Illusion

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— Que meeerdaaaa!

Maldita hora em que eu resolvi enfiar aquele vestido no fundo do armário! Agora ele estava todo amarrotado. Impossível de usar.

Olhei irritada pro meu reflexo no espelho e disse a mim mesma que eu não precisava dele. Nem era pra eu ir nessa droga de baile. Bufando, catei entre as roupas que eu não tinha separado ainda – na mala enorme que estava aberta no canto do meu quarto – um vestido que pelo menos parecesse nunca usado. Tomei um banho rápido, coloquei uma tiara, fiz tudo que eu sabia no quesito maquiagem – o que significa delineador e rímel – e depois de calçar o All Star que eu mais gostava, o vermelho de cano médio me considerei pronta.

E daí que não tinha nada a ver com o tema da festa? Ninguém ia reparar naquelas olheiras lindamente quase roxas sob meus olhos, certo? Acho que nem todo o corretivo do mundo faria milagres ali. Hora de comemorar, mais uma hora sem chorar. Talvez hoje eu conseguisse dormir direito.

— Ok. Você pode fazer isso. – disse a mim mesma, enquanto conferia o visual pela milésima vez. – É só ir lá, dançar uma música e voltar pra casa.

Ridículo. Nada nunca era simples assim. E eu parecia um zumbi. Recém-saída do túmulo. Merda.

Suspirei alto e pensei em Harry, em como tudo que eu mais desejava era que ele estivesse aqui, mesmo sem ir ao baile. Daria qualquer coisa por isso. Peguei no celular, na intenção de me arriscar mais uma vez e ligar pra ele, mas não consegui. Eu estava meio que entrando em pânico e quase certa de que não ia mais sair daquele quarto. Escrevi uma breve mensagem pra ele e apertei enviar. Fiquei olhando fixamente para o aparelho, esperando um milagre acho, e no exato momento ouvi uma batida na porta.

— Oi. - era o meu pai.

— Oi, é impres... Uau, como você está bonita. – não pude evitar um sorriso tímido com o elogio.

— Obrigada, pai. Foi o que deu pra fazer.

— Não seja boba, Hannie. – ele segurou minha mão e me fez girar em torno de mim mesma uma vez. – Mas, eu pensei que você tinha dito que não ia ao baile.

— É... Então, eu meio que mudei de ideia. – ou meio que me ajudaram a mudar.

— Certo. Isso explica aquele garoto loiro arrumado na nossa varanda.

— Sim. - eu queria dizer que não, mas ainda estava incerta sobre ir.

Parece que eu disse tanto a mim mesma que não queria e não fazia sentido que acabei acreditando. E até a cara do meu pai me fez ficar mais com o pé atrás.

— Então, divirtam-se. Com responsabilidade! OK?

— Pai!

— Hannah! – ele ergueu as sobrancelhas grossas pra mim. – Não faz muito tempo que alguém muito responsável bebeu até ficar de ressaca no dia seguinte.

— Jesus! – reclamei, revirando os olhos.

— Não, não foi ele.

— Tá, tá! – me virei pra pegar uma mini bolsa onde tinha enfiado a identidade, algum dinheiro e agora o celular e evitei contato visual com ele. – Mas, pai...

— Sim?

— Você acha que... – eu estava de costas pra ele, mas dava pra sentir seu olhar sobre mim. – Que eu devo ir?

— Por que não deveria?

Por que o cara que eu amo não tá aqui? Ou porque ele tá com ódio por eu ter beijado outro cara? Que por acaso é com quem eu pretendo ir? E isso pode me deixar ainda mais ferrada do que eu já estou!

I Swear I'll BehaveOnde histórias criam vida. Descubra agora