cap. 8

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Rubi Miller 

***

Após eu beija-lo loucamente como se nunca tivesse beijado alguém antes eu caí por terra. Vi a merda que fiz.

Mas com a leve brisa do champanhe que estava sendo obrigada a tomar de início, mas que logo foi um ato involuntário. Eu acabei me aproximando dele sem querer... Eu não esperava que ele fosse conseguir me seduzir de tal forma, com aquelas mangas arregaçadas até os cotovelos...  Ele não estava tão formal do jeito em que costumava a se vestir. Ele estava descontraído... Relaxado. Eu não sei oque deu em mim. Pela primeira vez quis chegar perto dele e sentir seu cheiro.

Seu beijo havia me hipnotizado por completo. Nunca nenhum homem me beijou de tal forma, seduzindo-me daquela maneira. Eu nunca perdi o raciocínio com alguém. Porque com ele foi assim? Estou tentando me equilibrar mentalmente, pois preciso saber oque houve de errado ali. Em qual momento eu me deixei levar.

Mas as palavras daquela menina me fizeram mal... mal de tal forma que eu me senti um lixo. Uma qualquer literalmente. Eu sabia que ele tinha alguém mas, pela forma com que ele tentará se aproximar de mim eu não imaginei que seria tão sério.

Se fosse como as mulheres daqui, teria resolvido tudo em um barraco. Grudado nos cabelos e dado bofetadas. Mas ela não. Ela me ofendeu com palavras me chamando de imunda, e morta de fome.  Eu sempre soube que nunca serei como essas moças chiques da alta sociedade. Eu sei que um vestido dela compraria minha casa. Mas eu nunca vou me deixar deslumbrar por tais sentimentos. Eleanor foi uma rainha que me mostrou o verdadeiro sentido da vida. Mas aquilo não me deixou em paz.

Eu estava chorando. Chorando como nunca havia chorado. Primeiro porque estava me perguntando em que momento eu consegui me deixar levar daquela forma em um beijo ao invés de me recusar. E segundo porque sim. Eu já passei fome. Não desejo isso nem a minha pior inimiga.
Quando meu pai havia nos deixado, minha mãe não estava sabendo como lidar com isso. Ela estava quase em depressão por ter perdido seu parceiro de correria, seu amigo, seu marido.
Então foi quando ficamos em condições precárias. Minha mãe só conseguiu se levantar quando me viu com anemia, e meu irmão doente, por não consumir alimentos o suficiente. Foi quando ela vendeu algumas coisas pessoais que tinham um pequeno valor para poder comprar comida, e remédios para mim, e meu irmão.

Aquela mulher com aquelas palavras me fez voltar a mente a pior fase da minha vida. Uma fase que toda vez que lembro fico aos prantos, não importa onde eu esteja. Isso é algo muito forte pra mim. Uma ferida profunda demais para ser tocada.

Foi então que eu saí de lá, deixando Nathaniel e a loira bruxa. Eu me sentei a mesa. Foi quando eu vi todos no salão dançando e se divertindo, casais felizes, e com a música que tocava me fazia refletir em meu passado. Foi quando me veio a mente. - "  Devia ter vergonha Nathaniel. De sair com uma morta de fome." Você me dá nojo. "

Nesse momento eu desabafo ali mesmo sozinha. Sinto as lágrimas rolarem apressadamente em meu rosto. Fazendo com que molha-se meu vestido rapidamente, em alguns segundos eu já estava soluçando. Eu Não estava conseguindo lidar com essa situação. Desde que meu pai se foi eu só cobria as coisas por cima, disfarçava a minha tristeza ao máximo. Qualquer pessoa que quisesse podia trocar nessa ferida.
Parecia que ela era exposta pois eu sentia que em questão a isso eu não podia fazer nada.

Só podia ser ironia do destino, eu me sentir atraída por ele. Justo ele cuja a classe social me abomina.

Logo em seguida vejo Melinda correndo em minha direção com um olhar de desespero.

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