Capítulo 53 - Ataque-me

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--- Eu já disse. Foi o Alex.

Galvino, Tadeu e Eva sentavam-se nas cadeiras prateadas, diminuindo a luz dos minérios vermelhos nelas cravejados. Tomavam desjejum em um quase-silêncio que se tornara regra nos últimos três dias. Tadeu suportou tudo pacientemente --- não tinha outra escolha; o que quer que dissesse era encarado com desconfiança, e qualquer coisa a mais o denunciaria sem esperanças de recuperação.

Galvino abriu o pão de trigo e arrancou uma porção generosa do miolo amarelado com a mão, colocando no lugar um omelete laranja e verde, espalhando-o com uma colher. Tadeu balançou a cabeça para os lados; aquele era o dia em que deveria encontrar Amanda, mas ainda não podia sair de casa.

--- Você não... Está nem ouvindo... --- Reclamou Tadeu em baixo tom.

--- Você viu o Alex? --- Perguntou Galvino, ainda concentrado na refeição.

--- Sim. Eu fui o único que vi porque vocês estavam preocupados em lutar...

--- E ele faria tudo isso apenas para irritar você. Correria tantos riscos, em um dia chuvoso, apenas para pregar uma peça.

--- Ele já começou tudo mentindo pra você antes da chuva. Você não conhece ele, eu sei que ele faria isso.

--- Eu conheço o pai dele. A família dele.

--- Você é meu pai. --- Comentou Tadeu, sem ter encostado um dedo em qualquer um dos alimentos à mesa. Eva comia pouco também, ouvindo a discussão com a já clássica apatia. --- Se não confia em mim não deve ser confiável também...

Galvino não repreendeu o filho. Tadeu ainda pensara em perguntar por que o pai jantava com Barnabás antigamente de maneira tão frequente, mas concluiu que se o plano era desbancar a ideia de que tinha algum sentimento por Amanda, uma pergunta desse tipo não ajudaria.

Havia outras perguntas que ele preferia perguntar. Que provavelmente sairiam boca afora quer ele quisesse ou não.

--- Para onde quer ir?

--- Ninguém me disse como você estava dentro do meu castelo, mãe.

--- Para onde quer ir, Tadeu? --- Reforçou o pai, como se nada tivesse ouvido.

--- O único jeito de entrar é pela porta, foi isso que você me disse, pai, e...

Galvino apontou para o filho com o dedo indicador firmemente ereto.

--- Esta é a sua última chance. Para onde quer ir hoje à tarde?

Tadeu suspirou, evitando devolver o olhar frio do pai.

--- Para a aula de cultivo.

Galvino voltou a se concentrar no pão, balançando a cabeça de um jeito sutil demais para que Tadeu entendesse a resposta.

***

A voz que pronunciava uma saudação elaborada morreu num abraço forte logo depois de surgir.

--- ... Você conseguiu vir! Eu fiquei com tanto medo, Tadeu...

--- Eu também.

--- Não sabia do que aconteceu com você depois, eu só...

--- Eu estou bem. --- Disse Tadeu, sugerindo que sentassem no chão. --- Como você fez aquilo?

--- Eu berrei. --- Respondeu ela, rindo. --- Eu não conheço nenhuma técnica, então... Eu só queria fazer alguma coisa louca para chamar a atenção.

A Aliança dos Castelos OcultosOnde histórias criam vida. Descubra agora