Secret little rendezvous

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Era uma das poucas vezes em que meu cérebro e meu corpo concordavam com a mesma coisa: nenhum dos dois queria caminhar até aquela porta agora, mas era preciso. Andei devagar até lá, sem manter contato visual com meu pai, na esperança de que ele apenas me olhasse de cara feia e deixasse passar. E novamente eu estava errada.

— Quem era naquele carro Hannah? – perguntou ele, assim que fiquei na sua frente.

— Era um...

— E não me diga que era um amigo do trabalho! Porque o único que poderia sonhar em ter um carro daqueles é o Eddie e nós sabemos que ele não tem.

Ai Pai do céu... Me ajuda!

— Era um amigo, pai. E... Ele é novo por aqui, está de férias. – verdade, certo? Certo. Quase.

— E desde quando você fica sozinha na rua até tarde com garotos que acabou de conhecer? Anda, vamos entrar. – finalmente ele me deixou passar, já estava congelando ali fora, sem o calorzinho do Hazz... – Hannah!

— Oi? Sim!

— O que deu em você?

— Nada pai. Eu já disse, fomos comer alguma coisa depois do trabalho no barco. Fim da história. – falei, me jogando no sofá e só agora lembrando do boné de Harry na minha cabeça.

— Hannah... – ele agora tinha sentado na mesinha de centro, de frente para mim. – O que nós conversamos sobre isso? Sobre essa história de garotos?

— Eu sei pai...

— Os estudos em primeiro lugar. E segundo, se não confiar em mim...

— As coisas ficam mais complicadas. Eu sei. Eu confio em você e já disse o que houve. – disse, me sentando e olhando para ele agora. – Mas eu tô de férias paizinho... E trabalhando! Pergunta ao Eddie como eu me saí bem! Vai ver só! E eu nem demorei na verdade.

— Mas não atendeu minhas ligações! – resmungou ele.

— Meu celular descarregou.

— Essa desculpa é velha.

— É sério! Olha aqui! – falei, tirando o telefone do bolso e sacudindo na frente dele. – Viu? Morto!

— E porque não me apresentou seu amigo?

Porque nem eu acredito no que aconteceu hoje?

— Porque achei que estivesse dormindo, quando vi as luzes apagadas. Posso ir agora paizinho? – me levantei e o abracei pelo pescoço.

— Tudo bem, mas só porque você tem que levantar cedo para trabalhar! Esse assunto ainda não está encerrado.

— Obrigada, entendido, boa noite. – e beijei o topo da testa dele, indo em direção ao quarto em seguida.

Depois de tomar banho e vestir uma camiseta velha, passei um bom tempo deitada olhando para o teto, abraçando e cheirando o boné de Harry. Ainda não dava para acreditar no que tinha acontecido. Meu coração estava acelerado desde a hora em que me despedi dele e o que eu sentia agora em relação a ele era algo totalmente diferente. Afundei a cara no travesseiro e comecei a repassar mentalmente cada momento precioso que tivemos algumas horas atrás, pelo menos assim, apenas relembrando eu mantinha afastada a minha busca incessante por uma lógica naquilo tudo. E claro, também não pensava no fato de minha paixão pelo Harry-Cantor evoluir para algo mais em relação ao Harry-Harry.

— Eu não vou conseguir dormir nunca mais. – sussurrei, alisando o boné no escuro e olhando a hora no celular de papai. Fui obrigada a pegar o dele emprestado para ligar o alarme, já que o meu ainda estava zerado.

I Swear I'll BehaveOnde histórias criam vida. Descubra agora