Infinity

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— Sinto muito. – eu disse, me recuperando muito lentamente do choque.

— Não sinta. Foi melhor assim.

Se você diz... Era o que eu queria dizer, mas em vez disso, apenas assenti.

— Ok.

— Hannah, eu...

— Desculpa, Dom. Acho que agora eu preciso mesmo ir. Meu pai já deve estar furioso! – comecei a falar sem parar pra respirar ou deixar que ele continuasse. – Muito, muito obrigada por hoje! Eu não sei como te agradecer!

Me debrucei sobre o banco, pra dar um abraço rápido nele e senti seus fios úmidos roçarem meu rosto. Seu perfume era enervante. Me lembrava daqueles comerciais de TV em que aparecia um modelo lindo e aventureiro, em que a gente ficava imaginando a cena sem nem ter ideia de como ele cheirava. Mas, se fosse pra chutar um, diria que era o cheiro do Dom.

— A gente se vê em breve, certo? – dei um meio sorriso ao me afastar dele, que segurou minha mão, antes que eu alcançasse a maçaneta da porta.

— Hannah...

Engoli em seco e esperei pelo que ele queria dizer.

— Se precisar, sabe onde me encontrar. – ele sorriu uma última vez e por fim me soltou.

— Obrigada. Igualmente.

Saí do carro rapidamente e por um segundo tinha até esquecido que estava chovendo. Apenas quando senti os pingos grossos escorrerem pelo meu rosto comecei a correr pra casa. Acenei pra Dom assim que cheguei à varanda. E só aí lembrei que ainda estava com a jaqueta dele. Pensei em ir atrás, mas ele já havia partido. De lá, sob a proteção do telhado, fiquei olhando na direção que ele tinha ido. Distraída, mal percebi a silhueta que se estendia no chão a minha direita, no escuro.

— A conversa estava boa. – eu o ouvi antes de vê-lo e quase caí pra trás com o susto.

— Aaaaahhh!!! Meu Deus! – eu gritei e saltei quase um metro pra trás. – Porra Har...!

Eu não consegui terminar a frase. Meu peito subia e descia como se eu tivesse acabado de correr uma maratona inteira e morasse no décimo segundo andar de um prédio sem elevador. Eu só podia estar alucinando. Não. Era. Possível. Simplesmente, não era!

— V-v-oc-cê... É... – eu mal escutava minha própria voz.

— Sim. O próprio. O idiota que veio atrás de você.

Na hora em que ouvi a voz dele de novo, meu coração parecia estar ensaiando as batidas em ritmo de escola de samba. Partindo daí para um salto de bungee jump, em queda livre dentro do meu peito. E eu senti meus joelhos cederem junto com ele.

Eu meio que caí de joelhos no chão ao mesmo tempo em que um raio iluminou suas feições e lutei contra o impulso de me jogar sobre ele ou sair correndo dali. E se ele me rejeitasse? Só a ideia fez com que eu me contraísse. Estava a poucos passos dele, mas que pareciam quilômetros.

— O que foi Gen? – eu não sei o que perdi, mas foi como se eu tivesse cochilado no meio de uma conversa e no instante seguinte ele estava diante de mim, sua voz mais nítida ainda agora. – Fala comigo!

Eu só conseguia balançar a cabeça em negação. Até que ele segurou meu rosto frio entre suas mãos quentes e fortes e meu corpo todo reverberou com aquele toque.

— O que... Por que está aqui? – consegui dizer, enquanto lutava pra manter minhas mãos longe dele.

— Era eu quem devia fazer essa pergunta. – ele sorriu, ironicamente e me soltou. Fazendo meu coração sangrar e doer de uma só vez. – Você diz que precisa de mim... E... Bom.

I Swear I'll BehaveOnde histórias criam vida. Descubra agora