--- O que foi aquilo? --- Perguntou Beneditt, entrando na sala dos músicos primeiro.
--- Aquilo o quê? --- Rebateu Leila, ansiosa.
--- Você também viu, Beni. --- Disse Fjor, que, apesar da intenção, não conseguiu articular uma pergunta.
--- Muito bem, Banda Buscando! --- Seimor entrava no corredor seguido do inquieto Leo. --- Era isso que eu queria ver!
--- Isso o quê? --- Fjor estava ainda mais rude do que no primeiro encontro com o agente.
--- A habilidade de entreter um público desinteressado, meu caro baixista. --- Seimor sorria, visivelmente mais contente do que quando veio buscá-los. --- Um show em Novo-u-joss em uma casa de shows é fácil de fazer.
--- Mas não era uma casa de shows qualquer, era o Colher de Limão! --- Respondeu Fjor, quase aos berros.
--- Calma, Fjor! --- Cortou Leo, a voz tão alterada quanto a do irmão. --- Seimor, o q-que é o Mina de Prata?
--- Ora, um bar, um bar qualquer!
--- E aquilo acontece todas as noites num bar qualquer em Jinsel? --- Cortou Fjor.
Leila não sabia mais para onde olhar. Achava que sua única preocupação era se a banda havia sido aprovada ou não, mas agora parecia que aquilo envolvia algo muito maior. Seimor tinha uma feição de profunda confusão no rosto.
--- Do quê você está falando, rapaz?
--- Mataram alguém lá! Um homem enfiou uma espada na barriga de outro num canto do bar! --- Fjor terminou de falar e passou a mão na testa suada, dando as costas para o grupo. Leila não vira nada. Podia ver pela expressão dos companheiros que pelo menos Beneditt vira alguma coisa também.
--- Ah, isso... --- Seimor não parecia surpreso. --- Lamento terem visto isto, eu... Eu não vi. Isto foi uma falha da segurança do bar. Não representa uma ameaça à segurança de vocês.
Leila sentiu-se melhor depois daquela explicação. Todos no ambiente pareceram melhorar também. Seimor olhava para cada um deles, apreensivo, mudando de foco rapidamente.
--- Isso não muda o fato de que viajamos por oito dias a pé pra tocar uma música. --- Disse um Fjor mais calmo, mas ainda ríspido e claramente frustrado.
--- O modo como vieram para cá não tem nada a ver comigo. --- Respondeu Seimor, tão direto e firme quanto Fjor.
--- Ele tem razão, Fjor...
--- Leo!
--- Senhor Seimor, o que vai ser daqui para frente? --- Interrompeu Beneditt, com uma voz cansada. --- O senhor tem interesse em nós ou não?
Leila já havia praticamente esquecido o que quer que havia acontecido ou o quanto foram mal recebidos naquela noite. Leo levantou a cabeça, como se a realidade da pergunta também ofuscasse tudo: seu cansaço, sua fome e o quanto não suportava mais o contato da própria pele com as roupas que vestia. Apenas esperava que tudo aquilo tivesse valido a pena. "Por favor".
--- Conversaremos amanhã. --- Disse Seimor após mais uma rodada de olhares para todos os integrantes da banda. --- Por agora eu levarei vocês a um hotel. Com tudo que merecem. --- Um sorriso largo, mas claramente artificial brotava de seu rosto. Aquele sorriso nunca parecia estar no lugar certo. --- Um bom banho, roupas limpas, camas...
--- Espera. --- Fjor estava cansado das conversas em que sempre era condenado por seu conservadorismo. Odiava ser uma voz de moderação em meio a sorrisos confiantes, e até mais que merecidos, mas precisava ser. --- Seimor, pode... Nos deixar a sós por um instante?
![](https://img.wattpad.com/cover/7093442-288-k565317.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Aliança dos Castelos Ocultos
FantastikNa série Controlados, a magia está em todo lugar. Os magos podem alterar os seus sentimentos, os seus pensamentos ou comandar as suas atitudes. Não se pode confiar em ninguém. No primeiro volume da série, A Aliança dos Castelos Ocultos, Heelum está...