26- Decisões Ruins

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PEDRO

Idiota.

Burro.

Covarde.

Mentiroso.

Eram essas as palavras que minha mente gritava para mim. Isso é exatamente o que eu sou.

Mais uma vez.

Mais uma vez eu a perdi.

Mais uma vez eu perdi o amor da minha vida. Sinceramente, nem eu sei como consigo ser tão idiota assim. Eu a deixo ir por motivos tão bestas que eu tenho vontade de bater minha cabeça na parede. Mil vezes idiota.

Minha vida não tem sentido nenhum se ela não faz parte. Por isso, quando ela se despediu de mim, ao invés de voltar para o parque onde meus amigos estavam, eu fui andando em direção a outro lugar. Todo mundo que mora no bairro já ouviu falar, mas ninguém que eu conheça nunca frequentou. Ninguém quer se meter em encrenca. Mas bom, eu estava precisando de alguma coisa para esquecer o quanto eu sou horrível. É errado, mas me parece a única solução para o momento.

-Qual vai querer garoto? – Um homem barbudo e todo sujo chamou minha atenção. Uma parte da minha mente gritava para eu virar as costas e ir embora, já que eu nunca tinha feito aquilo. Mas a outra dizia que não era questão de querer e sim de precisar.

-Qualquer um. Que tenha efeito rápido, de preferência.

Ele me entregou um pacote marrom e pequeno com um volume dentro e me pediu o dinheiro. Eu o paguei e me sentei em um lado mais afastado e escuro daquela rua, sem me importar em como o chão estava sujo. Eu não podia deixar que ninguém conhecido me visse. Abri o pacote, me deparando com os comprimidos brancos. Os peguei na mão e comecei a utilizá-los. A voz dela vem a minha mente, assim como seu sorriso e todas as vezes em que ela disse que me ama. Eu joguei tudo no lixo mesmo. Senti algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto, mas não me importei em as enxugar. Minha mente estava bem longe dali, devido ao efeito da droga. Tudo que eu quero é sumir do mundo agora.

...

BIA

Alguns dias depois.

Eu passei todos os dias até agora trancada no meu quarto, chorando. Eu só saía de lá para comer, ir ao banheiro, dar comida para a Biscoito ou a levar para passear pelo condomínio. Em nenhuma dessas vezes eu vi o Pedro. Mesmo estando preocupada porque ele sempre estava por ali, eu fiquei aliviada. Não queria que tudo se tornasse um desastre ainda maior, e isso iria acontecer se nós nos encontrássemos assim. Eu ainda não tinha engolido o que ele tinha feito, minha confiança com ele estava quebrada e além disso, minha viagem será dali 17 dias. Eu não saberia como reagir se ele aparecesse na minha frente e dissesse que nós precisamos conversar. Fugir é sempre o que eu faço mesmo.

Já tinha chegado o dia 20 e como o natal estava se aproximando e nem eu nem as meninas viajamos, nós decidimos fazer uma "tarde dos amigos" no clube que tinha perto do condomínio. Eu precisava sair para espairecer um pouco e pegar um pouco de sol, já que nos Estados Unidos é inverno nessa época, ao contrário do verão daqui.

Prendi meu cabelo em um coque e dei uma olhada ao redor. Camila estava na piscina junto com o Rafael e várias outras pessoas. Também tinha uma lanchonete, uma quadra de futebol e algumas pessoas fizeram uma rodinha para tocar violão e cantar.

Imaginei o Pedro ali, cantando uma música bonitinha enquanto olhava para mim. Droga. Por que eu sempre tenho que pensar nele? Tenho que parar com isso.

Eu, Ju e Aline ficamos na espreguiçadeira mesmo. Eu estava lendo um livro e elas praticamente dormindo e queimando no sol. Voltei a prestar atenção no livro e no mesmo instante, alguém se sentou na espreguiçadeira do lado. Eu não me importei muito, até a tal pessoa abrir a boca.

Eu Te Amarei - Completo e RevisadoOnde histórias criam vida. Descubra agora