Frustração corria em minhas veias, modificando qualquer sentimento bom que eu pudesse sentir. O ódio por ter algo tomado de mim mesmo eu merecendo era o que mais me afetava nesse momento. Passei sete dias, sete malditos dias dando tudo de mim, atirando e acertando até mesmo bolas do tamanho de azeitonas, e para quê? Para ser rebaixada para segundo tenente... Era muita injustiça, muita vergonha para alguém que se esforçava mais do que qualquer um para conseguir uma patente alta. Tudo por causa daquele capitão esnobe que não sabia nem mirar direito na privada. Não que eu tivesse visto, mas tinha certeza que em alguma coisa ele era ruim. Tinha que ser.
Respirei fundo tentando mandar o rancor embora e nada. Eu estava literalmente fervendo de raiva. Como podia alguém ser tão sem coração?
Qualquer pessoa perceberia que eu dava minha vida pela U.S Navy, como que ele não? Ou talvez só estivesse provando para si mesmo o quanto era durão em ferrar com a vida de uma mulherzinha. Palhaçada, isso que era.
- Você vai ficar remoendo as coisas, Em?
Eu, remoendo? Claro que não, estava mais para "bolando um plano perfeito de assassinato", porque aquele cara não merecia o meu respeito.
- Vamos pro Pub do Píer beber? Você sabe, para comemorar o treino e tudo o mais. Eles acham que dessa forma aliviam o stress que nos causam... E sinceramente, eu fico muito feliz em ter essa noite de folga.
- Eu não quero fazer nada Kat. Só quero dormir e acordar quando o Capitão Hopper não existir mais.
- Alguém já te nomeou rainha do drama Emily? Porque, minha nossa! Você tem talento!
Continuei abraçando meu travesseiro, como se ele fosse meu bote salva vidas e o amor da minha vida ao mesmo tempo. Não queria me divertir... Pelo amor de Deus, eu tinha estragado a chance da minha vida, quem ficaria tranquila com isso?
- Vamos Em! Diversão não é crime, vamos aproveitar pelo menos hoje? Por favor? Sabe que se eu for sozinha serei a única mulher lá e isso é muito irritante.
Ela fez uma cara de inocente e respirou fundo, se lembrando de alguma coisa, que com certeza eu não iria querer saber.
Entendia que era difícil sermos as únicas mulheres na Marinha, ainda mais com uma patente razoável... Mas nós sabíamos muito bem disso quando optamos por seguir essa carreira. Nada tinha sido ao acaso.
- Prometo que não peço mais nada Em! Eu juro!
- O que tem lá Kat? Tenho certeza que você não quer tanto ir só por causa da bebida.
Kat fez cara de ofendida, como se fosse minha obrigação saber das coisas. Eu merecia isso, sem sombra de dúvidas. Uma amiga maluca e que não sabia olhar a hora era tudo o que eu precisava.
- Tudo bem, eu vou, mas por favor, me deixa em paz! Não aguento mais ouvir a sua voz!
- Prometo não falar mais na sua presença! E nunca quebro minhas promessas.
Arrumei-me com a maior vontade do mundo, só que não. Parecia mais que alguém estava me obrigando a fazer aquilo, o que não deixava de ser verdade. Só não sei porque eu ainda ouvia as coisas daquela cabeça de vento...
Chegamos no bar e mais parecia que estávamos novamente no Jean Paul Jones, porque o que mais se viam eram pessoas da Marinha. Um infortúnio na minha opinião, já que eu só queria beber e me deixar afogar em uma caneca de cerveja.
Tecnicamente não chamamos muita atenção quando entramos, afinal, todos já estavam acostumados com a nossa presença "feminina". Se fosse levar em conta o quanto somos graciosas, é claro. O que definitivamente não éramos, pura ironia...
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Austin
ChickLitVocê acha sua vida difícil? É porque não tem Austin Hopper como Capitão. Ele é uma lenda entre os Capitães da Marinha Americana, comanda um dos mais eficientes contra torpedeiros da frota e com certeza não esperava que aquela mulher fosse comandar s...