02 - O primeiro encontro

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Bia

A minha intenção era ficar o dia todo em casa, ajudar minha mãe a colocar algumas coisas no lugar e ficar no celular. Mas parece que alguém lá em cima não queria colaborar nem um pouco comigo.

Pra começar, assim que nós entramos com as nossas coisas em casa, bateram na porta. Eu achei aquilo estranho, já que a gente não conhecia ninguém e ninguém conhecia a gente ali. Mas aí eu acabei entendendo que os vizinhos aqui eram sociáveis com quem acabava de mudar já que quem estava na porta eram dois vizinhos, das casas ao lado da nossa. Minha mãe achou melhor comprar uma casa num condomínio fechado porque é considerado mais seguro, então acho que praticamente todos os moradores viram nossa mudança e os curiosos de plantão viriam inspecionar nossa casa para nos conhecer.

A primeira vizinha, que se chama Eliane, morava na casa do lado esquerdo da nossa, era legal mas um pouco estranha. Ela não era casada e não tinha filhos. Não humanos. Ela nos contou que morava com 20 gatos. Isso mesmo, vinte. Como ela conseguia?

E a segunda vizinha, que eu mal conheci mas já odiei de cara, se chama Barbara e tem uma filha chamada Aline. Essa Aline tinha minha idade. As duas vieram nos visitar e quando a Aline me viu, já começou a gritar, disse que estava feliz por ter ganhado mais uma amiga e que ia me apresentar pra todos os amigos dela do condomínio.

-Mãe, eu vou levar a Bia pra conhecer o pessoal do condomínio, tudo bem? – Foi o que ela disse quando nossas mães estavam conversando e eu já comecei a me tremer de nervoso. Olhei pra minha mãe e fiz uma cara de súplica pra que ela entendesse mentalmente que eu não queria conhecer ninguém e pedisse pra essa Aline não me levar a lugar nenhum, mas ela não disse nada e até sorriu. Droga de comunicação mental que nenhuma mãe entende.

A Aline praticamente me arrastou pra um lugar que mais parecia um parque, de tantas arvores que tinha. Tinham duas meninas e um menino, que pareciam ser da nossa idade também, sentados em baixo de uma. Ela fez questão de me apresentar a todos.

A primeira menina disse que se chama Juliana, mas que prefere que a chamem de Ju. Ela é loira, e bem mais alta que eu, o que não é surpresa, já que eu sou uma nanica.

A segunda menina era bem diferente da Ju. Ela se chama Camila e tinha o cabelo escuro, repicado. Eu já tinha me dado bem logo de cara com ela, porque ela já veio me abraçando, perguntando sobre mim. Além de que, ela usava umas roupas bem legais, diferentes do que muitas meninas usavam.

E o menino se chama Rafael. Ele tinha o cabelo todo bagunçado e meio comprido, o que eu achei lindo. Ele era todo tímido, um fofo.

E o que eu descobri quando elogiei ele e a Camila me olhou meio torto foi que eles namoravam. Eu nem tinha imaginado, porque eles são completamente diferentes. Eles formavam um casal fofo, e dava pra perceber que se amavam de verdade, apesar de não demonstrarem muito isso em público. Dava pra ver pelos olhares que eles trocam.

A Camila me contou que ela é fã de rock e é bem extrovertida, enquanto ele prefere músicas mais calmas, tipo indie e é bem tímido. Acho que os opostos se atraem mesmo.

Quando nós cinco começamos a conversar, eles perguntaram coisas normais, tipo o que eu gostava de fazer, que tipo de música que eu gostava e porque eu tinha me mudado pra lá.

Essa parte foi a mais difícil. Eu não gostava de falar muito da morte do meu pai porque sempre ficava triste depois. Mas, como eu não queria esconder nada dos únicos ''amigos'' que eu tinha até aquele momento, eu tive que falar.

-Meu pai morreu ano passado. Como eu e minha mãe não superamos muito bem, nós decidimos mudar de casa e deixar esse passado angustiante pra trás. Acho que morando aqui nossa vida finalmente vai andar pra frente.

Eu Te Amarei - Completo e RevisadoOnde histórias criam vida. Descubra agora