Capítulo 55 - Lutar por alguém

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—- Você... Quer?

Tadeu imaginou que Amanda fosse ter paz ao satisfazer qualquer senso de justiça que ela havia desenvolvido ao invadi-lo.

—- Não é o que você queria?

—- Não, é só que não é o que você queria... —- Respondeu ela, diminuindo a velocidade ao longo da frase.

—- Eu só... —- Disse ele, segurando as duas mãos dela com um um carinho que quase o fez hesitar. —- Percebi que é o certo a fazer.

—- Tudo bem. —- Disse ela, parecendo ainda procurar por uma centelha de novidade em seus olhos, que não hesitavam. —- Eu vou abrir a porta para você.

***

Quando Galvino chegou, Tadeu andava de um lado para o outro, visivelmente perdido em pensamentos. Ele poderia apostar que ele estaria em Neborum, mas achou uma aposta muito arriscada.

—- O que foi, Tadeu?

—- Oi, pai. Eu quero perguntar uma coisa.

—- Você não parece bem.

—- Eu queria saber se...

—- Acalme-se. —- Galvino levantou a mão, interrompendo-o, e logo transformou o sinal de parada em um convite para que ele se sentasse. O fogo ardia na lareira; ele não podia estar daquele jeito por causa do frio. —- Pergunte.

—- Antes de começar a aula eu queria saber se existe alguma técnica para fazer alguém gostar de outra pessoa. E se você podia me ensinar.

Galvino sentou-se em frente ao filho e, sem tirar os olhos dele durante todo o processo, respirou pesadamente antes de começar a responder.

—- Existem... Muitas técnicas quanto a isso, meu filho, mas não vou lhe ensinar nenhuma.

—- Por que não? —- Perguntou Tadeu, franzindo o cenho.

—- Você não está pronto. —- Disse ele, fazendo cair o olhar do aprendiz. —- Sim, Tadeu, essa é a realidade. Técnicas dessa natureza são complexas demais.

—- Por quê? O que é preciso para dar certo?

—- Não vou lhe dizer, Tadeu, não insista. —- Reforçou Galvino. —- Mas posso explicar por que elas não são simples.

Tadeu não piscava enquanto apertava uma mão com a outra, com os dois antebraços sobre as pernas.

—- Pessoas que não são magas, Tadeu, e até mesmo os magos que não sentem a sua presença no castelo deles... Eles podem não lutar contra você enquanto você os ataca, mas não significa que sua técnica terá o efeito que espera.

—- C-como assim?

—- Você pode controlar as pessoas de muitas formas, Tadeu. —- Galvino ajeitou-se, voltando a encarar o filho com mais proximidade. —- Mas elas também podem resistir. Você pode tentar fazer com que eu sinta vontade de me jogar na lareira, mas não significa que eu vá fazer isso.

—- Mesmo que você tenha vontade...

—- Sim, mesmo que eu tenha muita vontade, eu ainda posso vencer se acreditar naquilo que eu penso.

—- Funciona com todas as tradições?

Galvino meneou a cabeça, calculando as palavras.

—- Sim... Você pode resistir a uma técnica preculga se acreditar no que você sente, e tudo aquilo que você sente e pensa pode fazer você resistir ao que um espólico queira que você faça. Tudo depende de muitas coisas. Depende do mago também. Da força dele, no caso dos espólicos, mas também da discrição, por exemplo.

A Aliança dos Castelos OcultosOnde histórias criam vida. Descubra agora