6:00 da manhã - 06 de Janeiro de 2015
Já se perguntaram qual é o maior sonho de vocês? Tipo, o maior mesmo?
Eu já me perguntei várias vezes. E cada vez que eu me pergunto, penso em uma resposta diferente. Por exemplo, quando eu era criança, meu maior sonho era me casar com um príncipe e ter uma família linda e feliz, digna daqueles comerciais de margarina.
Aí, quando eu virei adolescente e descobri que príncipes não existem, meu maior sonho mudou. Eu queria me formar na melhor faculdade de publicidade e ser reconhecida por isso. Não que esse sonho tenha desaparecido, porque eu ainda quero ser uma publicitária e isso nunca vai mudar, eu acho.
Mas é que agora o meu maior sonho é ser feliz. Estou em busca disso, porque sei que não estou na minha felicidade completa. Acho que nenhum de nós está, aliás. Ao longo da nossa vida, buscamos alcançar. Umas pessoas conseguem, outras não. Eu espero conseguir.
E é por tanto querer isso, que no dia 6 de janeiro de 2015, eu e minha mãe estávamos nos mudando de cidade. Estávamos saindo de Sumaré, no interior de São Paulo para a Capital. Depois de um ano, a dor da morte do meu pai já tinha sido superada, mas nós sempre tínhamos lembranças dele nesta casa e sempre ficava um clima chato, praticamente insuportável. Então nós duas decidimos que era melhor nos mudarmos.
Estava chovendo, o que combinava com o meu clima. Não que eu não estivesse animada pra mudar, afinal morar na capital é outra coisa, nós teríamos uma vida bem melhor. Mas todas as minhas coisas estavam ali, todos meus poucos amigos, sem contar que eu estava para começar o último ano do ensino médio, e seria super difícil para eu me acostumar e se acostumarem comigo já que geralmente os grupinhos já estão formados nessa época. Eu estava literalmente quase morrendo de medo. Não queria me sentir sozinha.
E se as pessoas me odiassem? Me excluíssem? Pensando naquele momento, essa ideia de mudar não me parecia muito boa...
Mas era obvio que eu não falaria isso pra minha mãe. Já estava tudo pronto para mudar, a casa estava vazia. Todas as nossas coisas já estavam guardadas e minha mãe doou todos os móveis. Era tão estranho ver a casa que eu conheço desde que me entendo por gente vazia. Era tão estranho pensar em um novo começo...
-Bia? Já tá pronta, filha? – Minha mãe interrompeu meus pensamentos e eu concordei com a cabeça, porque pronta mesmo eu não estava, mas não podia fazer nada quanto a isso.
Peguei minha mochila e saí logo atrás dela da minha linda casinha. Minha mãe parou pra se despedir dos vizinhos e eu aproveitei pra pegar meu fone de ouvido e mexer nas minhas redes sociais, já que eu nunca gostei deles mesmo. Ainda bem que eu já tinha me despedido dos meus amigos dias antes de mudar, e pedi pra nenhum ir até lá no dia, já que eu não aguentaria e imploraria pra ficar.
Depois de meia hora que pareceram uma eternidade esperando minha mãe se despedir dos vizinhos, nós fomos embora. Nossas mudanças já estavam na casa nova, e como a rodoviária era pertinho de casa, nós fomos a pé mesmo.
Assim que chegamos na rodoviária, minha mãe comprou as passagens e dez minutos depois já estávamos a caminho de São Paulo. Como eu não queria ficar ouvindo minha mãe reclamar de como os outros passageiros roncavam ou faziam porquices – o que acontecia em toda viagem – tratei logo de colocar meus fones de ouvido e tentei dormir.
Foram só alguns cochilos, já que eu não estava muito à vontade com essa viagem. Cada vez que ficávamos mais perto de São Paulo, o meu medo ficava maior. As pessoas me achariam estranha. Brincariam com meu sotaque do interior. Me excluiriam. Tudo que era de ruim passava pela minha cabeça. Talvez ficar isolada dentro de casa e sem sair seria a melhor opção.
Quando desembarcamos, eu já estava verde de tanto medo. Todas aquelas pessoas pareciam me olhar e me estranhar. Eu só tinha visitado a capital quando era bem pequena e por isso nem me lembrava direito de como era. Era assustador, porque tudo parecia ser tão diferente do que eu estava acostumada.
E o mais assustador era pensar que eu moraria aqui por um bom tempo, a partir daquele momento. Talvez pela minha vida toda.
Minha mãe pagou um táxi pra nos levar até a nova casa – já que segundo ela, tem um pavor de pegar metrô que é insuperável e inexplicável. Eu nunca entendi isso. O motorista do táxi era muito simpático, até me chamou de senhorita.
A nova casa é num bairro chamado Vila Madalena. Enquanto o carro passava pelas ruas, fiquei observando tudo e todos pela janela. Era muito bonito e tal, mas não deixava de ser estranho. É, acho que levaria um tempo pra me acostumar.
Assim que o carro parou em frente a um condomínio com vários sobrados juntos, finalmente a minha ficha caiu completamente. Ali era meu novo lar e eu teria que me acostumar, querendo ou não. Sendo estranho ou não.
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Eu Te Amarei - Completo e Revisado
RomanceO amor é uma coisa doida mesmo. Todos, em uma parte da vida, estão a procura dele. Uns rastejam e se humilham. Sofrem até demais. Mas outros, dão a sorte de achar o "amor perfeito" na primeira vez em que tentam. Mas nunca é fácil de se manter um sen...