Na na na

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Um beijo. Era por causa disso que eu tinha ferrado tudo.

A música mudou, assim como a pressão no ar. Parecia que tudo tinha ficado mais tenso e pesado de repente. Eu estava respirando devagar num segundo e no outro não tinha ar nos pulmões. Talvez eu tenha prendido a respiração sem querer ou... Não sei. Era uma sensação conhecida. Aqueles lábios, aquele calor, aquele corpo. O barulho das pessoas gritando ao ritmo da música nova e mais agitada me fez recuperar a consciência. Eu, Niall, o beijo. Outro beijo.

— Você não devia ter feito isso! – gritei com ele e me desvencilhei de seus braços.

— Gen! Eu não...

— Já chega Niall! – nesse momento um trovão ressoou do lado de fora, alto e estridente, fazendo meu pelos se arrepiarem. – Você não tinha esse direito!

— Gen, não foi por querer. Me desculpa, é que... – ele tentava se aproximar de mim, mas eu me afastava dele na mesma medida.

— Eu queria que você fosse meu amigo. – falei, sentindo a garganta seca. Depois alguém esbarrou em mim e eu só precisava sair dali.

Corri o mais depressa que consegui, esbarrando nas pessoas sem me desculpar e entrei no corredor que levava à entrada principal. Estava pouco iluminado e quase vazio. Exceto por um casal se agarrando perto dos armários, que se assustou e saiu dali assim que me viu chegar. Pela porta aberta atrás de mim dava pra ouvir o barulho alto da festa. Apesar de que eu parecia estar em outra dimensão agora.

Caminhei um pouco mais ao longo do corredor e o som da chuva se intensificou. A porta da frente estava trancada, mas era possível ver as gotas de chuva escorrendo pelo vidro e formando uma pequena poça logo abaixo. Cruzei os braços e fechei os olhos, encostada em um armário qualquer. Tentei respirar e pensar direito, mas logo fui interrompida pelo som de passos apressados vindo em minha direção.

— Gen, me desculpa! Eu já disse que não foi de propósito! – é claro que ele viria atrás de mim. Abri os olhos e encarei o chão por um minuto, tentando focar em qualquer coisa que me fizesse soar mais racional e menos estúpida antes de falar com ele.

Eu estava de um jeito que mal conseguia olhar pra ele. Faltava um segundo pra que eu saísse dali correndo feito louca naquela chuva. Tudo bem. Foi burrice minha colocá-lo nessa situação, mas ainda assim ele precisava ser honesto comigo. Agora eu estava aqui nesse beco sem saída, afundando ainda mais nos meus erros.

— Você não vai fazer isso. – afirmou ele, entrando no meu campo de visão.

— Fazer o que? – praticamente berrei sob o barulho da chuva que batia violentamente contra o telhado e as janelas do colégio. Mantive os braços cruzados e empinei o queixo pra ele, de forma desafiadora.

— Não vou deixar você sair nessa chuva, sozinha, por minha causa. – se eu não soubesse as reais intenções dele, poderia jurar que estava preocupado. Talvez até estivesse, só que mais com o fato de perder mais uma chance comigo.

Droga. Eu não podia pensar isso dele. Ele gostava de mim e eu de outra pessoa. Não podia culpá-lo por isso.

— Não lembro de ter pedido sua permissão.

— Que droga Gen! Não era pra ser assim! – ele jogou as mãos pro alto, parecendo mais frustrado do que nunca. – É sério. Só me deixa te levar pra casa.

Demorei alguns segundos analisando seu rosto, enquanto ouvia uma voz lá no fundo gritar e praticamente fazer uma coreografia pra eu dizer um sonoro 'não'. A verdade é que eu meio que acreditava nele. Ele queria me ver feliz e estava se esforçando pra isso. Ele lembrou do meu baile caramba!

I Swear I'll BehaveOnde histórias criam vida. Descubra agora