Capítulo 22 - As sutilezas do interesse

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Na sala de jantar da casa na colina mais alta da cidade, Byron e Gisell jantavam um verdadeiro banquete. Ela, acostumada aos hábitos finos da corte de Den-u-tenbergo, comia pouco e regularmente agradecia a hospitalidade do mago.

--- Eu que fico muito feliz em tê-la conosco, cara Gisell. --- Dizia ele, em retorno. --- Confesso que estou curioso. Como vocês, magos, agem em Den-u-tenbergo?

--- Há gerações que lideramos o povo. --- Respondeu ela, com um notável orgulho na voz. --- Nossa cidade é produtiva como nenhuma outra, e temos orgulho de pertencer a uma grande família.

--- Este é certamente um belo discurso. --- Replicou ele, sorrindo. --- Gostaria que pudéssemos sentir desta forma por aqui.

--- Tenho certeza de que não é por acaso que conseguimos isto. Nosso esforço estende-se através das eras de Heelum!

--- Infelizmente esta cidade ainda guarda rancores de um de nossos magos.

--- Compreendo. Não omitirei nada, Byron. Devo confessar que às vezes temos pulso forte ao cuidar do nosso lugar.

--- Mas é necessário, minha cara. --- Concordou ele, compreensivo. --- Tão necessário como a união daqueles preocupados com o bem-estar dos povos.

--- Ora, Byron, rodeios são lisonjeiros, mas não ligeiros; é o que se diz em minha cidade. Sei que agora você já mudou de assunto completamente!

--- Se a senhora não se importa... Já acabou seu jantar?

--- Sim. Estava estupendo. Muito obrigada.

Byron fez um sinal com a mão esquerda e dois empregados encostados à parede começaram a retirar os pratos, os talheres, os copos e as travessas. Ele estava sentado em uma ponta da mesa de oito lugares, com ela na outra.

--- Não é perigoso deixar que os empregados ouçam à conversa? --- perguntou Gisell, desconfiada.

Byron sorriu, divertindo-se com a pergunta.

--- Eles são fiéis o bastante. Agora, vejamos se temos em mente ainda o mesmo acordo. --- Ele se arranjou na cadeira, com a postura mais reta, e juntou as duas mãos sobre a mesa. --- Prima-u-jir possui muitos produtores de laranjas e de pêssegos. Muitos desses produtores estão dispostos a vendê-los para Den-u-tenbergo, eu mesmo inclusive, a um preço módico.

--- Que os comerciantes de lá podem cobrir para o povo. Não temos um solo muito bom lá, Byron, e nossa experiência nos ensinou muito bem a aproveitar o pouco que temos.

--- E o pouco que têm muito nos interessa, Gisell, pois vocês têm minérios.

--- Não podemos trocar um minério por laranja, é claro. --- Disse Gisell, com um sorriso transversal no rosto. --- Mas mesmo a uma taxa diferente, a troca será conveniente para as duas cidades.

Byron reclinou-se.

--- O acordo tratará de diminuir os preços de venda, mas não cobrirá o preço do transporte. Basta sermos nós a fazer isso e ganharemos na transação.

Gisell balançava a cabeça, em um movimento quase imperceptível de tão pequeno.

--- Como funcionará a aprovação disto em Prima-u-jir, Byron? Isto você ainda não disse.

--- Não tão simples e direta como em Den-u-tenbergo. --- Disse ele, com um ar de preocupação. --- Aqui temos um mestre e nove parlamentares. Eu trouxe você porque amanhã teremos a última rodada de argumentos, que é como chamamos as discussões antes de votar em uma lei ou um acordo como este. E ainda enfrentamos resistência, minha cara...

A Aliança dos Castelos OcultosOnde histórias criam vida. Descubra agora