Capítulo 26

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Passei à tarde com Max, vim em casa apenas para tomar banho, já estava anoitecendo. Jantei, vesti uma calça e um casaco pois aquela noite estava fazendo muito frio. Fiquei um pouco com vovó, e já umas nove da noite voltei ao hospital. Fui direto para o quarto onde ele estava, o quarto ficava em um dos últimos andares do hospital. Ao lado do quarto tinha uma varanda que ficava com vista para a cidade, coloquei um casaco por cima da roupa de hospital que ele estava vestido, e o levei na cadeira de rodas para a varanda do prédio. Ele estava tão feliz e animado, nem parecia o Max que estava internado há alguns dias atrás. Peguei uma cadeira onde podíamos sentar nós dois juntos, e ali estávamos, perto das dez da noite, esperando o lindo espetáculo dos céus começar.

- Anne, quando eu morrer você não vai ficar igual aquelas loucas que ficam só dentro de casa, andando de meia, chorando e tomando sorvete não né? - ele sorriu

- Claro que não. - sorri. - Mas ainda vou ter meus dias de luto, e você mais do que ninguém sabe como eu fico quando estou triste.

- Sei. - ele sorriu.

- Mas você ainda vai ficar um bom tempo por aqui amor.

- Ninguém controla o tempo. Mas você tem que prometer pra mim que quando eu partir, você por mais difícil que seja, vai se apaixonar e amar alguém novamente, vai viver os seus sonhos, e realizar os nossos mesmo que seja com outra pessoa. Promete que vai se cuidar e não ficar chorando pelos cantos, você vai ter que ficar feliz por mim, por que vou estar em um lugar bem melhor.

- Mas Max...

- Sem mas, você tem que me prometer.

- Eu prometo.

- Ótimo. - ele me beijou.

- Sabe, eu não consigo pensar em como seria as coisas por aqui sem você. Sem o seu sorriso, suas gargalhadas, suas piadas, seus abraços.

- Anne, tudo que vem, um dia tem que ir. Coisas boas se vão para dar lugar a coisas ainda melhores, tudo tem o seu proposito, o seu motivo, o seu destino.

- E por que o nosso destino não é ficar juntos para sempre?

- Por que nada material neste mundo dura para sempre, talvez o seu destino seja outro, assim como o meu, eu estou no final da minha carreira de vida, aprendi muita coisas, vivi o suficiente, e só me arrependo de uma coisa.

- De que?

- De não ter te conhecido antes. - eu o beijei com lagrimas e tudo, pois já não me importava mais com nada.

- Começou. - ele sussurrou olhando e sorrindo para o lindo céu, e encostou a cabeça em meu ombro.

Era incrível ver como ele estava feliz, sorridente, era como se o mundo não existisse, como se não existisse dor, nem sofrimento, nem lagrimas ou prantos, como se sempre houvesse uma esperança, uma luz no fim do túnel. E ali estávamos nós, dois loucos apaixonados, assistindo a ultima noite de Silver Nights, que assim como o nosso amor nasceu, se desenvolveu, foi lindo, e está partindo.

- Canta pra mim de novo. - ele sussurrou, e eu não podia negar. Comecei a cantar uma musica muito bonita da Luiza Possi, que sempre que eu escutava me fazia lembrar coisas boas.

Além do arco-íris

Pode ser

Que alguém

Veja em meus olhos

O que eu não posso ver

Além do arco-íris

Só eu sei

Que o amor

Poderá me dar tudo que eu sonhei

Um dia a estrela vai brilhar

E o sonho vai virar realidade

E leve o tempo que levar

Eu sei que eu encontrarei a felicidade

Além do arco-íris

Um lugar

Que eu guardo em segredo

Que só eu sei chegar

A luz do arco-íris

Me fez ver

Que o amor

Dos meus sonhos

Tinha que ser você....

- Eu tenho que ir. – ele sussurrou enxugando as lagrimas.

- Eu sei amor que você vai, mas vamos deixar isso pra quando você for ta bom?

- Não Anne, eu estou indo, agora.

- Como assim agora! Não, você não pode ir! Não pode me deixar! - eu comecei a chorar desesperada.

- Shii... Por favor, eu também estou sofrendo por isso, mas não torne as coisas mais difíceis. Eu tenho que ir, estou ciente de que o amanhã já não existirá para mim, não quero que nosso ultimo momento seja assim, sofrido, por que com você eu sou feliz. - ele me abraçava e chorava, e eu não conseguia me acalmar, eu me sufocava em meio às lagrimas. Depois de um tempo de choro ali ele me disse:

- Olhe o céu. - olhei - Todas as lindas estrelas estão lá, cada uma com sua historia. Eu partirei, mas não te deixarei sozinha, no momento em que eu partir, eu me tornarei uma delas, lá do alto protegerei você, e todas as vezes que olhar para o céu, ou assistir uma noite de Silver Nights se lembre de mim, quando se sentir sozinha, sentir que ninguém te ama, lembre que uma daquelas estrelas sou eu, e que um dia eu te amei muito, e continuo te amando, minha estrela Anne, a mais linda e bela, a minha princesa Bela. -eu o abracei com todas as forças que tinha, o beijei, e chorei, era quase impossível conter as lagrimas.

Ficamos ali, um bom tempo, estávamos de mãos dadas, ele encostou sua cabeça em meu ombro, eu tentava não chorar mais, apenas as lagrimas caiam, por que eu não tinha forças nem para segura-las.

- Eu te amo Max. - eu disse baixinho.

- Eu te amo meu amor. - ele sussurrou. Sua mão que estava segurando a minha começou a se soltar devagar, sua cabeça começou a pesar.

- Meu amor você está bem? - ele não respondia, apenas balançava a cabeça como se estivesse tonto. Corri e gritei uma enfermeira que estava perto, rapidamente trouxeram uma maca e o colocaram nela, eu me aproximei dele chorando muito, ele olhou para mim e disse:

- Eu sempre te amarei.

Depois disso ele não disse mais nada, não expressou movimento algum, e o levaram. Eu não sabia o que fazer, eu sabia que tinha de ser forte, eu sabia o que iria acontecer, mas dentro de mim ainda tinha aquele 1% de esperança que resta, mesmo que não significasse nada. Fui para a sala de espera, olhava para Mag com seus olhos inchados e cansados, Maria que dormia em seu colo, Joe que era o mais animado de todos estava serio, andava de um lado para o outro com os olhos preocupados. Um médico veio até nós.

- Por favor, doutor como está o meu filho? - Joe perguntou com a voz rouca e cansada.

- Infelizmente... - meu coração acelerou. - O paciente não resistiu, e veio a óbito.

# Oi Oi genteeeee

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Bjs e até o próximo capitulo. :* 

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