55 - Onde há fumaça, há fogo.

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Bia

Alguns anos depois...

Agora, sentada nessa cadeira na varanda da minha casa, anos depois daquele dia infeliz, consigo entender com clareza o porquê de tudo aquilo ter acontecido. Naquela época, o meu eu de 18 anos, completamente confusa e grávida de 5 meses, não conseguiu entender muito bem a razão daquilo tudo e colocou a culpa toda em outras pessoas, sendo que a maior culpa foi minha.

-Mamãe, você tá chorando? – Ouço minha vidinha perguntar. Abaixo meu olhar em sua direção e faço um carinho em seus cabelos, não conseguindo evitar uma lágrima pesada escorrer por meu rosto. – Não chora mamãe! Eu não gosto de ver você chorando.

-É bobagem, meu amor. Não precisa se preocupar. Vai lá dentro brincar com o Floquinho, vai. Olha lá, ele está doido para brincar com você. – Eu digo, apontando para a porta veneziana que marca a entrada da sacada, onde o maltês abana seu rabinho alegremente.

A criança deposita um beijo em minha bochecha e sai correndo para dentro da casa, com o cachorrinho em seu encalço. Volto minha atenção para a paisagem cinzenta de Nova York, observando os flocos de neve caírem em uma bela harmonia do céu, deixando a rua completamente branca. Respiro fundo e deixo que minhas memórias me guiem para aquele dia novamente. Mesmo que eu me esforce para bloquear todas aquelas lembranças asquerosas, não há um dia no qual eu não me lembre daquilo tudo.

Confiança é a base de qualquer relacionamento, isso vocês já devem ter ouvido. E não há nada pior do que quando alguém que nós amamos quebra nossa confiança. Eu fiz isso com o Pedro. Deixei que meu medo de o perder vencesse uma luta contra contar a verdade e, nisso tudo, acabei o perdendo.

Por isso, agora que sou uma mulher bem mais experiente que aprendeu com seus erros, posso dizer com toda certeza: Nunca escondam ou omitam nada de ninguém. Como dizem os mais velhos, mentira tem perna curta. Minha mãe sempre me disse e ainda diz que há três maneiras de descobrir algo. Uma pior do que a outra.

A primeira é quando você conta o que aconteceu para a pessoa. A ''menos pior'' de todas. Pode trazer consequências ruins, mas ao mesmo tempo, de alguma forma esquisita, a confiança entre você e essa pessoa continuará intacta. Aprendi isso muito bem naquele dia.

A segunda é quando a pessoa pega você exercendo o que está escondendo. Talvez, se o Pedro tivesse visto quando o Felipe me agarrou e me beijou a força, nada daquilo tivesse acontecido. A verdade tem várias formas para ser contada, e agora, descreverei a pior delas:

Quando outro alguém, um estranho na vida de vocês, conta a verdade para o seu parceiro, te deixando sem nenhuma opção de defesa. Essa, para mim, é a pior de todas e reforça minha afirmação. Nunca, em hipótese alguma, esconda algo tão importante da pessoa que você ama como eu fiz.

Relembrar de todas suas palavras amargas e rancorosas também me traz recordações de tudo que aconteceu naquele dia. O que, na verdade, era para ser um dos dias mais felizes da nossa vida, acabou sendo o mais triste.

Só de pensar que se eu tivesse contado toda a verdade, nada daquilo teria acontecido, eu fico sem palavras...

[...]

Alguns anos atrás

20 de março de 2017.

Depois que o Pedro me explicou o porquê de ter me falado todas aquelas bobagens, nós nos reconciliamos como sempre fazíamos e tudo voltou ao normal. Ele se afastou dos amigos sem-noção e voltou a ser o Pedro que eu tinha conhecido e que eu tanto amava. Ele se tornou ainda mais atencioso, comigo e com nosso bebê, e eu ficava cada dia mais apaixonada por ele, como se aquilo fosse possível.

Eu Te Amarei - Completo e RevisadoOnde histórias criam vida. Descubra agora