51 - O começo do desastre.

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Bia

16 de fevereiro de 2017

O ciúme é tratado muitas vezes como banal hoje em dia, mas digo por experiência própria que o ciúme pode destruir uma relação que é considerada mais forte do que uma rocha do dia para a noite.

Em toda a nossa relação, afirmo e reafirmo que eu e o Pedro discutimos várias vezes por conta de ciúmes. Na maioria dessas vezes, foram discussões bobas e não demorávamos muito para nos acertarmos.

Porém, naquela vez foi diferente. Muito diferente. E para piorar, tudo aconteceu tão rápido e por tantas razões juntas que eu não consegui evitar e quando percebi, tudo já estava virado de ponta cabeça. Foi, sem dúvidas, a pior época da minha vida.

Tudo começou numa quinta-feira. Dia 16 de fevereiro para ser mais precisa. Eu não esqueço, mesmo depois de tanto tempo, porque dizem que essas memórias, mesmo que ruins, nunca são apagadas da nossa mente.

Naquela manhã, eu resolvi fazer uma caminhada pela orla da praia. Desde que descobri que estava grávida, comecei a sentir preguiça de caminhar pelas manhãs e acabei abandonando o hábito. O grande problema nisso era que estava prejudicando minha saúde e por consequência, a saúde do meu bebê. Segundo minha médica, eu não poderia deixar isso acontecer.

Pedro já tinha saído para a faculdade, então tomei meu banho, me vesti com a roupa mais fresca que encontrei e tomei café, sozinha. Aquilo já tinha virado uma rotina, sempre acontecia, exceto nos finais de semana. E por mais que eu não implicasse com isso porque sabia que ele tinha deveres a serem cumpridos, me sentir sozinha não era legal.

Saí para caminhar com a Biscoito e o Buddy me fazendo companhia. O cheiro de maresia e a brisa vinda do mar não demoraram muito para apareceram e trazerem uma sensação de tranquilidade junto com eles. Eu estava com uma sensação ruim, de inquietação e não sabia da onde isso vinha.

Me sentei em um dos bancos de madeira que ficam no calçadão e ali fiquei por longos minutos, apenas observando a magnífica paisagem que a natureza estava me oferecendo. Às vezes, eu gosto de ir para algum lugar e ficar vendo o horizonte, sentindo o vento quente bater no meu rosto e o calor do sol beijar minha pele.

A praia estava calma, somente algumas pessoas caminhavam pela areia e aproveitavam o sol, devido ao fato de ser um dia de semana. O sol queimava minha pele com força, então peguei um protetor solar pequeno que eu levava na minha bolsa para não ficar parecendo um camarão humano.

Depois do que eu penso ter se passado uma hora, decidi ir embora. Porém, assim que me levantei, trombei com uma pessoa sem querer. Essa pessoa carregava vários folhetos e por causa da nossa trombada, todos os folhetos foram parar no chão.

Eu me agachei rapidamente para recolher os folhetos da pessoa e ela fez o mesmo. Quando todos os folhetos foram recolhidos, nós dois nos levantamos e foi naquele instante que o maior rebuliço da minha vida começou.

Simplesmente porque ele era lindo.

Não tão lindo quanto o Pedro, mas era bem bonito e eu não consegui evitar dar uma olhada nele. Eu tenho olhos, poxa. Olhar não tira pedaço e nem dá culpa. Ele também olhou para mim. E sorriu.

-Desculpa, foi sem querer. – Eu disse, me sentindo realmente arrependida. Eu podia ter estragado

-Tudo bem, não precisa se preocupar. Eu ia te oferecer o folheto, mas eu tropecei no seu cachorro e você levantou na mesma hora. Mas não foi sua culpa. De qualquer jeito, aceita o folheto?

Eu costumo ignorar os folhetos que me oferecem na rua – uma mania muito feia por sinal – mas resolvi aceitar para não parecer chata. Peguei o folheto e li as informações contidas nele, vendo que se tratava de uma propaganda para cursinho pré-vestibular. E eu imediatamente me interessei.

Eu Te Amarei - Completo e RevisadoOnde histórias criam vida. Descubra agora