Fool's gold

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Rachel passou o resto da tarde e o comecinho da noite tentando me fazer mudar de ideia, mas eu tinha certeza de que não só não queria como também não conseguiria ir até lá sem ele. Não sem me sentir péssima e tudo mais. Pelo menos aqui no conforto da minha casa eu não teria que ver os casais felizes se esfregando na minha cara.

— Deixa de ser boba, é sério! – ralhou ela, estressada enquanto roubava sorvete de mim.

— Não, Ray. Eu tô falando sério! Me escuta – olhei séria pra ela e tentei explicar uma última vez. – Eu. Não. Vou. Tá bom? Fim de papo.

— Como é que eu vou ficar lá sem você? – choramingou ela, com a cabeça no meu ombro.

— Ficando, oras. O Dave vai estar lá, pra te consolar...

— Gen! Não é a mesma coisa! – ela fingiu reclamar, apesar dos cantos da sua boca estarem ligeiramente puxados pra cima ao mencionar ele.

— Claaaaro que não. Agora ele tá mais gostoso, embora não menos cretino. Certo? – essa era parte ruim sobre Dave: o que ele tinha de bonito, tinha igualmente em safadeza. O cara sempre tinha uma garota a tiracolo, pra qualquer ocasião. E Rachel não queria ser mais uma, ainda que não admitisse, ela adorava o cara e eu entendi quando me disse que iria com ele ao baile. "Uma última vez", disse ela.

— Droga, certo. – ela se levantou, encarando o relógio na parede da sala e fez um bico pra mim. – Você é impossível.

— Você também. – respondi, mandando um beijo pra ela.

— Ugh! Eu vou começar a me arrumar... Mas volto pra te perturbar mais!

— Sim senhora! – levantei o polegar pra ela e continuei largada no sofá.

Como prometido, duas horas mais tarde ela voltou e só não chorou pra não borrar a maquiagem. Ela estava linda, deslumbrante na verdade, com um vestido verde escuro frente única, que cobria muito pouca coisa. Tinha um decote modesto em V – mas generoso o bastante pra realçar sua comissão de frente -, alças bem ajustadas ao corpo e as costas ficavam praticamente nuas. O tecido era fluido na saia e brilhante na parte superior. Ela tinha penteado seu cabelo loiro em um coque lateral bagunçado, carregado bem no delineador e no batom vermelho.

— Ray. Você tá linda. Eu te amo, muito. Então vai lá e aproveita a noite. Ok? – disse, segurando as mãos dela.

— Gen. Eu devia matar você. – ela me abraçou apertado. – Se eu chorar agora, vou acabar com você. É sério!

Eu comecei a rir no mesmo instante em que um carro parou diante da casa dela, buzinando duas vezes. Nos entreolhamos e ela me sacudiu e beijou, antes de se apressar em direção a Dave.

 Nos entreolhamos e ela me sacudiu e beijou, antes de se apressar em direção a Dave

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DAVE (na foto)

Observei da porta enquanto ele saía do carro e dava um beijo nela daqueles de deixar qualquer um vermelho. Quando pararam, ela se virou e acenou freneticamente pra mim, antes de entrar no carro. Eu acenei de volta e fiquei ali, assistindo minha amiga ir sem mim. Depois de passarmos meses planejando esse momento. A verdade, eu não me arrependia de não ir, só de não ir com a pessoa que eu quero.

I Swear I'll BehaveOnde histórias criam vida. Descubra agora