End of the day

226 27 13
                                    


— Acho que eu já te respondi isso um minuto atrás. – falei, com um sorriso de orelha a orelha.

— Não oficialmente.

— Ah, meu Deus! Você ainda pergunta? É claro que sim!

— Ufa, que sorte a minha, não? – ele tirou um saquinho de tecido azul escuro do bolso e estendeu um objeto para mim. – Por que eu trouxe isso pra você e não tem devolução!

— Harry... – era uma pulseira de prata com alguns pingentes: uma letra 'H', um mini barco, uma clave de sol e um coração flechado. Não tinha dúvidas de que cada um daqueles representava nossa trajetória, ou, símbolos dos nossos momentos. – É perfeita.

— Como você. Sei que não precisa de nada pra lembrar de mim, mas quis te dar isso. Achei a sua cara e não resisti.

— Você acertou, muito.

— Ainda fico te devendo um encontro romântico!

— Pode ter certeza que vou cobrar!

Estava rindo com ele, justamente na hora em que ouvi o barulho da porta da garagem. Meu pai havia voltado. Apaguei a luz do quarto, deixando apenas o abajur ligado e destranquei a porta. Fiz Harry se esconder embaixo da cama e deitei, pegando meu livro de cabeceira.

Ouvi ele entrar e atravessar o corredor até seu quarto, abrir a porta e depois voltar atrás, vindo até o meu. E depois nada. Apenas silêncio. Um minuto depois ele voltou a seu quarto e fechou a porta ruidosamente. Ele ainda estava bravo comigo, e acho que ficaria por muito tempo.

— Pode sair Hazz. – sussurrei, depois de trancar a porta de novo.

— Se eu contasse ninguém ia acreditar! – falou ele, saindo de lá e se jogando na cama junto comigo.

— No que? – perguntei, percorrendo as mãos pela curva de sua espinha.

— Nesses momentos loucos que eu tenho com você.

— Ah, sim. Eu devia vir com um aviso de "pai superprotetor e carcereiro" embutido.

— Não me preocupo com isso. Você vale cada segundo desses... Desafios.

— Se você diz.

— Tô afirmando.

Ele me beijou e nós dois deixamos de lado as dificuldades por um momento. Não parecia que estávamos longe por algumas horas apenas. Todo meu corpo já sentia sua falta, como uma droga daquelas que caem rápido no sangue e você demoraria meses em abstinência para se livrar, mas mesmo assim saberia o gosto dela para sempre. É uma comparação estranha, mas justificável.

A sensação do seu toque na minha pele me deixava cada vez sedenta por mais e era algo que eu não podia evitar. Nossos corpos se encaixavam perfeitamente e cada momento era único. Não queríamos que acabasse nunca.

Ainda era madrugada quando me despedi dele. Pouco antes das cinco da manhã. Era segunda-feira e meu pai acordaria logo. O levei até a saída dos fundos com cuidado e mal consegui desgrudar dele. O programa de TV seria em Los Angeles, no fim do mês, mas ele me prometeu voltar antes e não deixar de falar comigo um dia sequer. Eu não sabia era como sobreviver ver, tocar e estar com ele. Sem sentir sua boca na minha e seus braços fortes me envolvendo. Seria difícil, pra cacete.

Nos despedimos com um beijo digno de cinema. Nosso primeiro beijo como namorados. Por fora eu era uma pessoa normalmente feliz, mas por dentro eu dava cambalhotas e sorria para estranhos! Foi com isso que sonhei quando voltei a me deitar.

Acordei por volta das dez e meia. Achei estranho acordar tão tarde e sozinha. Mas lembrei que Harry não estava mais lá e que meu pai ainda estava puto comigo. Só não sabia que isso afetaria também o trabalho, ou melhor, o castigo que ele me impôs. Não que eu me importasse.

I Swear I'll BehaveOnde histórias criam vida. Descubra agora