Capítulo 14- Nua

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"Afinal quantas lagrimas são necessárias para se afogar um coração?" -Guilherme.

A alma grita e pede socorro, mas só quem é capaz de enxergar por de trás de uma tempestade pode de ver o quão despedaçada e marcada essa alma esta . A vida é cheia de obstáculos, e provações, onde se perde tudo... Amor próprio, confiança em si mesmo e determinação em terminar as coisas que se ama.

Ela corria pelas ruas da cidade, tudo ao seu redor perdia a cor e ficava embaçado pelas lagrimas que escorriam pelos seus olhos. Os últimos dias pareciam bons de mais para ser verdade. A vida nunca lhe sorriu por completo, porque o faria dessa vez?

A porta da frente bateu com força e ela continuou a correr até se trancar no seu esconderijo particular, os gritos ecoavam pelas quatro paredes daquele ambiente, gritos que por muito tempo foram guardados e que naquele momentos extravasavam por sua garganta.

Seus corpo caiu sobre o colchão e sua mente vagou nas ultimas vezes que se sentiu assim...

Flash Back...

As noites pareciam mais frias e vazias, o lado da cama permanecia ocupado, mas todo o resto já havia ido embora. Meses se passaram após a cirurgia que marcou sua vida, sua pele e a sua alma.

A primavera não tinha mais vida, e todas as cores ao seu redor eram apenas derivações de cinza, seu ventre vazio e seco, sua alma marcada, seu casamento condenado ao fracasso, e os sonhos virando pesadelo escorrendo por seus dedos.

As mãos dela tocaram no braço dele tentando se lembrar da ultima vez em que estiveram juntos, em que se amaram sem amarras sem obrigações matrimonias, quando ele era dela e ela era dele...

Sua mente vagou pela menina apaixonada que ela era, para a mulher forte que se tornou. Vagou e vagou e se perdeu... Aonde foi que o amor começou e aonde se perdeu? Nas infinitas brigas pelo matriarcado que reinava naquela casa? Na doença que levou a vida do primeiro filho e uma parte importante do seu corpo? Ou muito antes disso, será que o amor se quer existiu entre eles? Ou era a ilusão e fascinação de alguém a querer, e ser capaz de enxergar por de trás da garota 4 olhos a mulher sensacional que ela viria a se tornar?

Seja qual for a resposta, ali estavam eles, juntos mas separados, juntos mas distantes... Juntos?

Os olhos dele encontraram os dela e tentou sorrir. Não podia negar que gostava muito da mulher que encarava, aprendeu com o tempo a gostar, por mais eu seus amigos achassem que o estava punindo o jogando em uma aposta com o "Patinho feio" da escola, Daniel foi capaz de conhecer e se encantar pela jovem Mills. Admirava sua força, sua beleza e determinação, via vida nela, e poder vê-la crescer e se transformar em uma linda mulher, era um privilegio para poucos.

Mas mesmo contudo que viveram, não conseguia toca-la, não conseguia mais deseja-la, ela não irradiava mais luz como antes, aquele tapa que receberá da vida tinha atingido mais Regina, do que Daniel imaginou que o faria.

Seus cabelos curtos, seu seio ainda não recuperado, sentia pena dela, sentia pena de si mesmo... Regina nunca mais voltaria a ser como antes, e era questão de tempo para que enfim se entregasse ao nada.

A água caia sobre seu corpo e ela esfregava o sabonete com toda força que possuía, como se pudesse se punir por todas as acusações que ouvira. Em sua cabeça a voz de Daniel gritava, a morena não queria se render e acreditar que aquilo era verdade, mas era fraca demais para confiar em si mesma, e no sentimento que Robin dizia ter por ela.

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