Na sala de jantar da casa na colina mais alta da cidade, Byron e Gisell jantavam um verdadeiro banquete. Ela, acostumada aos hábitos finos da corte de Den-u-tenbergo, comia pouco e regularmente agradecia a hospitalidade do mago.
--- Eu que fico muito feliz em tê-la conosco, cara Gisell. --- Dizia ele, em retorno. --- Confesso que estou curioso. Como vocês, magos, agem em Den-u-tenbergo?
--- Há gerações que lideramos o povo. --- Respondeu ela, com um notável orgulho na voz. --- Nossa cidade é produtiva como nenhuma outra, e temos orgulho de pertencer a uma grande família.
--- Este é certamente um belo discurso. --- Replicou ele, sorrindo. --- Gostaria que pudéssemos sentir desta forma por aqui.
--- Tenho certeza de que não é por acaso que conseguimos isto. Nosso esforço estende-se através das eras de Heelum!
--- Infelizmente esta cidade ainda guarda rancores de um de nossos magos.
--- Compreendo. Não omitirei nada, Byron. Devo confessar que às vezes temos pulso forte ao cuidar do nosso lugar.
--- Mas é necessário, minha cara. --- Concordou ele, compreensivo. --- Tão necessário como a união daqueles preocupados com o bem-estar dos povos.
--- Ora, Byron, rodeios são lisonjeiros, mas não ligeiros; é o que se diz em minha cidade. Sei que agora você já mudou de assunto completamente!
--- Se a senhora não se importa... Já acabou seu jantar?
--- Sim. Estava estupendo. Muito obrigada.
Byron fez um sinal com a mão esquerda e dois empregados encostados à parede começaram a retirar os pratos, os talheres, os copos e as travessas. Ele estava sentado em uma ponta da mesa de oito lugares, com ela na outra.
--- Não é perigoso deixar que os empregados ouçam à conversa? --- perguntou Gisell, desconfiada.
Byron sorriu, divertindo-se com a pergunta.
--- Eles são fiéis o bastante. Agora, vejamos se temos em mente ainda o mesmo acordo. --- Ele se arranjou na cadeira, com a postura mais reta, e juntou as duas mãos sobre a mesa. --- Prima-u-jir possui muitos produtores de laranjas e de pêssegos. Muitos desses produtores estão dispostos a vendê-los para Den-u-tenbergo, eu mesmo inclusive, a um preço módico.
--- Que os comerciantes de lá podem cobrir para o povo. Não temos um solo muito bom lá, Byron, e nossa experiência nos ensinou muito bem a aproveitar o pouco que temos.
--- E o pouco que têm muito nos interessa, Gisell, pois vocês têm minérios.
--- Não podemos trocar um minério por laranja, é claro. --- Disse Gisell, com um sorriso transversal no rosto. --- Mas mesmo a uma taxa diferente, a troca será conveniente para as duas cidades.
Byron reclinou-se.
--- O acordo tratará de diminuir os preços de venda, mas não cobrirá o preço do transporte. Basta sermos nós a fazer isso e ganharemos na transação.
Gisell balançava a cabeça, em um movimento quase imperceptível de tão pequeno.
--- Como funcionará a aprovação disto em Prima-u-jir, Byron? Isto você ainda não disse.
--- Não tão simples e direta como em Den-u-tenbergo. --- Disse ele, com um ar de preocupação. --- Aqui temos um mestre e nove parlamentares. Eu trouxe você porque amanhã teremos a última rodada de argumentos, que é como chamamos as discussões antes de votar em uma lei ou um acordo como este. E ainda enfrentamos resistência, minha cara...
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A Aliança dos Castelos Ocultos
FantasyNa série Controlados, a magia está em todo lugar. Os magos podem alterar os seus sentimentos, os seus pensamentos ou comandar as suas atitudes. Não se pode confiar em ninguém. No primeiro volume da série, A Aliança dos Castelos Ocultos, Heelum está...