Tadeu abriu a porta e passou os olhos com atenção por todos os cantos da casa. A sala era ampla e alta, com fortes paredes de corvônia. Havia à direita uma grande mesa retangular, em cujas cadeiras de prateados entalhes se encaixavam minérios de luz vermelhos. As duas compridas janelas do lado oposto à entrada eram de um vidro rugoso e vermelho, bem como aquelas à frente da casa, ladeando a porta que Tadeu fechava. Pendurados ao longo da parede esquerda estavam outros três minérios de iluminação, dois amarelos e um azul, intercalados. Acoplada à corvônia ficava uma escada com degraus claros, quase cintilantes, mas um corrimão de madeira escura.
Seus olhos escrutinaram o lugar, desconfiados da ausência do pai. Não sabia o que esperar da primeira aula de magia, ainda mais considerando que seria ministrada por ele; eles iriam para outro lugar? Mais pessoas estariam presentes?
Tadeu ouviu algo; descobriu serem as botas da mãe, que surgiu vagarosamente pela porta que levava à cozinha, trazendo as duas mãos dadas à frente do corpo.
--- Seu pai está esperando. --- Disse ela, encostando-se à moldura da porta.
--- Onde?
Eva acenou com a cabeça na direção de um corredor à esquerda, que começava antes da escada. Tadeu assentiu.
Quando Amanda entrou em casa, um empregado logo veio tirar-lhe a capa. Amanda agradeceu, e ele avisou que seu pai a esperava em uma sala no terceiro andar. Com um sorriso nervoso subiu as escadas, eventualmente pulando dois degraus de uma vez --- evitando certa feita o ranger de uma das tábuas. Chegou rápido à única sala de porta fechada do longo corredor escarlate. Bateu antes de entrar.
A sala, gigantesca e praticamente vazia, estava com as altas e finas janelas abertas para o lado de fora. Além das curvas colunas amarelas que surgiam da parede interna em direção a um teto inatingível, havia na sala uma coleção de almofadas lilases, um par de copos e uma jarra com água. O vento fresco de início de noite dava ao lugar um aspecto relaxante --- exatamente o tipo de coisa de que ela precisava.
--- Boa noite, filha. --- Disse Barnabás, deixando ver um sorriso amável ao voltar-se para Amanda. --- Está tudo bem?
--- Ótimo, pai. Vamos começar?
--- Se você estiver pronta... Por que não?
Ela levantou as mãos, dando um nervoso riso de indiferença.
--- Já que eu não sei o que é estar pronta...
O corredor levava a uma confortável sala que o pai, parado diante de uma lareira, usava para reuniões quando era inasi-u-sana. Era uma sala fria, ainda que ali não houvesse janelas, o que significava que o fogo precisava crepitar. As paredes, por mais uniformemente escuras que fossem --- como, aliás, eram em quase todos os ambientes daquele pequeno castelo --- eram muito bem iluminadas por minérios amarelos, dispostos simetricamente em duas das paredes. No centro do recinto dois confortáveis e luxuosos sofás, longos e com encostos de estofado vermelho, ficavam em cima de um tapete dourado e preto de motivos geométricos. A sala provocava uma sensação saborosa que Tadeu, por mais que não quisesse, achava insuportável.
--- Como tem estado? --- Perguntou Galvino, servindo-se de água. --- Quer um pouco?
--- Não, obrigado. Tenho estado bem.
--- O que tem feito? Por que estava fora?
--- Estava aprendendo cultivo. Plantas, flores... --- Amanda o ensinara algo sobre plantas medicinais. Ele também sabia reconhecer minérios de cura graças a essa conveniente mentira.
Galvino balançou a cabeça, como que aprovando a atividade, e se aproximou da lareira.
--- É um bom lazer, meu filho. A natureza é realmente algo que... Devemos admirar. Melhor ainda, é algo de que devemos tirar lições. --- Fez uma pausa para a água. --- ... Mas a vida dos homens, Tadeu, e especialmente de homens como nós, é mais importante.
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A Aliança dos Castelos Ocultos
FantasíaNa série Controlados, a magia está em todo lugar. Os magos podem alterar os seus sentimentos, os seus pensamentos ou comandar as suas atitudes. Não se pode confiar em ninguém. No primeiro volume da série, A Aliança dos Castelos Ocultos, Heelum está...