Capítulo 47

22 7 2
                                    

Liam: Mel? Não vais dizer nada? - Respiro fundo. Vou ter que lhe contar!

Eu: Podemos ir para casa? Eu explico-te lá.

Caminhamos os dois para o carro e o caminhos de regresso a casa e feito em silêncio. Um silêncio nada acolhedor.

Como é que lhe vou contar? Provavelmente vai pensar que sou maluca, que vejo coisas; na verdade vejo mas pronto; que tenho alucinações e vai-me internar num hospício.

Chegamos a casa e pouso a mala no sofá. Ele entra atrás de mim.

Liam: Vais contar-me agora? - Suspiro e respondo.

Eu: Sim. - Sento-me no sofá. - Senta-te aqui. - Ele sente-se e eu ganho coragem para começar a falar? - O que viste propriamente?

Liam: Eu cheguei lá quando te estavas a levantar. Vi tudo o resto e foi meio estranho! És capaz de me explicar o que se passou? Estava a falar, como se estivesse alguém à tua frente, e abraçaste alguém!? - Diz quase que a perguntar.

Eu: OK. - Volto a suspirar. - Lembraste do facto de ter medo de trovoada?

Liam: Sim. Mas o que isso tem a ver? - Pergunta confuso.

Eu: Tudo, Liam! Tudo! - Dou início à minha explicação. - Quando tinha 7 anos, numa noite de trovoada, o meu maior pesadelo começou.

Liam: Como assim? - Interrompe-me.

Eu: Deixa-me explicar!

Liam: Sim, desculpa.

Eu: Eu acordei a meio da noite por causa do temporal que estava. Imensa chuva, trovoada e vento, era horrível. Eu tinha um quarto só para mim é sabia que estava sozinha. Mas quando olhei para o cadeirão que tinha num dos caros do quarto, estava lá sentado alguém. Isso assustou-me!com algum medo liguei o candeeiro e vi quem era. O meu avô. Ele tinha morrido na semana anterior! - Vejo-o ficar com uma expressão confusa. - Comecei a gritar e a minha mãe apareceu. Eu dizia-lhe que o pai dela estava ali sentada, bem à nossa frente, mas ela não o conseguia ver. Ele foi o primeiro que vi, durante os 2 anos mais horríveis da minha vida.

Liam: Primeiro quê?

Eu: Primeiro morto! - Ele arregalados os olhos e a sua expressão é de espanto e confusão. - Eu conseguia ver mortos.

Liam: Oh Meu Deus!

Eu: Passados dois anos, de um momento para o outro deixei de os ver. - Olhei-o nos olhos. - Até ao momento em que entrei no cemitério.

Liam: Voltaste a vê-los?

Eu: Sim. E o que tu viste, era eu a falar com a minha mãe!

Liam: Com a tua mãe? - Bem a sua reação não está a ser má de todo e agradeço por isso.

Eu: Sim. Ela apareceu quando me ia embora. Foi por isso que estava a demorar muito tempo. O meu pai fez a travessia, mas ela não dez porque precisava de fazer alguma coisa.

Liam: Que coisa?

Eu: Não sei. Tu apareceste quando ela ia contar!

Liam: E agora? Como vais saber?

Eu: Vou ter de esperar até ela voltar a aparecer.

Liam: E se ela não aparecer?

Eu: Eu sei que ela vai. - Esboço um pequeno sorriso. - Ela falou do meu bebé. Disse que ele estava bem, com o meu pai do outro lado. - Uma pequena lágrima teimosa, rola pela minha bochecha e ele limpa-a com o seu polegar.

Liam: Anda cá. - Abraça-me. Quando se afasta, pega nas minhas mãos e olha-me nos olhos. - Porque não me tinhas contado isto antes?

Eu: Não achei necessário, visto que não os via agora! E talvez um pouco com medo da tua reação. Mas surpreendeste-me!

Liam: Ai sim?! - Sorri.

Eu: Sim! A tua reação nem foi muito má. - Ambos rimos.

Liam: Prometes-me uma coisa? - Assinto. - Não mais segredos?

Eu: Não mais segredos! - Ele junta os nosso lábios num breve beijo. - Isto também serve para ti, menino Liam! - Sorriu e volto a colar os nossos lábios.

Liam: Estive a pensar e vou arranjar maneira de trazer o piano da casa doa meus pais, para cá! Que achas?

Eu: Acho que fazes muito bem! - Sorriu. - Podíamos ir lá outra vez! Para veres os teus pais e estares com eles. Não sei como aguentas tanto tempo sem os veres!

Liam: Já estou habituado! Mas sim, podemos ir. Assim até é mais fácil de tratar das coisas para trazer o piano.

Eu: Sim.

2 Dias Depois

Mal estou a conseguir dormir está noite. Hoje é o grande dia do julgamento e eu estou nervosa. E talvez um pouco de receio de voltar a ver aquelas pessoas que me fizeram a vida num inferno.

Estou farta de dar voltas e mais voltas na cama, mas não consigo dormir. São 3 da manhã e no máximo devo ter dormido uma hora e meia. Olho para o Liam e parece dormir profundamente. Ponho-me da barriga para cima, com os braços de fora dos lençóis, e respiro fundo. Uma voz faz-se ouvir no quarto.

Liam: Está tudo bem Mel? Ainda não paraste de te mexer um bocadinho! - Diz com aquela voz meio rouca, que eu tanto amo.

Eu: Desculpa, acordei-te! - Vira-se para o lado direito, para fixar de frente para ele. Observo-o com a pouca luz que entra pela janela. - Não consigo dormir. Estou nervosa.

Liam: Vai tudo correr bem princesa! - Passa a sua mão na minha bochecha. - Vem cá.

Põe a sua mão nas minhas costas e puxa-me para ele. Beija os meus ásperos lábios. Ele tem um efeito tão notório em mim. Com um simples beijo consegue acalmar-me.
Entrelaço as nossas pernas, colo a minha cabeça ao seu peito e ambos rodeados o corpo um do outro, com os nossos braços.

Liam: Tenta dormir agora bebé. - Dá-me um beijo no topo da cabeça e eu deposito outro no seu peito, antes de me aconchegar mais a ele.

Ouvir o seu coração bater acalma-me ainda mais. Percebo que ele já deve ter adormecido, Quando o seu ritmo cardíaco diminui e a sua respiração começa a ficar mais profunda e calma. Adormeço pouco depois.

Acordo quando o despertador toca, por volta das 8h30. O julgamento é às 10h30 e eu quero ter tempo para no arranjarmos e mesmo assim acho que uma hora e meia é pouco, mas o Liam obrigou-me a só pôr o despertador para esta hora e não para mais cedo.

Temos que estar algum tempo antes da audiência, no tribunal, por isso quero sair de casa pelo menos às 9h30.

Temo banho e enquanto me vou vestir, o Liam toma o seu banho. Penteio-me e descobri para preparar o pequeno almoço, enquanto o Liam se prepara. Ele desce e como ainda temos algum tempo tomamos o pequeno almoço nas calmas.

Ele diz que arruma a cozinha, então eu subo. Calço-me, lavo is dentes e desço, já com a minha mala e um casaco fino, para não ter que voltar a subir as escadas.

Ponho água e comida em duas taças distintas, para a Laika, enquanto o Liam vai lavar os dentes.

Liam: Preparada para o veres de novo? - Pergunta quando desce as escadas.

Eu: Não, mas tem que ser. - Visto o meu casaco.

Liam: Vamos? - Pega nas chaves de casa e do carro. Suspiro.

Eu: Vamos!

Olho para o relógio. 9h30 certinhas. Vamos lá a isto.

Flashlight - Book 1Onde histórias criam vida. Descubra agora