Acordar de ressaca não era nada bom. Foi a primeira coisa em que pensei ao tentar abrir os olhos e ter a dolorosa sensação de que meu corpo nunca mais sairia daquela cama. A segunda coisa foi prometer pra mim mesma nunca mais beber daquele jeito. Se bem que eu só me lembrava de ter tomado uns três ou quatro copos daquela bebida doce que Zach me deu.
Minha cabeça ainda girava e parecia que eu poderia vomitar a qualquer momento. Me sentei devagar, tentando absorver o ambiente à minha volta e segurar o enjoo até chegar ao banheiro. Aparentemente não havia nada fora do normal. Eu estava sozinha no meu quarto e tinha dormido com a mesma roupa de ontem, só que sem sapatos. Encontrei um copo de água e um comprimido ao lado da cama e tomei, sem nem me preocupar em saber pra que era.
Eu não queria levantar da cama, nem mesmo abrir os olhos, mas precisava chegar ao banheiro. Fui segurando nas paredes e andando o mais depressa que minha dor de cabeça e mal estar permitiram – o que significava bem lentamente – e saí para o corredor.
Lá de baixo ouvi a voz do meu pai e mais uma outra bastante familiar. Ele falava alto e parecia estar discutindo com alguém. Não consegui distinguir suas palavras de onde estava e não achei que conseguiria descer as escadas agora. Terminei o trajeto até o banheiro e entrei batendo a porta.
Levei um susto ao ver meu reflexo no espelho. A situação era pior do que eu pensava. Dois segundos observando meu rosto manchado de maquiagem foi o bastante pra fazer o enjoo chegar ao limite e pra eu colocar pra fora o que sobrara da minha noite "fora de controle".
Meu cabelo estava embolado, os olhos manchados com o delineador, que parecia ter escorrido junto com o rímel para minhas bochechas e o batom vermelho borrado e praticamente escasso em meus lábios. Agora imagine esse visual e eu abraçada – quase em um relacionamento sério – com o vaso sanitário, para o qual eu mal tinha coragem de olhar agora.Vomitar era sempre terrível. Por mais que você soubesse que a causa era a bebida, parecia que sempre tinha mais do que isso pra sair, tipo o jantar de dois dias atrás. Dei a descarga me sentindo fraca e com vontade de colar a cara no piso frio do banheiro, mas três batidas fortes na porta me fizeram voltar à realidade, e à dor de cabeça.
— Hannah! Está tudo bem? – era a voz do meu pai, alta, muito alta. – Abra a porta!
— Tá... – queria dizer que estava tudo bem, e pra ele parar de gritar, mas não conseguia sair dali. Tinha a impressão de que ia vomitar de novo a qualquer segundo.
— Gen! – chamou a outra voz. – Abre a porta meu anjo.
Sim! Era ele! Meu Harry, finalmente. Daí eu vomitei de novo e eles entraram.
Harry veio parar ao meu lado, segurando meu cabelo e apoiando uma mão nas minhas costas, e meu pai ficou apenas observando, provavelmente pensando no castigo que ia me dar depois da merda que eu fiz.— Ela só está de ressaca. Vou fazer um café. – disse papai, pro meu espanto. E saiu do banheiro devagar. Mas ainda deu pra ouvir quando ele soltou um "malditos adolescentes" no corredor.
— Gen, como você está? – perguntou Harry, prendendo meu cabelo - ou aquele ninho que eu um dia chamara de cabelo – com um elástico.
— Hum... Não quero que você me veja assim! – reclamei, tentando me levantar.
— Meu amor.
— Eu tô um lixo, Hazz!
— Mas ainda é o meu lixo! Podemos reciclar, sabia?
— Rá, rá. Muito engraçado. – eu lembrei que não tinha dado a descarga. Fechei a tampa do vaso depressa e apertei o botão.
— Gen, eu só me importo com o seu bem estar. Quero que você melhore, seja lá o que fez pra ficar assim.
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I Swear I'll Behave
FanficEnquanto meu pai conta os minutos para eu passar no vestibular e ser alguém na vida, eu conto os segundos para poder ir ao último show do One Direction antes do fim da banda. Não era só a vida dos meninos que mudaria depois daquele show, mas eu não...