PEDRO
Algum tempo depois...
Um choro aparentemente fraco me desligou dos meus sonhos. Abri meus olhos devagar, tentando focalizar aonde eu estava. O lustre em formato de flores e corações é a primeira coisa que aparece e eu sorrio. Eu não gosto dessas coisas cheias de enfeites e penduricalhos, mas ela tinha amado aquele lustre na primeira vez em que viu, e se ela gostava... eu também gostava.
Me remexi na nossa cama e afundei meu rosto em seus cabelos que estavam espalhados pelo travesseiro. Sorri sentindo o agradável cheiro de baunilha que provinha dos fios, eu amava aquele shampoo que ela estava usando. Passei as mãos por seu corpo. Este tinha ficado ainda mais bonito depois da gravidez. Vira e mexe ela reclamava de estar se sentindo gorda, mas eu não conseguia enxergar isso. Ela estava perfeita para mim, como sempre foi e como sempre será. Dei um beijinho rápido em seu pulso - que há duas semanas estampava uma pequena tatuagem de flores -, sentindo as batidas tranquilas de seu coração.
Quando o choro de Analu ficou um pouquinho mais alto, me levantei rapidamente e deixei Bia descansando enquanto me encaminhei para o quarto ao lado. A porta estava levemente encostada e assim que a abri completamente, me deparei com a minha filha se remexendo inquieta no berço. Me debrucei em cima da madeira e a peguei no colo. Não demorou muito para o cheiro da fralda suja invadir meu olfato e eu torci o nariz, rindo.
-Parece que alguém fez caquinha logo de manhã né, princesinha? Bem que eu falei para sua mãe não te dar tanto leite ontem, mas ela não me ouve. Aí sou eu que tenho que trocar a sujeira que você faz. – Eu disse, baixinho e a deitei na cômoda fraldário, retirando seu macacão e a fralda suja. Enrolei Analu em uma manta e fui até o banheiro, enchendo a pequena banheira cor de rosa com água morna.
Voltei para o quarto e deitei Analu com cuidado dentro da banheira, a apoiando com uma das minhas mãos em suas costas. Eu ainda tinha muito medo de fazer essas coisas como dar banho porque simplesmente não tenho jeito, mas podia reconhecer que estava me saindo bem melhor do que na primeira vez em que fiz aquilo, quando quase afoguei a bebê de tanto medo. Analu ainda chorava um pouquinho, mas assim que a coloquei na água quentinha, ela se acalmou e as lágrimas deram lugar ao sorriso fofo e banguela ao qual eu já estava muito acostumado a ver. Junto a este, pequenas covinhas apareceram em suas bochechas.
Além das pintinhas, esses pequenos buracos eram as únicas coisas semelhantes a mim que ela tinha. Quanto mais o tempo passava, mais parecida com a Bia ela ficava. Não que eu não gostasse disso, muito pelo contrário. Bia é a mulher mais linda que já vi e se Analu estava ficando semelhante parecida com a mãe, isso era um ótimo sinal. A única coisa que me preocupava era a sua adolescência. Se ela herdasse mesmo a beleza da Bia, eu teria cabelos brancos antes dos 40 anos de tanto ficar estressado com os garotos que dariam em cima dela.
Permitir que ela arrumasse um namorado somente depois dos 30 anos parecia uma boa solução para mim, mas Bia já tinha me proibido permanentemente de fazer isso.
Passei o sabonete com cheirinho de morango em todo seu corpo, fazendo a bebê sentir cócegas e rir, debatendo as perninhas gordas na água, me molhando também. Não me importei, apenas ri junto com ela. Eu não podia definir com palavras o quanto aqueles momentos eram especiais para mim e quanto eu amava vivenciá-los. Eu não conseguia reclamar, era muito mágico para que eu conseguisse prestar qualquer queixa. Assim que Analu ficou completamente limpa, a tirei da água e a enrolei numa toalha, a deitando no fraldário de novo. Peguei uma fralda nova e um macacão azul com a frase 'Eu amo meu papai' em inglês estampada. Tive que fazer um esforço para me lembrar de como colocar a fralda corretamente, e depois de alguns erros, acabei conseguindo. Terminei de vesti-la quando encaixei um pequeno laço azul no topo de sua cabeça. Vários cabelos já nasciam ali, ela estava crescendo rápido. Eu ainda me lembrava com detalhes do dia em que ela tinha nascido e naquele 27 de janeiro de 2018, ela estava completando 6 meses.
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Eu Te Amarei - Completo e Revisado
Roman d'amourO amor é uma coisa doida mesmo. Todos, em uma parte da vida, estão a procura dele. Uns rastejam e se humilham. Sofrem até demais. Mas outros, dão a sorte de achar o "amor perfeito" na primeira vez em que tentam. Mas nunca é fácil de se manter um sen...