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Hora de ir pra casa. E de ver o tamanho do estrago que eu tinha feito àquela noite. Não que eu estivesse arrependida, pois não estava nem um pouco. Mas só de pensar no transtorno que ia enfrentar, tinha vontade de sumir por mais uma semana, um mês, sei lá.
Harry achou melhor não trocar a roupa da festa, para não termos que adicionar mais detalhes incoerentes à nossa história. Entramos no carro com Scott do mesmo jeito que viemos ontem à noite, só que secos desta vez. Fui dormindo deitada com a cabeça no colo de Harry até estacionarmos na esquina de casa, um pouco mais distante até. Ele tirou do bolso a touca que vinha usando habitualmente e nos despedimos de Scott em seguida.

— Obrigada, Scott. Mais uma vez. – dei um sorriso pra ele e saí do carro.

Caminhamos de mãos dadas e sem falar nada por cerca de dois minutos, até eu avistar finalmente minha casa. Parei onde estava e tentei buscar dentro de mim forças, para o que estava por vir.

— Espero que essa cara de velório não seja por minha causa. – brincou Harry, me empurrando com o ombro.

— Não seja bobo. – ele queria que eu dissesse algo mais sobre a noite passada, podia sentir isso, mas por ora eu estava aflita com outras questões. – Ainda não falamos sobre o que aconteceu ontem, na festa.

— Precisamos?

— Creio que sim.

— Pode falar, então. – suspirou ele.

— Harry, não... – depois de tudo ele ainda ia agir dessa forma imatura? Por favor. – Esquece. Não podemos falar sobre isso aqui. Vamos.

— Pra onde? – questionou ele, enquanto eu o arrastava para a direção oposta à da minha casa.

— Pra outro lugar. Conversar.

Ele apenas me acompanhou, achando graça da minha falta de coragem talvez. Corri com ele até uma praça antiga que tinha ali por perto, onde o único brinquedo que ainda restava de quando eu era criança, era um de ferro que girava super rápido. E agora estava tão ou mais enferrujado que as dobradiças do porão lá de casa, mas a grama que crescia em torno dele, tornava a paisagem tão bonita que parecia saída de um quadro.

Ainda era cedo, ou quase, para uma manhã de domingo. Com sorte, ou azar, chegaríamos em casa antes da hora do almoço. Procurei uma sombra de árvore para sentar e fui até lá com ele. Que logo aproveitou para se deitar, esticado na grama.

— Harry, ontem você...

— Ainda acho que não precisamos falar sobre ontem. – ele abriu um sorriso largo e continuou. – Pelo menos não da parte da festa.

— Precisamos sim. Você sabe que o que fez não foi certo.

— Ah, sim. Certo era eu deixar vocês dois se beijando lá na minha frente! – exclamou ele, se levantando e me encarando nos olhos.

— Não! Claro que não! – eu sabia que ele estava pensando isso. – Em primeiro lugar, eu, não beijei ele.

— Cer...

— Em segundo – falei, interrompendo ele. – Você não devia duvidar de mim.

— Eu não...

— Só porque você ficou com raiva dele...

— Ele é um babaca Hannah!

Continuando, ficou com ódio, dele. Não quer dizer que possa ir lá arrebentar o cara, na casa da vó dele!

Ele me olhou com vontade de rir do que falei, procurando algum traço de humor em meu rosto, mas me mantive séria. Ele precisava entender que violência não era a melhor forma de lidar com uma situação daquelas. E, principalmente, que eu posso me cuidar sozinha. Já basta um me "protegendo" o tempo todo.

I Swear I'll BehaveOnde histórias criam vida. Descubra agora