Eu Te Amarei - Completo e Revisado

30 - Eu estarei aqui, te esperando.

BIA

7 de janeiro de 2016.

Despertei com meu celular tocando repetidamente no meu ouvido. Tinha chegado o dia. Meus olhos pesavam, eu não tinha dormido direito. No dia anterior, havia sido o aniversário de 18 anos do Pedro e consequentemente, 1 ano desde que nós tínhamos nos visto pela primeira vez, mas ao contrário do ano anterior, ele não tinha dado uma festa e sim uma comemoração pequena e íntima e depois passamos o dia todo juntos.

Aliás, nós tínhamos passado os últimos três dias praticamente grudados. Saímos, assistimos nossos filmes favoritos e namoramos bastante. No dia 5, ele e nossos amigos montaram uma despedida surpresa para mim. Meu coração apertou só de lembrar que eu ficaria longe deles por um ano.

Me lembrei de que a um ano antes daquela data, eu estava me mudando. Se, naquela época, alguém me dissesse que dali um ano, eu estaria me mudando novamente, só que para outro país, eu chamaria essa pessoa de louca. Mas naquele momento, aquilo era bem real.

Me levantei, arrumei minha cama e fui em direção ao banheiro para me arrumar. Meus cosméticos já estavam quase todos guardados, apenas minhas maquiagens fazendo exceção. Eu nem as passaria mesmo, porque eu sabia que choraria mais do que tudo no aeroporto e borraria tudo, então resolvi guarda-las na minha mala também.

Tomei um banho de poucos minutos já que eu não podia me atrasar e perder o voo. Prendi meu cabelo em um rabo de cavalo, vesti uma camiseta preta, calça jeans, um casaco com estampa militar e calcei um tênis preto. Eu tinha sido informada que era muito melhor viajar com uma roupa confortável porque eu ficaria dez horas dentro do avião.

Coloquei minhas três malas em cima da cama e guardei minhas últimas coisas. As três estavam lotadas de roupas de inverno e verão, sapatos e outras coisas, além da minha bolsa de mão aonde estavam meu celular, meus fones, meu carregador, um livro e umas coisinhas para eu comer na viagem porque eu tinha certeza que só a comida do avião não me deixaria satisfeita.

Abri meu guarda roupa para ver se eu não estava esquecendo mais nada e foi aí que eu vi. A jaqueta de couro preta. A jaqueta que ele havia me emprestado, na noite em que nós nos conhecemos. Aproximei a roupa do meu nariz e aspirei, sentindo o perfume dele ainda vivo exalar dela. Sem demoras, fechei meu casaco e a coloquei por cima, me sentindo um pouco mais confortável. Vasculhei um pouco mais o guarda roupa e achei, no meio de várias coisas, a caixinha em que eu guardei todos as coisas que ele tinha me dado. Não a abri, para não chorar mais, apenas a guardei dentro da mala e fechei.

Quando eu terminei de fechar tudo, dei uma olhada em volta do meu quarto. Estava tudo vazio. As coisas que eu não levaria para a viagem estavam guardadas dentro do meu guarda roupa, porque segundo minha mãe, ela não queria morrer de saudade e ver minhas coisas por aí "colaborariam com sua solidão". Ri baixinho. Ela estava toda melancólica nesses últimos dias, chorava por todo canto, mas sempre que eu oferecia consolo, ela dizia que não era nada, apenas saudade antecipada. Eu sabia que ela estava feliz e orgulhosa de mim, o que me deixava um pouco mais aliviada.

Deixei minhas malas encostadas perto da porta e saí para buscar a Biscoito, quando a campainha tocou. Pedi para minha mãe abrir a porta, já que devia ser outro vizinho vindo se despedir e voltei com minha cachorrinha para o quarto. A deixei na cama e peguei a roupinha que o veterinário tinha pedido para eu comprar, especialmente para ela não passar frio quando nós chegássemos em Nova York. O problema era que eu não tinha a mínima ideia de como vesti-la com aquilo e quando tentei, ela começou a chorar. Meu Deus, como eu faria aquilo? Seria muito pedir uma ajuda dos céus?

-Precisa de ajuda amor?? – A voz do Pedro soou bem pertinho do meu ouvido e eu quase dei um pulo de susto. Me recuperei rapidamente e o abracei, quase chorando de emoção. Eu não pensei que ele iria me ver tão cedo.