56 - Sairemos ilesos?

1.7K 198 86
                                    

Notas iniciais da autora: Com o começo do capítulo passado, algumas pessoas ficaram confusas com a passagem de tempo de anos. Acalmem-se. Aquilo foi só a Bia lembrando do que aconteceu, não significa que ela e o Pedro estão separados todo aquele tempo. O Pedro nem foi citado naquela parte. Em capítulos futuros, eu vou retomar essa parte para vocês entenderem melhor. Agora, vamos ao capítulo. Aproveitem!

Pedro

24 de março de 2017.

Vazio. Foi assim que encontrei nosso apartamento quando voltei, quatro dias depois daquela briga. Dentro de mim, reinava a esperança de que ela teria persistido na nossa relação e que estaria ali quando eu voltasse, nem que fosse só para discutirmos mais uma vez. Mas assim que girei a chave e a porta se abriu, a Biscoito e o Buddy não vieram correndo até mim para pular nas minhas pernas pedindo carinho. O cheiro de banho recém-tomado dela não estava impregnado pelo apartamento. Os pertences dela não estavam espalhados pela pia do banheiro. As roupas dela não estavam penduradas no guarda-roupa. E então, eu finalmente me dei conta que ela não estava mais ali.

Me dei conta de que tudo tinha acabado entre nós.

É óbvio que, naqueles dias longe de casa, eu pensei em tudo que tinha acontecido. Reconsiderei o que a Bia tinha me falado e até pensei em ir atrás dela, mas quando essa ideia me vinha em mente, eu lembrava da foto. Eu até poderia acreditar que o tal Felipe tinha a agarrado a força, mas se ela não tivesse gostado, teria me contado, certo? Certo. Era tudo culpa dela. Eu não podia dar o braço a torcer. Se a nossa relação tinha acabado daquele jeito, ela era a maior culpada. Eu não mexeria um dedo para ir atrás dela.

Pois quando você trai as pessoas que ama, quando você as faz ver as piores partes que há em você, o que você fez muda tudo. Não há volta. Você quebrou os laços que trabalhou duro para forjar. E quanto mais fortes os laços eram, mais difícil são para se recompor.

Porém, atrás do meu enorme orgulho, eu tinha que admitir que ela já estava me fazendo uma falta gigantesca, e eu sabia que dali para frente, aquilo só pioraria. Como seria dormir sem abraçar ela? Como seria acordar sem as mãos dela me fazendo carinho e me desejando bom dia com um sorriso enorme? Como seria ficar sem os beijos, sem os abraços, sem o amor? Como eu encontraria forças para viver como antes se eu não tinha mais o amor da minha vida do meu lado?

Eu estava perdido sem ela e demoraria um bom tanto para encontrar um rumo para a felicidade novamente.

Depois de tomar um banho bem longo e quente, deixando todas as lágrimas se misturarem com as gotículas de água que caíam do chuveiro, me vesti com uma das minhas camisetas que ela costumava usar quando estávamos sozinhos em casa e que felizmente – ou infelizmente - tinha seu perfume bem forte impregnado no tecido. Não me importei se aquilo me deixaria mais depressivo do que eu já estava, eu só precisava sentir um pouco mais da presença dela ali.

Estava disposto a deitar com meus fones de ouvido para ouvir minha lista de músicas tristes o dia todo, porém quando fui guardar minhas roupas no guarda-roupa novamente, encontrei uma caixa de violão preta encostada no canto. Meu violão costumava ficar atrás da porta e raramente eu o pegava. Além do que, ele não tinha mais caixa.

Estranhando muito aquilo, puxei a caixa para mim e me sentei na cama com ela no colo. Abri e dei de cara com um violão fosco e preto, fazendo companhia para um disco de vinil para colecionadores do Iron Maiden, uma banda que eu amo, um bilhete escrito a mão e a aliança de ouro que eu tinha dado para a Bia quando nos ''casamos''. Senti minha garganta secar e embolar e meus olhos encherem de lágrimas. Meu coração apertou de um jeito tão intenso que eu me senti sufocado e tive que sair correndo para a janela, tentando recuperar o ar.

Eu Te Amarei - Completo e RevisadoOnde histórias criam vida. Descubra agora