Still the one

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Ele estava em toda parte e eu sequer ousava pensar em qualquer coisa que não fosse ele. Agora eu percebo que ainda que tivéssemos passado um ano distante, voltaríamos a nos amar exatamente como da primeira vez.

Ainda que eu acreditasse que o universo estava conspirando a meu favor por trazê-lo até a minha porta, mais uma vez, foi uma ideia que acabou não durando muito. Enquanto estávamos ali, perdidos um no outro e tentando não pensar em qualquer outra coisa que pudesse estragar aquele momento, mal percebemos quando o carro do meu pai subiu a rampa para entrar na garagem.

No momento em que vi as luzes do farol do carro cruzarem a janela da sala, eu pulei pra longe de Harry e agarrei sua mão, subindo as escadas correndo. Quase tive um infarto quando ele deu meia volta e desceu alguns degraus pra pegar sua camisa esquecida. Em segundos passamos pra dentro do meu quarto pouco antes de ouvir a porta da frente sendo aberta e fechada logo em seguida.

Empurrei Harry pra dentro do armário junto com minhas roupas, enquanto ele ainda vestia a camisa e começava a ter um ataque de risos. Fiz sinal pra ele ficar quieto, mas vendo que não ia adiantar, enfiei um sutiã na boca dele e fechei a porta.

Corri pra cama e me joguei de qualquer jeito sobre ela, ao mesmo tempo em que meu pai abria a porta devagar.

— Hannie? – ele colocou apenas a cabeça pra dentro do quarto.

— Aqui. – respondi, tentando soar indiferente e cansada, com as mãos cruzadas sobre a barriga e uma perna fora da cama.

— Pensei que chegaria mais tarde. Como foi a festa?

— Pai. Já é tarde – cobri o rosto quando ele acendeu a luz do quarto. – E você é quem estava na rua até essa hora... Por qual motivo?

— Vejo que não foi tão boa assim. - resmungou ele, cruzando os braços e ignorando minha pergunta.

— O que? – falei, franzindo a testa.

— A festa.

— Oh! Não... Quero falar sobre isso agora. – disse, olhando de relance para o armário. – Tô meio cansada.

Dei um bocejo enorme pra enfatizar meu relato e mal mantive os olhos abertos ao falar com ele.

— Sem problemas. Também não estou a fim de falar sobre... Qualquer coisa agora. Amanhã conversamos, ok? Boa noite, Hannie.

E antes que eu pudesse responder ele já havia apagado a luz e fechado a porta ao sair. Respirei fundo tentando organizar as ideias e fazer um resumo rápido de tudo que aconteceu esta noite, mas meu cérebro parecia ter dado um nó bem apertado.

Senti a cama afundar sob o peso dele deitando ao meu lado e seu olhar encontrar o meu um segundo depois. O quarto estava praticamente na penumbra, exceto pela luz que vinha do poste na rua e de um ou outro raio que cruzava o céu e iluminava momentaneamente todo o lugar.

Ele não falou e não me tocou por um longo tempo, o que só fez aquela sensação confusa se espalhar ainda mais dentro de mim. Depois do que pareceram séculos, eu finalmente encontrei minha voz.

— O que você veio fazer aqui, Harry? – prendendo a respiração, por que eu não sabia ao certo se queria ouvir a resposta, eu acrescentei – De verdade?

Antes de responder ele ainda me encarou por algum tempo e por fim olhou pra algum ponto distante.

— De verdade... Eu não sei.

Eu tinha medo que ele dissesse isso. Não, espera, eu tinha medo que ele dissesse qualquer outra coisa que não fosse que veio por que sentiu minha falta.

I Swear I'll BehaveOnde histórias criam vida. Descubra agora