O dia amanheceu, descemos para ir tomar café, como vovó sempre dormia fora eu tomava café numa padaria na esquina de casa, estava indo com as meninas para a porta quando escuto um barulho estranho na cozinha, vovó estava lá, com uma mesa de café linda, cheia de pães, frutas e bolos, um verdadeiro banquete.
- Que isso vó? – perguntei.
- Café da manhã querida! - ela disse.
- Eu sei, só me surpreendi, faz tempo que não fazemos isso.
- Por isso mesmo, não quero que pense que me esqueci de você, vou ficar um pouco mais por aqui, com você, por que te amo. - ela disse e veio ao meu encontro para abraçar-me, acho que tudo aquilo foi como um pedido de desculpas, ou uma forma dizer que se importava comigo, apesar de não ser lá essas coisas, senti que ela estava fazendo de coração, então aceitei, mas isso não mudava a minha curiosidade de saber por onde ela andou esse tempo todo.
- Sem querer estragar o clima vó e neta aqui, mas vamos nos atrasar. - disse Alisson.
- Sim querida, podem se servir, e não se preocupem, eu deixo vocês lá. - disse vovó.
Comemos, nos arrumamos e entramos no carro para ir a escola, era impressionante como vovó estava diferente, tão... Diferente. Ela nos deixou bem na porta da escola.
- Tchau vó até mais tarde. - eu disse.
- Tchau querida, boa aula. - disse ela, e saiu.
As primeiras duas aulas eram do professor Jhon (as melhores aulas), que nem eram mesmo aulas, porque que como já estávamos no finalzinho, tudo o que falávamos era sobre a formatura e faculdade.
- Estamos chegando ao final de mais um ano pessoal, e estou muito agradecido por ter visto vocês crescerem e se desenvolverem mesmo que tenha sido por míseros sete meses, amo cada um, são verdadeiros filhos e filhas que eu adotei, e jamais esquecerei, tivemos alguns tropeços, mas não queria mesmo ser um professor bonzinho, por que não quero ser o primeiro a ser lembrado, mas o último a ser esquecido. - disse o professor.
- E será! - disse Alisson
- Mas mudando de assunto agora, ainda não escolhemos nosso orador ou oradora da turma, alguém se candidata? - ninguém se manifestou. - Já que não temos candidatos faremos um sorteio.
- Duvido o nome da chatinha da Vitória não sair, ela sempre está metida nessas coisas. - sussurrei para Kelly.
- Quer ajuda querido professor? - disse Vitória com aquela voz insuportável.
- Claro, me ajude por favor, segure a caixa e pegue um papel para mim. - disse o professor.
Ela colocou mão dentro da caixa e puxou um papel, lentamente o professor desdobrou, estava curiosíssima para saber quem seria o orador ou oradora da turma, mas tinha quase certeza que uma das patricinhas será a oradora, fazem de tudo pra aparecer. O professor pede a Vitória que leia o nome escrito no papel, primeiro ela lê para si e faz um cara de nojo e recita para a turma:
- Anne Évans!
- O que?! - Quase não acreditei, como eu poderia ter sido a escolhida? Não sou boa com discursos, ainda mais em público! Sim, eu faço umas redações e textos até bonitos, gosto muito de fazer isso, mas, ler? Recitar? Falar pra uma multidão? Só eu mesmo pra me meter nessas situações.
- Que surpresa mais agradável pequena Anne, estou ansioso para ouvi-la. - disse o professor.
- Só pode ter sido um engano professor, e mesmo se não foi não sou boa com essas coisas, é mais fácil eu fazer... Nada, deixa pra lá. - comecei a sorrir. - Tantas outras pessoas excelentes aqui, poderia botar uma delas ao invés de mim.
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Noites de Prata
RomanceAnne Évans, uma menina de 17 anos cheia de vida. Órfã de mãe, pai que nunca deu o ar de sua graça, ela viveu toda sua vida com sua avó, que sempre zelou e cuidou muito bem dela, mas que depois que cresceu Anne percebeu que sua avó é cheia de mistéri...