava aqui. Eu mal havia percebido o quanto tinha sentido sua falta até àquela hora. – É tão bom ter você aqui.

— Desculpe a demora, anjo. Queria ter vindo antes. – disse ele, segurando meu rosto com as mãos e me dando um beijo suave.

— Você chegou na hora certa, como sempre.

— Hum, hum. – meu pai até que demorou a aparecer. Ainda mais depois do grito que eu dei. Ele estava ali de pé nos observando com uma cara nada boa, de braços cruzados.

— Senhor Laurent. É um prazer revê-lo. – falou Harry, se levantando e estendendo a mão pra me ajudar em seguida.

— O que faz aqui garoto? – meu pai apenas manteve a careta e fingiu não notar a mão que Harry estendeu pra cumprimentá-lo.

— Eu vim ver a Gen. – anunciou Harry, como se fosse a coisa mais normal do mundo e colocou um braço em volta da minha cintura.

Meu pai olhou pra mim e ergueu uma sobrancelha grisalha com cara de quem diz: "é sério isso? Depois de tudo que aconteceu?". Eu gostaria de poder explicar, mas ele certamente não entenderia, ou melhor, aceitaria.

— Acho melhor você ir embora garoto...

— Pai! Já tá na hora da gente superar isso, não acha? – falei, ficando entre ele e Harry e impedindo que aquela discussão fosse adiante. – Já pedi desculpas pelo que aconteceu. Nós sabemos que foi errado, mas...

Harry segurou minha mão e eu procurei o olhar dele um segundo antes de voltar a encarar meu pai.

— Eu o amo e...

— Eu amo sua filha, senhor Laurent. – completou Harry, me fazendo sorrir.

— Eu preciso fechar a loja. – resmungou meu pai, nos dando as costas e saindo a passos largos. – Mas essa conversa ainda não acabou.

I Swear I'll BehaveOnde histórias criam vida. Descubra agora