Liam: Mel? Não vais dizer nada? - Respiro fundo. Vou ter que lhe contar!
Eu: Podemos ir para casa? Eu explico-te lá.
Caminhamos os dois para o carro e o caminhos de regresso a casa e feito em silêncio. Um silêncio nada acolhedor.
Como é que lhe vou contar? Provavelmente vai pensar que sou maluca, que vejo coisas; na verdade vejo mas pronto; que tenho alucinações e vai-me internar num hospício.
Chegamos a casa e pouso a mala no sofá. Ele entra atrás de mim.
Liam: Vais contar-me agora? - Suspiro e respondo.
Eu: Sim. - Sento-me no sofá. - Senta-te aqui. - Ele sente-se e eu ganho coragem para começar a falar? - O que viste propriamente?
Liam: Eu cheguei lá quando te estavas a levantar. Vi tudo o resto e foi meio estranho! És capaz de me explicar o que se passou? Estava a falar, como se estivesse alguém à tua frente, e abraçaste alguém!? - Diz quase que a perguntar.
Eu: OK. - Volto a suspirar. - Lembraste do facto de ter medo de trovoada?
Liam: Sim. Mas o que isso tem a ver? - Pergunta confuso.
Eu: Tudo, Liam! Tudo! - Dou início à minha explicação. - Quando tinha 7 anos, numa noite de trovoada, o meu maior pesadelo começou.
Liam: Como assim? - Interrompe-me.
Eu: Deixa-me explicar!
Liam: Sim, desculpa.
Eu: Eu acordei a meio da noite por causa do temporal que estava. Imensa chuva, trovoada e vento, era horrível. Eu tinha um quarto só para mim é sabia que estava sozinha. Mas quando olhei para o cadeirão que tinha num dos caros do quarto, estava lá sentado alguém. Isso assustou-me!com algum medo liguei o candeeiro e vi quem era. O meu avô. Ele tinha morrido na semana anterior! - Vejo-o ficar com uma expressão confusa. - Comecei a gritar e a minha mãe apareceu. Eu dizia-lhe que o pai dela estava ali sentada, bem à nossa frente, mas ela não o conseguia ver. Ele foi o primeiro que vi, durante os 2 anos mais horríveis da minha vida.
Liam: Primeiro quê?
Eu: Primeiro morto! - Ele arregalados os olhos e a sua expressão é de espanto e confusão. - Eu conseguia ver mortos.
Liam: Oh Meu Deus!
Eu: Passados dois anos, de um momento para o outro deixei de os ver. - Olhei-o nos olhos. - Até ao momento em que entrei no cemitério.
Liam: Voltaste a vê-los?
Eu: Sim. E o que tu viste, era eu a falar com a minha mãe!
Liam: Com a tua mãe? - Bem a sua reação não está a ser má de todo e agradeço por isso.
Eu: Sim. Ela apareceu quando me ia embora. Foi por isso que estava a demorar muito tempo. O meu pai fez a travessia, mas ela não dez porque precisava de fazer alguma coisa.
Liam: Que coisa?
Eu: Não sei. Tu apareceste quando ela ia contar!
Liam: E agora? Como vais saber?
Eu: Vou ter de esperar até ela voltar a aparecer.
Liam: E se ela não aparecer?
Eu: Eu sei que ela vai. - Esboço um pequeno sorriso. - Ela falou do meu bebé. Disse que ele estava bem, com o meu pai do outro lado. - Uma pequena lágrima teimosa, rola pela minha bochecha e ele limpa-a com o seu polegar.
Liam: Anda cá. - Abraça-me. Quando se afasta, pega nas minhas mãos e olha-me nos olhos. - Porque não me tinhas contado isto antes?
Eu: Não achei necessário, visto que não os via agora! E talvez um pouco com medo da tua reação. Mas surpreendeste-me!
Liam: Ai sim?! - Sorri.
Eu: Sim! A tua reação nem foi muito má. - Ambos rimos.
Liam: Prometes-me uma coisa? - Assinto. - Não mais segredos?
Eu: Não mais segredos! - Ele junta os nosso lábios num breve beijo. - Isto também serve para ti, menino Liam! - Sorriu e volto a colar os nossos lábios.
Liam: Estive a pensar e vou arranjar maneira de trazer o piano da casa doa meus pais, para cá! Que achas?
Eu: Acho que fazes muito bem! - Sorriu. - Podíamos ir lá outra vez! Para veres os teus pais e estares com eles. Não sei como aguentas tanto tempo sem os veres!
Liam: Já estou habituado! Mas sim, podemos ir. Assim até é mais fácil de tratar das coisas para trazer o piano.
Eu: Sim.
2 Dias Depois
Mal estou a conseguir dormir está noite. Hoje é o grande dia do julgamento e eu estou nervosa. E talvez um pouco de receio de voltar a ver aquelas pessoas que me fizeram a vida num inferno.
Estou farta de dar voltas e mais voltas na cama, mas não consigo dormir. São 3 da manhã e no máximo devo ter dormido uma hora e meia. Olho para o Liam e parece dormir profundamente. Ponho-me da barriga para cima, com os braços de fora dos lençóis, e respiro fundo. Uma voz faz-se ouvir no quarto.
Liam: Está tudo bem Mel? Ainda não paraste de te mexer um bocadinho! - Diz com aquela voz meio rouca, que eu tanto amo.
Eu: Desculpa, acordei-te! - Vira-se para o lado direito, para fixar de frente para ele. Observo-o com a pouca luz que entra pela janela. - Não consigo dormir. Estou nervosa.
Liam: Vai tudo correr bem princesa! - Passa a sua mão na minha bochecha. - Vem cá.
Põe a sua mão nas minhas costas e puxa-me para ele. Beija os meus ásperos lábios. Ele tem um efeito tão notório em mim. Com um simples beijo consegue acalmar-me.
Entrelaço as nossas pernas, colo a minha cabeça ao seu peito e ambos rodeados o corpo um do outro, com os nossos braços.Liam: Tenta dormir agora bebé. - Dá-me um beijo no topo da cabeça e eu deposito outro no seu peito, antes de me aconchegar mais a ele.
Ouvir o seu coração bater acalma-me ainda mais. Percebo que ele já deve ter adormecido, Quando o seu ritmo cardíaco diminui e a sua respiração começa a ficar mais profunda e calma. Adormeço pouco depois.
Acordo quando o despertador toca, por volta das 8h30. O julgamento é às 10h30 e eu quero ter tempo para no arranjarmos e mesmo assim acho que uma hora e meia é pouco, mas o Liam obrigou-me a só pôr o despertador para esta hora e não para mais cedo.
Temos que estar algum tempo antes da audiência, no tribunal, por isso quero sair de casa pelo menos às 9h30.
Temo banho e enquanto me vou vestir, o Liam toma o seu banho. Penteio-me e descobri para preparar o pequeno almoço, enquanto o Liam se prepara. Ele desce e como ainda temos algum tempo tomamos o pequeno almoço nas calmas.
Ele diz que arruma a cozinha, então eu subo. Calço-me, lavo is dentes e desço, já com a minha mala e um casaco fino, para não ter que voltar a subir as escadas.
Ponho água e comida em duas taças distintas, para a Laika, enquanto o Liam vai lavar os dentes.
Liam: Preparada para o veres de novo? - Pergunta quando desce as escadas.
Eu: Não, mas tem que ser. - Visto o meu casaco.
Liam: Vamos? - Pega nas chaves de casa e do carro. Suspiro.
Eu: Vamos!
Olho para o relógio. 9h30 certinhas. Vamos lá a isto.
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Flashlight - Book 1
FanfictionMelissa é uma rapariga de 17 anos aparentemente comum, igual a todas as outras, mas o que ninguém sabe é o que se passa dentro do seu coração. O passado continua a atormentá-la e ela acha que nunca vai melhorar. Até ao dia em o destino cruza a sua v...