Capítulo 44

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Eu: Tu sabias disto? - Pergunto-lhe, referindo-me à carta que tenho na mão.

Harry: Não! Estou tão surpreso quanto tu!

Volto a reler a carta pela quinquagésima vez.

" Querida Melissa,

Se lês está carta é porque provavelmente já não estou com vocês e não tive tempo de te contar a tua história.

Sempre ter eduque, criei, ensinei como uma mas infelizmente não és minha filha. Mesmo que não te tenha concedido dentro de mim, eu sempre te vi como uma filha, sempre te amei como uma filha, desde o momento em te vi.

Não te podia deixar abandonada dentro de um cesto à porta da minha casa. Sim, tu foste deixada dentro de um cesto à porta de minha casa. Porquê a mim? Não sei. Poderás perguntar aos teus pais biológicos, quando os encontrares.

Eu conhecia-os, mas não me dava totalmente bem com eles, por isso nunca cheguei a perceber as suas escolhas, de me deixarem ficar contigo. Se calhar fizeram-no, por saberem que eu estava a tentar engravidar, mas não conseguia, pelo simples facto de não ter grande produção de óvulos para serem fecundados.

O teu pai tinha sido um namorado meu no secundário e a tua mãe era minha amiga, mas nunca mais falei com nenhum deles quando eles se envolveram, e me trariam. Mas isso não interessa nada agora.

Eles não te queriam, porque eram uns alcoólicos e achavam-te um fardo na vida deles. Mas agradeço todos os dias a Deus, por ter sido assim. Por te ter posto na minha vida. Para eu te criar e cuidar. Porque quem sabe onde estarias agora, se tivesses continuado com eles! Ou mesmo se ainda estarias viva!

Espero que me consigas perdoar por nunca te ter contado, mas apenas te queria proteger. Proteger também para não os procurares, porque eles não merecem sequer ver a mulher em que te tornaste, sem a ajuda deles. Mas agora acho que fazes bem em procurá-los e em conhecê-los. Mas toma cuidado por favor.

Desculpa-me,
Da tua amada Mãe. "

Deixo escorregar, pela minha cara, mais umas lágrimas, enquanto releio mais uma vez estas palavras escritas pela minha VERDADEIRA mãe.

Eu o Harry decidimos ir procurar na secretária da minha mãe, para ver se encontrávamos algo e descobrimos esta carta direcionada a mim.

Depois de a ler, não seu se quero voltar a ver aquele homem, muito menos a mulher que ele disse que levaria. Que espécie de mãe é ela, que abandona a filha num cesto? Ou melhor que pais são eles?

Harry: Ainda vais ao encontro?

Eu: Eu não sei? O que eu faço?

Harry: Acho que não perdes nada em ir e confrontá-los!

Levei as mãos à cara e penso por breves segundos. Eu vou, eu quero ouvir da boca deles o porquê de me terem abandonado.

Eu: Eu vou. - Olho para o relógio. - Tenho que ir então, antes que me atrase.

Harry: Depois diz alguma coisa.

Levanto-me, despeço-me do meu irmão com um abraço e mando beijos para a Ash do corredor, que está no quarto. Caminho para o carro e entro nele. Conduzo até ao café e paro em frente ao pequeno estabelecimento. Entro e sinto-me numa mesa ao calhas, após olhar para todos os lados e ver que eles não se encontram sentados em nenhuma mesa.

Empregado: Vai desejar alguma coisa?

Eu: Um café, por favor.

O café é me servido em pouco tempo e eu bebê-lo calmamente. Cada vez que a porta abre, eu olho para ver se são eles, mas nem avistá-los. Olho para o relógio e já passam 15 minutos da hora combinado. Espero impaciente durante mais 5 minutos e quando desisto de esperar e ir embora, eles aparecem.

Eles caminham até à mesa onde estou e sentem-se, quando lhes dou permissão para o fazerem. A mulher está carrancuda e nem sequer olhou para a minha cara desde que se sentou. John por outro lado, parece contente por estar aqui.

John: Olá. Desculpa a demora, mas quase que tive que arrancar a tua mãe de casa para vir. Como estás?

Eu: Dispenso esta parte da conversa! - Digo um pouco rude. - Porque me abandonaram em frente à casa da MINHA MÃE?- Dou ênfase. - Dentro de um cesto. - Ficam ambos com as bocas entreabertas a olhar para mim. - Já sei de tudo.

Jonh: Não foste um bebé planeado e digamos que não era a hora certa para termos filhos, nem estávamos preparados. Mentalmente, nem financeiramente.

Eu: Alguma vez o estiveram? Porque não me procuraram? - A mulher limita-se a olhar para ontem, o que me está a irritar profundamente.

John: Sim, eu acompanhei o teu crescimento, de longe, mas acompanhei! E nos podemos recompensar todo o tempo perdido, agora!

Mulher: Fala por ti! Porque por mim ela até pode morrer! É pena não ter acontecido quando ela própria o tentou! Já viste o mal que ela me fez? As dores que me provocou? Já a merda de corpo que tenho? É por causa dela! Eu odeio-a! - A mulher, cujo nome é me desconhecido, diz.

Eu: Desculpe? Se não me queria ter, tivesse tomado medidas. Porque não abortou? Devia mesmo tê-lo feito! - Levanto um pouco o tom da minha voz. - Sinceramente nem sei para que é que vim! - Pego na minha mala e saiu do café.

Ainda oiço John a chamar por mim, antes de começar a refilar com a mulher, mas não ligo.

Conduzo, o pouco caminho que falta, até minha casa e entro nela a correr. Vou até à casa de banho. Lá, sento-me no chão, a chorar, depois de trancar a porta.

Como é possível a mulher que me pôs no mundo, dizer aquilo? Ela foi tão rude e inútil. Que mal é que eu lhe? Se não me queira ter, tivesse tomado cuidado quando me fez. Ou Foda-se, tivesse abortado.

Oiço batidas na porta, as quais eu ignoro simplesmente, enquanto já estou a passar um objeto pelo meu braço. OH FODA-SE lá estou eu outra vez a fazer isto! Fui fraca mais uma vez! Que merda!

Liam: Mel! Mel, abra a porta! Está bem? PORRA MEL, ABRE A MERDA DA PORTA OU EU JURO QUE A ARROMBO!

Eu: Já vai! - Digo devagar.

As batidas, ou mais pancadas, na porta param. Eu levanto-me e lavo o meu braço, mesmo que arda bastante. Aproveito e lavo também a minha cara, que está mais do que nojenta.

Destranco a porta e dou alguns passos para trás, para que ele possas abrir a porta. Assim que entra o seu olhar pára no chão e eu olho para o mesmo sitio que ele. Reparo numa pequena a mancha de sangue e na lamina. Merda, esqueci-me daquilo.

As lágrimas começam a cair pela minha cara mais uma vez e o Liam simplesmente abraça-me fortemente. Passado algum tempos ele afasta-se, pega no meu braço e observa os cortes, o de algumas ainda deitam fios de sangue.

Liam: Mel! - Olha-me com um olhar triste, desiludido, desapontado. Volta a abraçar-me

Eu: Desculpa! Sou uma merda! Uma desilusão! - Digo no seu aperto.

Liam: O que se passou?

Eu: Ela disse que eu podia morrer! - Encosto a minha testa ao seu peito enquanto soluço.

Liam: Ela não é, nem nunca vai ser tua mãe de verdade, por isso não te deixes ir abaixo, princesa! - Dá-me um beijo na testa. - Vamos cuidar disso. - Refere-se ao meu braço.

Ele cuida dele. Desinfecta as feridas e liga o meu braço, com uma ligadura branca, antes de descermos até à sala e eu descansar no seu aperto.

Flashlight - Book 1Onde histórias criam vida. Descubra agora